segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Depois dos 40, Zé Ramalho e Fagner lançam disco juntos

Raimundo Fagner e Zé Ramalho: parceiros de longa data, os músicos lançam trabalho ao vivo, gravado em três noites no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho deste ano. No repertório, grandes sucessos de um de outro, em formato de dueto
Raimundo Fagner e Zé Ramalho: parceiros de longa data, os músicos lançam trabalho ao vivo, gravado em três noites no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho deste ano. No repertório, grandes sucessos de um de outro, em formato de dueto
Dois pilares da música brasileira, cada qual com aproximadamente 40 anos de carreira, não é de hoje que as trajetórias Fagner e Zé Ramalho se cruzam. Quando o paraibano Zé lançou o seu primeiro disco solo, "Zé Ramalho", em 1978, foi Fagner - que já era sucesso e tinha cartaz junto à gravadora CBS - que lhe abriu as portas, lançando o disco pelo selo Epic/CBS, o qual dirigia. Parceiros em gravações esporádicas, amigos, compadres - Fagner é padrinho de filhos de Zé - e vizinhos de apartamento, ao longo dessas quatro décadas, faltava, porém, um disco juntos.
Gravado ao vivo, os dois lançam "Fagner & Zé Ramalho", com duetos dos grandes sucessos de um e de outro. O disco sai em CD e DVD, com registros feitos em três noites no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho desse ano. "Há quase três anos estávamos tentando arranjar uma data para gravar. Ele viaja muito, eu também, e o projeto foi se delineando até a gente realizar esse ano", situa Raimundo Fagner, lembrando que a ideia partiu de Zé Ramalho, em um dos encontros corriqueiros no prédio em que moram. "A gente é vizinho. Ele falou, tá na hora de fazer. Acho que foi um pouco inspirado no meu disco com Baleiro", sugere, mencionando o álbum "Raimundo Fagner & Zeca Baleiro" (2003), que também rendeu um DVD ao vivo.

O show teve direção musical Robertinho do Recife, músico parceiro antigo de ambos e que fez parte do momento de efervescência nos anos 1970, em que a música que vinha do Nordeste ganhava novos contornos com nomes como ele, Fagner, Zé, e ainda Geraldo Azevedo, Alceu Valença e a cantora Amelinha, que na época foi casada com Zé e explodiu nacionalmente com "Frevo Mulher", música que ele lhe dedicou. "Eu que lancei a Amelinha. Sou padrinho dos filhos deles, sempre tivemos proximidade", reforça Fagner, sobre o convívio de décadas com o "novo" parceiro.
Dueto
 
 
A afinidade do repertório dos dois já havia sido posta à prova em gravações e participações pontuais nos discos de um e de outro. O dueto já havia sido experimentado, por exemplo, em 1998, no disco "Amigos e Canções", de Fagner, que divide com Zé "Astro Vagabundo (de Fagner e Fausto Nilo). "Eternas Ondas", composição de Zé Ramalho, virou sucesso na voz de Fagner, que assinou sua primeira gravação. Fagner também já havia gravado "Pelo vinho e pelo pão", de Zé, em 1978.
O repertório do novo disco inclui sucessos dos dois compositores "Asa Partida", "Mucuripe", "Noturno" e "Pedras que cantam", de Fagner; e, do lado de Zé Ramalho, "Chão de Giz", "Garoto de Aluguel" e "Admirável Gado Novo". Com 16 faixas, o disco abre com Fagner e Zé a sós no palco. Além de cantar, durante todo o show, eles aparecem em dueto também de violões.
"O espírito do disco é algo mais intimista", justifica Fagner. A banda de apoio é composta também por músicos que tinham, já, afinidade com os dois intérpretes, e apresentam arranjos sutis, privilegiando voz e violões. Além de Robertinho, participaram músicos como o violonista Manassés, que acompanha Fagner já há muitos anos, o tecladista Marcos Farias, que também é da atual banda do cearense, o percussionista Mingo Araújo, que já acompanhou os dois artistas.
Turnê
Sobre o resultado da parceira, avalia o compositor cearense, ambos ficaram satisfeitos com o resultado. "O Zé tem uma assinatura muito dele. Trabalho muito pessoa, fortemente ligado as raízes nordestina. Tem originalidade, que é o que mais me fascina. Tem um estilo diferente do meu, mas a gente vem em caminhos um pouco paralelos. A química dava a impressão de que poderia funcionar. E a gente acha que conseguiu", avalia.
A circulação do espetáculo ainda não está confirmada, mas Fagner antecipa que esta possibilidade já está sendo ventilada. "Recebemos muitos convites para sairmos para rua. No caso de próximos shows, vamos modificar o formato, agregar outros músicos e até gravar um segundo DVD", revela o músico.
CD/DVD
Fagner & Zé Ramalho ao vivo
Raimundo Fagner e Zé Ramalho
Sony Music2014, 16 faixas
R$ 19,90 / R$ 29,90
Fábio Marques
Repórter

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