De acordo com o responsável pelo estudo, preços mais altos têm se mostrado uma intervenção eficaz disponível para reduzir a demanda pelo tabaco
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Canberra. Um amplo estudo com mais de 200 mil pessoas confirmou que dois a cada três fumantes (66%) morrerão de doenças relacionadas ao cigarro, caso continuem fumando.
A pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália, é a primeira evidência científica independente - isto é, não ligada a associações militantes -, com uma amostra populacional tão grande, a fornecer evidências de que a taxa de mortalidade ligada ao tabagismo chega a dois terços. O estudo foi publicado na revista científica BMC Medicine.
"Já sabíamos que fumar é ruim, mas agora temos uma prova direta e independente que confirma as preocupantes descobertas que têm surgido internacionalmente", disse a coordenadora do estudo, Emily Banks, pesquisadora da universidade australiana.
Segundo ela, o estudo mostrou também que os fumantes têm um risco três vezes maior de morte prematura e que eles morrerão, em média, cerca de 10 anos antes dos não-fumantes.
De acordo com os autores do trabalho, até recentemente estimava-se que metade dos fumantes morreriam por causa do cigarro, mas um estudo posterior feito com voluntários da Sociedade Americana de Câncer já indicava que a morte pelo cigarro poderia atingir 67% dos fumantes. "Nós conseguimos mostrar exatamente o mesmo resultado com uma amostra populacional muito maior", disse Banks.
A pesquisa, considerada a maior sobre saúde e envelhecimento do Hemisfério Sul, foi o resultado de uma análise de quatro anos das informações de mais de 200 mil homens e mulheres que participaram do estudo "45 and Up", do Instituto Sax.
A Austrália tem uma das mais baixas taxas de tabagismo do mundo - apenas 13% da população - e é líder internacional em embalagens genéricas de cigarro. Lá as caixas e maços são padronizadas e não podem ter marcas, cores, imagens ou logotipos.
"Mesmo com as baixas taxas de tabagismo que temos na Austrália, nossa descoberta é um importante alerta de que a guerra contra o tabaco ainda não foi vencida - e os esforços para o controle do tabagismo precisam seguir adiante", disse Banks.
A pesquisa também apontou que, em comparação aos não fumantes, quem fuma 10 cigarros por dia dobra o risco de morte, enquanto quem fuma um maço (o dobro) por dia aumenta o risco de morte de quatro a cinco vezes. O estudo, conduzido por uma equipe internacional, foi apoiado pela Fundação Nacional do Coração, da Austrália, em colaboração com o Conselho do Câncer de New South Wales.
O presidente do conselho, Kerry Doyle, afirmou que o país está no caminho certo para diminuir ainda mais as taxas de tabagismo, por meio de iniciativas como o aumento de impostos e a embalagem genérica.
"Os preços mais altos do cigarro têm se mostrado a intervenção mais eficaz disponível para todos os governos que queiram reduzir a demanda de tabaco. Como o tabagismo é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, incluindo enfarte, derrame e doença vascular periférica, quanto mais fatores de dissuasão as pessoas tiverem entre elas e o cigarro, melhor", disse Doyle.
Brasil
O hábito de fumar tem cada vez menos adeptos no Brasil. Pesquisa do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, no ano passado, que o índice de pessoas que consomem cigarros e outros produtos derivados do tabaco é 20,5% menor que o registrado cinco anos atrás. Do total de adultos entrevistados, 14,7% disseram que fumam atualmente. Esse índice era 18,5% em 2008, conforme a Pesquisa Especial de Tabagismo do IBGE.
Entre as recentes conquistas no Brasil destaca-se a Lei Antifumo, que torna os ambientes fechados de uso coletivo 100% livres de tabaco, protegendo a população do País do fumo passivo e contribuindo para diminuição do tabagismo entre os brasileiros
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