Financiado pela União Europeia, o teste é realizado na Espanha pelo grupo espanhol privado Genetrix e coordenado pelo Hospital Universitário Gregorio Marañon com vinte organizações europeias, incluindo o Hospital Saint-Louis, de Paris |
Madri O Hospital Geral Universitário Gregorio Marañon,
da Espanha, apresentou ontem, em Madri, um novo tratamento para
recuperar um coração danificado por uma parada cardíaca, através do uso
de células cardíacas de doadores.
"Como parte deste teste clínico, 55 pacientes no total serão tratados.
Sete pacientes já foram operados, e a evolução de todos tem sido muito
favorável, visto que seus tecidos cardíacos haviam sido severamente
afetados", explicou o governo regional de Madri em um comunicado. "Esta é
a primeira vez que este tipo de célula é utilizada para reparar danos
causados por um infarto agudo do miocárdio", acrescentou.
"Esta é uma experiência pioneira no mundo", disse à AFP um porta-voz do
hospital. "Estas células alogênicas, ou seja, que não vêm do próprio
paciente, mas de corações de doadores, são processadas e armazenadas"
antes de serem usadas no coração do paciente, explicou Francisco
Fernandez-Avila, chefe do departamento de cardiologia do Hospital
Gregorio Marañon, citado no comunicado.
A vantagem deste método é que não é necessário esperar "as quatro ou
oito semanas" que seriam necessárias no caso da utilização de células
cardíacas do próprio paciente.
Além disso, estas células cardíacas selecionadas oferecem um "potencial
de reparação maior", disse o cardiologista. Retiradas do tecido
cardíaco de doadores voluntários "remanescentes após uma cirurgia", como
na implantação de um marcapasso, essas células que passaram por uma
seleção, permitem uma melhor reparação de tecidos do coração danificados
por um ataque cardíaco do que se viessem de outras fontes, indicou.
Antes de serem tratadas, elas "são estudadas de forma exaustiva" e
somente aquelas que funcionam "de forma ideal" são selecionadas e,
posteriormente, multiplicadas até alcançar "a dose necessária de 35
milhões por paciente". As células são então implantadas através de uma
artéria coronária, "um processo seguro e simples semelhante a uma
angioplastia", de acordo com os médicos. Trata-se de "produzir novo
tecido cardíaco, ativando a capacidade de regeneração local do próprio
coração".
O paciente deve receber as células "sete dias após o infarto, quando a
sua situação clínica se estabilizou e o efeito cardiorreparador pode ser
mais eficaz".
Financiado pela União Europeia, o teste é realizado na Espanha pelo
grupo espanhol privado Genetrix e coordenado pelo hospital Gregorio
Maranon com outras vinte organizações europeias, incluindo o Hospital
Saint-Louis, de Paris.
Problema mundial
O infarto do miocárdio é um importante problema de saúde, especialmente
nos países desenvolvidos. Estima-se que, na União Europeia e nos
Estados Unidos, mais de 1,5 milhão de novos casos ocorram anualmente. A
melhoria nos protocolos de atuação preventiva após um infarto diminuiu
significativamente a mortalidade no momento agudo da doença, no entanto,
tem aumentado o número de pacientes que sofrem de insuficiência
cardíaca crônica, para a qual não há tratamento eficaz.
Este novo tratamento tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida desses pacientes.
Mortes de mulheres
As mulheres têm maior probabilidade de não resistir a um enfarte do
miocárdio do que os homens, devido a erros de diagnóstico que atribuem
os sintomas a crises de ansiedade, mostra um estudo canadense. Os
investigadores da Universidade McGill, de Montreal, tentaram compreender
o que justificava a grande diferença na taxa de mortalidade entre
homens e mulheres vítimas de enfarte.
Cardiopatias no Brasil
A doença isquêmica do coração é a principal causa de morte no Brasil,
segundo dados de 2013, do periódico The Lancet, feito em 188 países.
Naquele ano, foram nada menos que 182,5 mil mortes com essa causa. Entre
indivíduos com 70 anos ou mais, a doença isquêmica do coração é a que
mais mata.
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