Armazém da Conab em Iguatu, ontem de manhã, deu início à estocagem
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
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Iguatu. Os quatro últimos meses do ano são de
agravamento da estiagem em decorrência da elevação da temperatura, maior
consumo de água e ausência de chuvas. No sertão, as reservas hídricas
estão secando e os criadores enfrentam enormes dificuldades. São três
anos seguidos de seca que castigam os produtores rurais. As chuvas foram
insuficientes para recarga dos reservatórios no Nordeste. Diante desse
quadro, no Interior do Ceará aumenta a pressão por alimentação do
rebanho (milho e capim). A demanda é maior do que a oferta. Para
amenizar o quadro, armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) no Interior do Estado já começam a receber novas remessas de
milho. É o caso de Iguatu, onde trabalhadores descarregaram sacas na
manhã de ontem.
Até o fim deste mês devem chegar 9.336 toneladas de milho pelo Programa
Venda em Balcão Especial e 3.000 toneladas destinada a modalidade
regular, totalizando mais de 12 mil toneladas para o Estado. Há garantia
de até dezembro próximo, o Ceará receber mais 33 mil toneladas do
programa especial e mais três toneladas do sistema normal.
"O aviso de contratação deve ser publicado nesta semana", disse o
superintendente da Conab no Ceará, Jorge Fontelles. A Companhia está
ampliando a fiscalização no Programa Venda em Balcão, modalidade
especial, que tem preço subsidiado e comercializa milho para 48 mil
produtores cadastrados, em municípios em situação de emergência. O
esforço é para evitar desvio do produto para as mãos de atravessadores.
Segundo Fontelles, equipes de fiscalização estão percorrendo os oito
escritórios regionais e pólos avançados no Interior com o objetivo de
coibir possíveis ações de atravessadores. "O maior fiscal é o próprio
produtor", disse. "O nosso esforço é para atender a todos que necessitam
e o Ceará é o Estado que mais recebeu o produto, na região Nordeste".
Ele frisou que o esforço da fiscalização é para amenizar as
dificuldades dos criadores. "Queremos coibir a presença de
atravessadores, pois os produtores sofrem para manter o rebanho no
campo", disse. "Com transparência, vamos fornecer os grãos para quem
realmente necessita". O número de produtores cadastrados no programa
passou de 4.500, em 2010, para 48 mil, neste ano. O crescimento exige
maior oferta do produto, mas o ritmo ofertado não acompanha a demanda.
Nos últimos seis meses, a Conab no Ceará recebeu 28 mil toneladas,
segundo dados da Companhia.
"Este é um ano típico, pois tivemos a Copa do Mundo e vivenciamos um
período de eleições gerais", observou Fontelles. "Tudo isso traz
dificuldades para o transporte e realização de leilões de compra dos
grãos". O superintendente ainda lembrou que há dificuldades de
contratação de frete para o Nordeste a partir dos centros produtores que
dão preferência para contratos de carga de soja.
A saca de 60 quilos do milho no Venda em Balcão Especial custa R$ 22,10
e na modalidade regular, R$ 35,00. Desde o ano passado, a Conab reduziu
o limite da cota de venda para atender um maior número de criadores. O
fornecimento é limitado a 50 sacas por produtor.
Jorge Fontelles rebate críticas de possível falta de planejamento
mediante o agravamento da estiagem no Nordeste. "Houve um aumento
significativo da demanda em relação ao fluxo de oferta, mas não há falta
de planejamento", observou. "A Conab usa estoques reguladores ou faz
compra por meio de leilões, via Bolsa, com antecedência, mas tudo isso
depende do mercado, da oferta. Se não ocorre a venda é preciso reeditar
portarias e isso demanda tempo", explica.
O então secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, que
atualmente está afastado da função, informava que o Ceará precisava de
uma oferta de 30 mil toneladas de milho por mês para atender a demanda
dos criadores. O Estado chegou a receber 30 mil toneladas enviadas pelo
governo federal, mas havia uma expectativa de receber mais 60 mil
toneladas no decorrer deste ano, o que acabou não ocorrendo. Era um
compromisso da presidente Dilma Rousseff ao visitar o Ceará.
Desde o ano passado que criadores reclamam no Interior por mais milho
para alimentar o rebanho. Algumas cidades permanecem até seis meses ou
mais sem receber os grãos, como foi o caso do município de Cariús, na
região Centro-Sul do Ceará.
Mais informações
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Superintendência no Ceará
Fone: (85) 3252.1722 ce.sureg@conab.gov.br
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Superintendência no Ceará
Fone: (85) 3252.1722 ce.sureg@conab.gov.br
Honório Barbosa
Repórter
Repórter
Canindé fica fora do Garantia Safra 2014
Canindé. A exclusão deste município, localizado no
Sertão Central, do programa Garantia Safra, vem agravando as
dificuldades dos agricultores que perderam a safra por causa da seca que
castiga o Ceará há três anos.
O anúncio foi feito pela Delegacia do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), no Ceará, por meio de ofício encaminhado à Câmara
Municipal de Vereadores. A informação social repercutiu negativamente no
município e o temor das autoridades locais é que se a decisão for
mantida vai gerar problemas sociais no campo.
O Garantia Safra prevê o pagamento de um seguro caso ocorra perda igual
ou superior a 50% da produção agrícola de sequeiro (aquela que depende
da chuva) por seca ou inundação.
O ofício encaminhado pelo delegado do MDA, no Ceará, Francisco Sombra,
ao presidente do Legislativo municipal, Pedro Mirialdo, no último dia
17, obteve ampla repercussão e gerou debate no plenário. No documento, o
responsável pelo MDA no Ceará disse que a Coordenação Nacional do
Programa não constatou perda igual ou superior a 50% da produção
agrícola.
Com isso, o município de Canindé fica impossibilitado, legalmente, de receber o pagamento do Garantia Safra.
Diante dessa situação, o prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, viajou a
Brasília, acompanhado do procurador do município, Jerônimo Correa, para
tentar reverter a decisão do MDA. "Vamos até as últimas consequências,
pois não iremos aceitar essa penalidade contra os agricultores", frisou.
"Entendemos que as avaliações do MDA não retratam a realidade ocorrida
no município com perdas na lavoura em consequência de uma das maiores
seca", considerou.
Segundo o gestor municipal, a perda média na lavoura é superior ao
mínimo previsto no programa. O gerente do escritório da Ematerce,
Domingos Sávio de Almeida Fernandes, disse que laudos elaborados pela
comissão municipal responsável pelo acompanhamento da safra agrícola
apontam perdas de 53% para a cultura do feijão; e de mais de 60% para o
milho.
No período chuvoso, foram feitas quatro reuniões de avaliação com a
participação de técnicos da Secretaria de Agricultura do município, do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Ematerce, órgão responsável pelo
encaminhamento dos relatórios sobre a Situação de Produção (Sitprod) a
partir de amostragem e visita a 100 produtores rurais.
Na tarde desta terça-feira, ocorreu uma reunião com um grupo de técnicos para reavaliação dos laudos de produção agrícola.
O procurador do município deve ingressar com recurso para tentar
incluir o município no Garantia Safra. Há suposição de que o MDA
baseou-se em critérios de pluviometria para decidir sobre a não inclusão
do município no programa.
O secretário de Finanças de Canindé, Vicente Gomes, esteve reunido com
os agricultores na manhã de segunda-feira para mostrar que o município
cumpriu todas as metas exigidas pelo governo federal.
"Pagamos todas as sete parcelas no valor de R$ 40.557,75, o que nos dá o
direito de estarmos no Garantia Safra'', disse. Foram cadastrados em
Canindé 6.532 agricultores.
O município de Canindé está entre os mais castigados com as consequências da seca no Estado do Ceará.
Mais informações
Prefeitura de Canindé Secretaria de Agricultura - (85) 3343.2071 agricultura@caninde.ce.gov.br Escritório da Ematerce
(85) 3343.6826
Prefeitura de Canindé Secretaria de Agricultura - (85) 3343.2071 agricultura@caninde.ce.gov.br Escritório da Ematerce
(85) 3343.6826
Antônio Carlos Alves
Colaborador
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