sábado, 31 de janeiro de 2015

Com células de doadores: Novo tratamento contra infarto

Financiado pela União Europeia, o teste é realizado na Espanha pelo grupo espanhol privado Genetrix e coordenado pelo Hospital Universitário Gregorio Marañon com vinte organizações europeias, incluindo o Hospital Saint-Louis, de Paris
Financiado pela União Europeia, o teste é realizado na Espanha pelo grupo espanhol privado Genetrix e coordenado pelo Hospital Universitário Gregorio Marañon com vinte organizações europeias, incluindo o Hospital Saint-Louis, de Paris
Madri O Hospital Geral Universitário Gregorio Marañon, da Espanha, apresentou ontem, em Madri, um novo tratamento para recuperar um coração danificado por uma parada cardíaca, através do uso de células cardíacas de doadores.
"Como parte deste teste clínico, 55 pacientes no total serão tratados. Sete pacientes já foram operados, e a evolução de todos tem sido muito favorável, visto que seus tecidos cardíacos haviam sido severamente afetados", explicou o governo regional de Madri em um comunicado. "Esta é a primeira vez que este tipo de célula é utilizada para reparar danos causados por um infarto agudo do miocárdio", acrescentou.
"Esta é uma experiência pioneira no mundo", disse à AFP um porta-voz do hospital. "Estas células alogênicas, ou seja, que não vêm do próprio paciente, mas de corações de doadores, são processadas e armazenadas" antes de serem usadas no coração do paciente, explicou Francisco Fernandez-Avila, chefe do departamento de cardiologia do Hospital Gregorio Marañon, citado no comunicado.

A vantagem deste método é que não é necessário esperar "as quatro ou oito semanas" que seriam necessárias no caso da utilização de células cardíacas do próprio paciente.
Além disso, estas células cardíacas selecionadas oferecem um "potencial de reparação maior", disse o cardiologista. Retiradas do tecido cardíaco de doadores voluntários "remanescentes após uma cirurgia", como na implantação de um marcapasso, essas células que passaram por uma seleção, permitem uma melhor reparação de tecidos do coração danificados por um ataque cardíaco do que se viessem de outras fontes, indicou.
Antes de serem tratadas, elas "são estudadas de forma exaustiva" e somente aquelas que funcionam "de forma ideal" são selecionadas e, posteriormente, multiplicadas até alcançar "a dose necessária de 35 milhões por paciente". As células são então implantadas através de uma artéria coronária, "um processo seguro e simples semelhante a uma angioplastia", de acordo com os médicos. Trata-se de "produzir novo tecido cardíaco, ativando a capacidade de regeneração local do próprio coração".
O paciente deve receber as células "sete dias após o infarto, quando a sua situação clínica se estabilizou e o efeito cardiorreparador pode ser mais eficaz".
Financiado pela União Europeia, o teste é realizado na Espanha pelo grupo espanhol privado Genetrix e coordenado pelo hospital Gregorio Maranon com outras vinte organizações europeias, incluindo o Hospital Saint-Louis, de Paris.
Problema mundial
O infarto do miocárdio é um importante problema de saúde, especialmente nos países desenvolvidos. Estima-se que, na União Europeia e nos Estados Unidos, mais de 1,5 milhão de novos casos ocorram anualmente. A melhoria nos protocolos de atuação preventiva após um infarto diminuiu significativamente a mortalidade no momento agudo da doença, no entanto, tem aumentado o número de pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca crônica, para a qual não há tratamento eficaz.
Este novo tratamento tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida desses pacientes.
Mortes de mulheres
As mulheres têm maior probabilidade de não resistir a um enfarte do miocárdio do que os homens, devido a erros de diagnóstico que atribuem os sintomas a crises de ansiedade, mostra um estudo canadense. Os investigadores da Universidade McGill, de Montreal, tentaram compreender o que justificava a grande diferença na taxa de mortalidade entre homens e mulheres vítimas de enfarte.
Cardiopatias no Brasil
A doença isquêmica do coração é a principal causa de morte no Brasil, segundo dados de 2013, do periódico The Lancet, feito em 188 países. Naquele ano, foram nada menos que 182,5 mil mortes com essa causa. Entre indivíduos com 70 anos ou mais, a doença isquêmica do coração é a que mais mata.

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