secretário da Fazenda, Mauro Filho. |
Protegidas por liminares que autorizam o não-pagamento do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), nove empresas
do setor de confecção no Ceará, que seriam dirigidas por "laranjas",
sonegaram, nos últimos 14 meses, R$ 90 milhões em impostos ao Estado,
segundo revelou o secretário da Fazenda, Mauro Filho. O faturamento
dessas empresas, segundo o secretário, pode ter chegado a R$ 1 bilhão
nesse mesmo período.
As empresas, acrescenta Mauro Filho, foram localizadas a partir do
trabalho do serviço de inteligência da Secretaria da Fazenda (Sefaz),
que cruzou dados sobre o faturamento de cada uma, o tamanho e a
declaração de Imposto de Renda dos sócios.
"O setor identificou que os sócios não têm condições de movimentar
essas rendas. A gente vai na sede da empresa e quando chega lá é uma
casinha, o nome do caseiro é que está na empresa. Ficou nítido e claro o
crime, o 'laranjal' que foi montado", descreve o secretário. Sete
dessas empresas têm sede em Fortaleza, e as outras duas, na Região
Metropolitana. Para Filho, outras duas empresas podem estar envolvidas
no esquema.
Burlando o fisco
As liminares conseguidas pelos donos das empresas concediam a eles o
direito de não pagar o ICMS no momento em que as mercadorias entravam no
Estado, assumindo, para isso, o compromisso de repassar o valor após a
venda. "Mas eles nem pagam na fronteira nem quando vendem", explica o
secretário, constatando a sonegação.
Na última quinta-feira, o Tribunal de Justiça cassou a liminar de uma
dessas empresas e determinou a abertura de inquérito policial para
investigar os responsáveis pelas firmas, porque, segundo o secretário,
"os sócios são laranjas. "Isso já tem quase dois anos, mas à medida que a
gente fecha uma empresa, abrem outra. Agora, pegamos todas de uma vez",
assegura.
A cassação da liminar obtida, acarretou, ainda, em ameaças de morte
dirigidas à Filho. "Um dia depois de ter saído a decisão do TJ, recebi a
primeira ameaça, dizendo que eu já estou entrando demais nesse
segmento", reproduz o secretário.
Continuidade das ações
As ameaças não devem, contudo, inibir as ações da Sefaz, segundo
garantiu Filho. "Primeiro, vamos concluir a cassação de todas as
liminares, para que o setor de confecção volte a crescer da forma
correta, e buscar a identificação criminal de quem está por trás do
'laranjal'", disse.
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