Cid Gomes falou para editores do O POVO durante cerca de duas horas e meia |
O governador Cid Gomes (Pros), que se licencia do
cargo a partir de hoje para se dedicar inteiramente à campanha do aliado
Camilo Santana (PT) à sua sucessão, faz os ataques mais duros e diretos
ao ex-apoiador e hoje principal candidato de oposição, Eunício
Oliveira. Numa conversa de duas horas e meia com O POVO, na tarde da
última sexta-feira, Cid diz que recusou-se a aceitar apoiar o nome do
peemedebista para liderar sua aliança na disputa de 2014 pelo governo
por ele ter “três defeitinhos”. Um deles, aparentemente o mais grave,
“misturar política com negócios particulares”.
A
conversa tem um balanço altamente positivo sobre os quase oito anos de
governo, um mea culpa quanto ao “defeito” de não saber demitir, quando
reconhecia as frustrações com os resultados na área de segurança, e uma
análise bastante realista do cenário eleitoral. Confira a íntegra:
O POVO – Governador,
o cenário que temos hoje no Ceará é aquele que o senhor projetava
quando de seu primeiro governo, quase oito anos atrás? O Estado será
entregue da forma que o senhor gostaria e imaginava?
Cid Gomes –
Tem vários setores com registro de expressivos avanços e, óbvio,
setores que não estou satisfeito (com o que foi feito), além dos que não
poderiam ser melhores. Vamos tentar descrever aqui um pouco de cada um
deles. Na infraestrutura, por exemplo, em energia, o Ceará oito anos
atrás era um estado 100 por cento importador. Não se produzia aqui
nenhum lote de energia , tínhamos algumas usinas termelétricas que eram
usinas de backup, não havia produção permanente. Ao longo desses oito
anos o Ceará se transformou num estado exportador de energia. Nós
geramos mais de 1.000 megawatts de eólica, somos um dos dois únicos
estados brasileiros que ultrapassaram essa barreira, e temos mais 1.200,
aproximadamente, de térmicas que funcionam permanentemente. Como nossa
demanda, a potência instalada necessária para que tudo rode no Ceará é
algo em torno de 1.500, 1.600 megawatts, estamos conseguindo gerar um
excedente. E todos sabemos o quanto a energia é estratégica e que já
foi, e vez por outra volta a ser, um setor crítico.