quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Estado começa a receber 12 mil/t de milho para pecuária

Armazém da Conab em Iguatu, ontem de manhã, deu início à estocagem
Armazém da Conab em Iguatu, ontem de manhã, deu início à estocagem
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Iguatu. Os quatro últimos meses do ano são de agravamento da estiagem em decorrência da elevação da temperatura, maior consumo de água e ausência de chuvas. No sertão, as reservas hídricas estão secando e os criadores enfrentam enormes dificuldades. São três anos seguidos de seca que castigam os produtores rurais. As chuvas foram insuficientes para recarga dos reservatórios no Nordeste. Diante desse quadro, no Interior do Ceará aumenta a pressão por alimentação do rebanho (milho e capim). A demanda é maior do que a oferta. Para amenizar o quadro, armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Interior do Estado já começam a receber novas remessas de milho. É o caso de Iguatu, onde trabalhadores descarregaram sacas na manhã de ontem.
Até o fim deste mês devem chegar 9.336 toneladas de milho pelo Programa Venda em Balcão Especial e 3.000 toneladas destinada a modalidade regular, totalizando mais de 12 mil toneladas para o Estado. Há garantia de até dezembro próximo, o Ceará receber mais 33 mil toneladas do programa especial e mais três toneladas do sistema normal.

"O aviso de contratação deve ser publicado nesta semana", disse o superintendente da Conab no Ceará, Jorge Fontelles. A Companhia está ampliando a fiscalização no Programa Venda em Balcão, modalidade especial, que tem preço subsidiado e comercializa milho para 48 mil produtores cadastrados, em municípios em situação de emergência. O esforço é para evitar desvio do produto para as mãos de atravessadores.
Segundo Fontelles, equipes de fiscalização estão percorrendo os oito escritórios regionais e pólos avançados no Interior com o objetivo de coibir possíveis ações de atravessadores. "O maior fiscal é o próprio produtor", disse. "O nosso esforço é para atender a todos que necessitam e o Ceará é o Estado que mais recebeu o produto, na região Nordeste".
Ele frisou que o esforço da fiscalização é para amenizar as dificuldades dos criadores. "Queremos coibir a presença de atravessadores, pois os produtores sofrem para manter o rebanho no campo", disse. "Com transparência, vamos fornecer os grãos para quem realmente necessita". O número de produtores cadastrados no programa passou de 4.500, em 2010, para 48 mil, neste ano. O crescimento exige maior oferta do produto, mas o ritmo ofertado não acompanha a demanda. Nos últimos seis meses, a Conab no Ceará recebeu 28 mil toneladas, segundo dados da Companhia.
"Este é um ano típico, pois tivemos a Copa do Mundo e vivenciamos um período de eleições gerais", observou Fontelles. "Tudo isso traz dificuldades para o transporte e realização de leilões de compra dos grãos". O superintendente ainda lembrou que há dificuldades de contratação de frete para o Nordeste a partir dos centros produtores que dão preferência para contratos de carga de soja.
A saca de 60 quilos do milho no Venda em Balcão Especial custa R$ 22,10 e na modalidade regular, R$ 35,00. Desde o ano passado, a Conab reduziu o limite da cota de venda para atender um maior número de criadores. O fornecimento é limitado a 50 sacas por produtor.
Jorge Fontelles rebate críticas de possível falta de planejamento mediante o agravamento da estiagem no Nordeste. "Houve um aumento significativo da demanda em relação ao fluxo de oferta, mas não há falta de planejamento", observou. "A Conab usa estoques reguladores ou faz compra por meio de leilões, via Bolsa, com antecedência, mas tudo isso depende do mercado, da oferta. Se não ocorre a venda é preciso reeditar portarias e isso demanda tempo", explica.
O então secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, que atualmente está afastado da função, informava que o Ceará precisava de uma oferta de 30 mil toneladas de milho por mês para atender a demanda dos criadores. O Estado chegou a receber 30 mil toneladas enviadas pelo governo federal, mas havia uma expectativa de receber mais 60 mil toneladas no decorrer deste ano, o que acabou não ocorrendo. Era um compromisso da presidente Dilma Rousseff ao visitar o Ceará.
Desde o ano passado que criadores reclamam no Interior por mais milho para alimentar o rebanho. Algumas cidades permanecem até seis meses ou mais sem receber os grãos, como foi o caso do município de Cariús, na região Centro-Sul do Ceará.
Mais informações
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Superintendência no Ceará
Fone: (85) 3252.1722 ce.sureg@conab.gov.br
Honório Barbosa
Repórter
Canindé fica fora do Garantia Safra 2014
Canindé. A exclusão deste município, localizado no Sertão Central, do programa Garantia Safra, vem agravando as dificuldades dos agricultores que perderam a safra por causa da seca que castiga o Ceará há três anos.
O anúncio foi feito pela Delegacia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no Ceará, por meio de ofício encaminhado à Câmara Municipal de Vereadores. A informação social repercutiu negativamente no município e o temor das autoridades locais é que se a decisão for mantida vai gerar problemas sociais no campo.
O Garantia Safra prevê o pagamento de um seguro caso ocorra perda igual ou superior a 50% da produção agrícola de sequeiro (aquela que depende da chuva) por seca ou inundação.
O ofício encaminhado pelo delegado do MDA, no Ceará, Francisco Sombra, ao presidente do Legislativo municipal, Pedro Mirialdo, no último dia 17, obteve ampla repercussão e gerou debate no plenário. No documento, o responsável pelo MDA no Ceará disse que a Coordenação Nacional do Programa não constatou perda igual ou superior a 50% da produção agrícola.
Com isso, o município de Canindé fica impossibilitado, legalmente, de receber o pagamento do Garantia Safra.
Diante dessa situação, o prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, viajou a Brasília, acompanhado do procurador do município, Jerônimo Correa, para tentar reverter a decisão do MDA. "Vamos até as últimas consequências, pois não iremos aceitar essa penalidade contra os agricultores", frisou.
"Entendemos que as avaliações do MDA não retratam a realidade ocorrida no município com perdas na lavoura em consequência de uma das maiores seca", considerou.
Segundo o gestor municipal, a perda média na lavoura é superior ao mínimo previsto no programa. O gerente do escritório da Ematerce, Domingos Sávio de Almeida Fernandes, disse que laudos elaborados pela comissão municipal responsável pelo acompanhamento da safra agrícola apontam perdas de 53% para a cultura do feijão; e de mais de 60% para o milho.
No período chuvoso, foram feitas quatro reuniões de avaliação com a participação de técnicos da Secretaria de Agricultura do município, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Ematerce, órgão responsável pelo encaminhamento dos relatórios sobre a Situação de Produção (Sitprod) a partir de amostragem e visita a 100 produtores rurais.
Na tarde desta terça-feira, ocorreu uma reunião com um grupo de técnicos para reavaliação dos laudos de produção agrícola.
O procurador do município deve ingressar com recurso para tentar incluir o município no Garantia Safra. Há suposição de que o MDA baseou-se em critérios de pluviometria para decidir sobre a não inclusão do município no programa.
O secretário de Finanças de Canindé, Vicente Gomes, esteve reunido com os agricultores na manhã de segunda-feira para mostrar que o município cumpriu todas as metas exigidas pelo governo federal.
"Pagamos todas as sete parcelas no valor de R$ 40.557,75, o que nos dá o direito de estarmos no Garantia Safra'', disse. Foram cadastrados em Canindé 6.532 agricultores.
O município de Canindé está entre os mais castigados com as consequências da seca no Estado do Ceará.
Mais informações
Prefeitura de Canindé Secretaria de Agricultura - (85) 3343.2071 agricultura@caninde.ce.gov.br Escritório da Ematerce
(85) 3343.6826
Antônio Carlos Alves
Colaborador

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