quarta-feira, 29 de julho de 2015

Alunas de escola pública cearense criam dessalinizador que funciona com energia solar

Um dessalinizador convencional pode custar R$ 50 mil, enquanto o desenvolvido pelas alunas custam R$ 500, podendo produzir até 25 litros de água por dia (Foto: Divulgação)
Um dessalinizador convencional pode custar R$ 50 mil, enquanto o desenvolvido pelas alunas custa R$ 500. (Foto: Divulgação)
Duas alunas do município de Bela Cruz, distante 230 km de Fortaleza, criaram um dessalinizador que garante água potável por R$ 500. O professor orientador do projeto, Fernando Nunes, explica que todo o processo é feito através da luz solar, podendo produzir até 25 litros de água por dia, o suficiente para abastecer uma família.

Para o produto, é necessário um tanque feito com materiais de baixo custo, uma caixa de repercussão e uma caixa de abastecimento. A água passa por um processo de evaporação, e já está pronta para o consumo.

As alunas inventoras, Maria Vanessa Oliveira Teodósio e Fátima Natanna de Miranda, garantiram dois prêmios conquistados na Feira Internacional de Ciências e Engenharia, realizado nos Estados Unidos no início de 2015.

“Os maiores problemas que a comunidade enfrentava era a falta de água, a inexistência do sistema de captação, e uma água com alto teor de sal. Além das grandes distâncias que precisavam ser percorridas em busca de água potável”, conta a estudante Fátima Miranda, uma das premiadas.

O custo médio para a implantação de um dessalinizador convencional pode chegar até a R$ 50 mil, além do valor investido para a perfuração do poço. Além de deixar a água de poços profundos próprias para uso, ele permite que se economize as reservas de água em açudes e rios.

A medida foi implantada em bairros de Crateús, a 350 quilômetros de Fortaleza, após moradores da região enfrentarem em fevereiro um colapso de água. Nos bairros de São Vicente e Ponte Preta, os dessalinizadores funcionam desde agosto do ano passado, quando o município já racionava água.

Para muitos habitantes da região, a perfuração de poços profundos foi a solução, já que não tinham água nem para beber. Com água imprópria para consumo, dois poços têm dessalinizadores, que retiram os sais da água para torná-la potável.

A agente de saúde Eliane Oliveira conta essa foi uma solução bem-vinda, pois a água do abastecimento da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) só supre algumas das necessidades da população, e a água dos poços tratadas é utilizada para beber.

A gestão da água dessalinizada de Crateús é feita pela comunidade e por intermédio da Defesa Civil do município. Cada pessoa tem direito a adquirir duas fichas por dia, que custam 50 centavos. Todo dinheiro arrecadado é revertido para manutenção do maquinário. É uma forma de garantir o uso racional e sustentável do produto na região, economizando a escassa água dos reservatórios públicos.

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