sábado, 31 de janeiro de 2015

Recuperação da mata ciliar traz aves de volta

O pintassilgo gosta muito de onde existe alimento fácil   FOTO: Antonio Carlos Alves
Canindé Um projeto de reflorestamento executado pela Secretaria de Meio Ambiente de Canindé, desde 2009, em áreas de serra, tem facilitado a volta da mata ciliar nativa e isso contribui para o retorno de aves que migraram para outros locais por falta de habitat. Hoje, depois de sete anos, começa a volta para casa em bandos.
É no sertão de belezas raras e cheio de mistérios que a natureza ajuda a moldar um cartão postal diferente, apesar da paisagem seca e castigada pelas adversidades naturais, é onde encontramos espécies ameaçadas em consequência da ação humana. Nas serras do Diabo, Serrote do Arirão, em Canindé, e das Panelas, Preguiça, Facão, Maracajá e Orocondó, em Itatira, há trilhas para lá de especiais.
No Sertão de Canindé, flagramos um pica-pau-verde-barrado, ave piciforme da família Picidae. De porte médio, é conhecido também como pica-pau-carijó. Com o nome científico Colaptes melanochloros, ele escolheu como ponto de apoio a área do Assentamento Todos os Santos, entre as serras do Diabo e Arirão e o sopé das Serras de Maracajá e Orocondó.
Ele mede aproximadamente 28 centímetros. O tom esverdeado da plumagem ajuda na camuflagem. Na cabeça, a característica divisão entre vermelho e preto, única entre os pica-paus, destaca a grande área branca da região dos olhos. De perto e sob boa luz, as bolas negras na plumagem do peito e barriga podem ser vistas. Os machos possuem pequeno bigode vermelho na base do bico.
Segundo José Tobias Freitas Lopes, que mora no distrito de Vazante do Curu, o pássaro chegou e se tornou um colírio para os olhos dos moradores. "Ele veio com um bando animado, que passa o dia cantando, como se fosse uma orquestra".

Habitat
Para Tobias, a diminuição do desmatamento contribui para que as aves retornassem. "Na serra tem comida e água e ainda por cima é dificultada a chegada dos caçadores e traficantes", aponta.
A ave adora lagartas. Faz seu ninho escavando troncos de árvores mortas ou palmeiras, chocando entre dois e três ovos brancos e brilhantes. Vive em pares ou grupo de cinco. Costuma arrancar a casca de grandes árvores mortas em busca de larvas de insetos. Seus locais preferidos são caatingas, matas secas e vegetação floral.
Para Valdemir Amâncio, técnico agrícola que preserva áreas de reprodução de pássaros nos Sertões de Canindé, a volta dessa espécie é uma prova de recuperação do meio ambiente. "Devido à grande perseguição, ele voltou, porque se sente mais seguro nesse espaço".
No sítio Jacu, entre as serras das Panelas e Preguiças, em meio a uma plantação de capim verde, o pintassilgo (Sporagra magellanica) está de volta ao seu local de origem. Na década de 80, Itatira tinha maior concentração dessa ave. Segundo os mais velhos, como Raimundo de Paula, devido ao ambiente frio e aconchegante, eles criaram uma espécie de paraíso natural, mas foram sumindo por conta da caça indiscriminada.
"Os traficantes chegavam a capturar por dia 30 pássaros, que ficavam fisgados em pedaços de madeira melado com leite de jaca, e depois eram levados para Canindé para serem comercializados nas feiras livres", relata José Evangelista, morador do Sitio Jacu, onde os pássaros aportaram há dois anos.
Mata fechada
"Agora que a mata está fechada e dificulta o acesso de predadores, ele vai voltar a se reproduzir facilmente e garantir a espécie por mais alguns anos", acredita Evangelista. O pintassilgo gosta muito de onde existe alimento fácil. É uma ave passeriforme, da família fringillidae. É conhecido também como pintassilva. Às vezes é confundido com o pintagol, que é uma ave híbrida, mistura de canário com pintassilgo.
Mede 11 centímetros de comprimento. Esta pequena ave granívora é bastante conhecida, já que se trata de uma espécie de relativamente fácil identificação. A sua máscara preta, presente apenas nos machos, bem como as manchas amarelas nas asas, faz do pintassilgo uma ave bastante colorida e com um padrão facilmente reconhecível, mesmo em voo.
As fêmeas têm a cabeça e lado inferior oliváceos. Os jovens machos com poucos meses já apresentam pintas pretas na cabeça. Durante a primavera, pode ser observado cantando no alto de árvores, antenas, postes e telhados. No inverno, agrega-se frequentemente em bandos de dimensões consideráveis, que podem juntar centenas de aves. Além de seu canto característico, pousado ou em voo, imita o canto de outras aves.
Tem um gorjear fino bastante variado, em andamento rapidíssimo; estrofes longas intercalando imitações de outras aves. Canta também durante o voo.
"Nossa intenção é aumentar outras áreas como Jacurutu, que também recebe pássaros para serem readaptados no universo florestal, que são pegos nas mãos de traficantes", explica o Secretário de Agricultura e Recursos Hídricos de Canindé, José Airton Maciel.
Antonio Carlos Alves
Colaborador

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