São Paulo. As mais recentes pesquisas do Ibope sobre a
corrida presidencial nos oito maiores Estados do Brasil, que concentram
quase 70% do eleitorado nacional, trouxeram más notícias para a
campanha de Marina Silva: a candidata do PSB caiu ou oscilou para baixo
em todos.
São Paulo é o Estado em que a queda foi das mais expressivas: em duas
semanas, a taxa de intenção de votos de Marina passou de 38% para 32%.
Em números absolutos, é como se a candidata do PSB tivesse perdido 1,6
milhão de eleitores, ou 115 mil por dia - o cálculo leva em conta o
tamanho do eleitorado paulista e a taxa de abstenção verificada há
quatro anos.
Apesar do recuo, Marina ainda lidera no maior colégio eleitoral do
País. A presidente Dilma, provável adversária da candidata do PSB no
segundo turno, ficou estagnada, com 25%, enquanto o terceiro colocado,
Aécio Neves (PSDB), subiu quatro pontos percentuais.
Ceará
No Ceará, a queda de Marina foi de seis pontos (de 25% para 19%), mas o
intervalo entre as pesquisas da série é maior: três semanas. No Estado,
oitavo no ranking do eleitorado, Dilma têm 61% - um de seus três
melhores desempenhos no País.
Há um equilíbrio entre as duas adversárias em Pernambuco, Estado onde
Marina herdou a maior parte do eleitorado do ex-governador Eduardo
Campos (PSB), morto em acidente aéreo em agosto, mas que também é um dos
principais redutos do PT e terra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Em uma semana, Dilma manteve os 39%, enquanto Marina oscilou para
baixo, de 40% para 38%.
Na Bahia, quarto maior eleitorado, Marina tinha 28% das preferências há
duas semanas - agora, a taxa passou para 23%. Lá, Dilma oscilou de 50%
para 52% e ampliou a vantagem sobre a adversária de 22 para 29 pontos.
A candidata do PSB também perdeu pontos no Rio de Janeiro, em Minas
Gerais, no Rio Grande do Sul e no Paraná. Na última pesquisa nacional do
Ibope, divulgada na terça-feira, a candidata do PSB oscilou de 30% para
29% em uma semana.
Conjunto
A consolidação das pesquisas do Ibope em todas as 27 unidades da
Federação resulta em uma amostra nacional de 30 mil entrevistas - que
foram devidamente ponderadas de acordo com o tamanho do eleitorado de
cada Estado e a respectiva taxa de abstenção na eleição de 2010. Essa
amostra expandida aponta Dilma com 37%, Marina com 27% e Aécio com 17%.
Por essa projeção, a candidata do PT terminaria o primeiro turno com 43
milhões de votos, contra 32 milhões da concorrente do PSB e 20 milhões
do tucano. Mas, como a evolução das intenções de voto têm mostrado,
esses números devem mudar até o dia da eleição. A pesquisa mais antiga
entre as 27 unidades foi feita em 1º de setembro, em Sergipe, e as nove
mais recentes, na segunda e terça-feira passadas. Foram os casos de
sondagens em alguns dos maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas,
Rio, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará - além de Santa
Catarina e Distrito Federal.
Embate econômico
As questões econômicas dominaram ontem o debate nas candidaturas que
aparecem em primeiro e em segundo lugar nas pesquisas de intenção de
voto.
A presidente Dilma rebateu a tese de que o Brasil precisará passar por
um "ajuste fiscal grande" para reequilibrar as contas públicas,
defendida por integrantes do grupo que assessora Marina. De acordo com
Dilma, a proposta de "choque fiscal" na economia brasileira é "perigosa e
extremamente eleitoreira" e Marina apresenta um modelo de política
econômica "liberal e conservador".
"Nós não acreditamos em choque fiscal, isso é uma forma incorreta de
tratar a questão fiscal no Brasil", disse pouco antes de participar de
uma caminhada em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia.
Já a presidenciável do PSB afirmou que o represamento de preços para
segurar a alta da inflação, feito pelo governo Dilma, é uma
"irresponsabilidade para o Brasil" e tem que ser resolvido pela própria
petista.
Marina afirmou que, se eleita, teria como meta uma inflação de 4,5%. A
ex-senadora voltou a criticar a presidente quando foi indagada como
atingiria o objetivo. "Uma medida importante não será tomada por mim,
será tomada pela sociedade brasileira. Escolher um presidente da
república que recupere a credibilidade para que esse país volte a ter
investimento", disse.
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