sábado, 31 de janeiro de 2015

Moradores de Jaguaretama realizam protesto por adutora

A Prefeitura abastece uma caixa d'água de polietileno com água de um carro-pipa para ser o chafariz do Centro da Cidade
A Prefeitura abastece uma caixa d'água de polietileno com água de um carro-pipa para ser o chafariz do Centro da Cidade
Fotos: Bruno Gomes
Jaguaretama A água do açude Castanhão é uma miragem para os moradores de Jaguaretama. Cinco anos atrás, margeava o Centro da Cidade, que dividia com Jaguaribara o milagre de "fim da sede" por serem vizinhos do maior açude do Ceará. Mas, apesar de ainda ter muita água, o vizinho Castanhão perdeu tanto líquido que se afastou de Jaguaretama.
Moradores do Centro e da zona rural reuniram-se em protesto por uma adutora emergencial para captar água vinda do açude Orós. Estão perdendo a fé no Castanhão.
A população está indignada porque as águas do "gigante" vão para Fortaleza (distante 212 km), mas não para suas casas, hoje 20 km distante do maior açude do Ceará.
A sede dos moradores de Jaguaretama é diferente. Vem com sentimento de exclusão. A dona de casa Maria Maurineide Saldanha, moradora da comunidade Quilômetro, acredita que a situação poderia não ser tão grave quanto em outros rincões do Estado, afinal, o Castanhão é o "vizinho rico". Mas zona rural e urbana estão dependendo de carro-pipa para ter água.

Chafariz
A torneira mais garantida é a do chafariz abastecido diariamente com águas do município de Senador Pompeu, 100km distante. A caixa d'água da Cidade é abastecida com as últimas gotas do Rio de Sangue.
Três anos atrás, ainda corria água. Atualmente, no manancial, há apenas um poço profundo que não capta mais de 300 mil litros por dia - em 2010 era 1,5 milhão de litros.
É o avesso das características físicas da água, porque tem cor, cheiro e sabor. E mesmo assim se paga por ela à Cagece. Como em muitas outras cidades, ontem foi a vez de moradores de diversas comunidades de Jaguaretama empunharem cartazes no lugar dos baldes. "Quem é que aguenta viver com meio carro-pipa por mês", reclama Maurineide Saldanha. Quem pode, faz uma cota com a vizinhança e garante mais um abastecimento pagando particular. Quem pode um pouco mais, faz como Francisco Gomes Filho, da comunidade Flores Belas.
Lá, ele paga R$ 80 para um carro-pipa abastecer sua casa. Existe o carro-pipa administrado pelo Exército, mas não é suficiente. A comunidade reivindica a adutora de engate rápido que capte águas do Rio Jaguaribe vindas do açude Orós. Antes, portanto, de caírem no açude Castanhão, "porque de lá vai para Fortaleza, abastece os perímetros irrigados, e nós aqui tão perto não temos essa água", reclama Ari Saldanha, vice-prefeito de Jaguaretama.
Quando o gestor nos mostrava uma caixa d'água de polietileno terminando de ser abastecida com água de um carro-pipa para ser o chafariz do Centro da Cidade, ocorreu um vazamento no fundo do reservatório.
A Prefeitura pediu que o mesmo carro-pipa fizesse a retirada da água. O motorista do veículo alega problema técnico e vai embora. Outro carro-pipa é acionado para recolher a água e, assim, estancar o "sangramento".
Projeto
As secretarias do Desenvolvimento Agrário e de Recursos Hídricos já tomaram conhecimento da necessidade de uma adutora para abastecer Jaguaretama. De acordo com projeto, em fase de criação, os 18 quilômetros de dutos deverão captar água nos próximos meses, mas ainda não há data para essa urgência. A sugestão para essa matéria foi feita por meio do Whatsapp (85) 8948-8712.
ENQUETE
População se mostra revoltada
"O carro-pipa que o governo manda não é suficiente. A gente paga uma ficha de 40 centavos para tirar de um poço mantido pela Prefeitura e, alguns, outra quantia para conseguir de caminhão particular"
Maria Maurineide Saldanha
Moradora da Comunidade Quilômetro
"Precisamos da montagem da adutora urgente, não podemos esperar muitos meses porque a situação é crítica. Tanto o poço profundo que abastece a caixa d'água quanto os carros-pipas não são suficientes"
Ari Saldanha
Vice-prefeito de Jaguaretama
"A gente mora mais perto do Castanhão do que outras cidades do Interior. Mas, a realidade é que, para cá, a água não vem de forma alguma. Mas vai pra Fortaleza. E nós aqui nesse sofrimento"
Francisca Lucieide
Moradora da Comunidade Bom Jardim
Melquíades Júnior
Repórter

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