Filho João Lavraz também era músico e morreu no dia 1º de novembro
Divulgação
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Após a morte do filho João Lavraz, no dia 1º de novembro, o músico
Renato Teixeira escreveu uma carta emocionada na qual lembra-se com
carinho de Taubaté, onde passou a maior parte de sua infância, e
agradece aos amigos de infância da cidade e que o ajudaram a confortar a
dor da perda.
João morreu no mesmo dia em que o artista, que é embaixador do
Esporte Clube Taubaté, faria o show comemorativo pelos 100 anos do time.
Na carta Teixeira lamenta o cancelamento da apresentação e promete ser
“mais amigo, mais irmão e mais fiel à minha terra”.
O texto, publicado na sexta-feira (7) pelo jornal Contato, segue abaixo na íntegra.
"Meu
filho João cometeu suicídio. Então tudo fica muito estranho e a vida
meio que perde um pouco o sentido.Um vácuo, um vazio. São dias difíceis
que precisam ser administrados com coragem e, principalmente, humildade,
para poder aceitar os desígnios da natureza sem se deixar levar pelo
desespero. Os amigos nessa hora são um esteio, uma proteção contra a aflição. Nos momentos limítrofes, pensei e chorei baixinho por todos os que se foram como ele e em todos os que ficaram, como eu fiquei. Unidos na dor de outros seres, serenei o que me foi possível serenar. Nada a fazer. A grande nau segue viagem e eu terei que viver o que me resta, conversando comigo mesmo, tentando consolar meu coração. Quando Jorge (Kather) me abraçou me deu uma vontade imensa de voltar a ser criança, de estar de novo na Juca Esteves chutando bola na porta de aço da garagem do doutor Euclides. Queria poder voltar e fazer tudo de novo, igualzinho… teria assim uma outra chance de rever meu filho, lá no futuro… São pensamentos malucos, mas a cabeça da gente delira… Tenho mais três filhos e tenho seis netos pequenos. Somos muito unidos e o que levou João foi uma doença que existe e que leva a isso.
Saberemos estar unidos e confiantes daqui pra frente encontrando o jeito de viver que existe e que saberemos encontrar. A presença de meus amigos de infância no sepultamento confortou meu coração e eu senti um imenso amor por Taubaté… tudo que estava ali, meus amigos, meus parentes, tudo, de alguma maneira, veio de Taubaté comigo. Daqui pra frente eu serei visto também como aquele que perdeu um filho tragicamente. Tentarei ser melhor, tentarei ser mais amigo, mais irmão e mais fiel à minha terra que, na verdade, é tudo que eu tenho. Teria que ir cumprir minha missão de embaixador do Esporte bem no dia em que tudo aconteceu. Não deu. Sugiro com meu coração partido e visivelmente sob o domínio dessa emoção indesejável, que cada um de vocês que me leem, perdoe seus inimigos, se os tiver e se proponha a ser mais generoso com a vida. Divirtam-se mais, amem mais, deixem-se estar expostos as brisas frescas, saboreiem as frutas da terra, sintam o gosto da água matando sua sede. Ouçam música! Não se deixem sofrer pelas coisas que não são vitais em suas vidas. E que Nossa Senhora Aparecida ilumine nossos corações e acaricie nossas almas; as nossas e a de João, meu filho!"
*Texto de Renato Teixeira publicado originalmente no Jornal Contato número 667
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