segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Candidatas não pedem voto para si

A pleiteante Regislene Costa, do PSDC, também está com registro de candidatura no pleito, mas tenta eleger Ely Aguiar, presidente estadual do partido
A pleiteante Regislene Costa, do PSDC, também está com registro de candidatura no pleito, mas tenta eleger Ely Aguiar, presidente estadual do partido
Em 2014, o número de mulheres que vão disputar um cargo nas eleições vigentes é 46,5% maior do que ocorreu no pleito de 2010. No entanto, os partidos têm tido dificuldades para indicar nomes do sexo feminino para a disputa, conforme determina a legislação eleitoral que obriga que pelo menos 30% das candidaturas partidárias sejam de um dos sexos.
Muitos partidos inscreveram mulheres que não têm qualquer interesse na disputa eleitoral apenas para dar a quantidade mínima exigida por lei. No Ceará, das 876 candidaturas, cerca de 270 são de mulheres. No entanto, pouco mais de 10% estão indeferidas. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), até o momento, 33 candidatas tiveram seus registros indeferidos, das quais apenas oito entraram com recurso. Outros quatro pedidos aguardam decisão do TRE, o que deve ser concluído até o fim da próxima semana.
A pressão da lei gera situações inusitadas, como o caso de três candidatas do PSC de Morada Nova que têm nomes semelhantes e mesmo sobrenome. Maria Oberlânia Freitas Raulino, a Belinha, e Maria Orgelânia Freitas Raulino são irmãs.

Outra com mesmo sobrenome é Maria Odelânia Freitas Raulino, a Delaninha Raulino. Porém, na Divulgação de Candidaturas (Divulgacand) do TSE, não consta a certidão de Delaninha Raulino, e sim de outra candidata do PSC, Maria Sandra de Freitas. O Diário do Nordeste tentou entrevistar o presidente estadual da sigla, Welington Saboia, mas o celular do dirigente estava desligado.
Surpresa
O PSC lançou 66 nomes, sendo 18 mulheres. Muitas candidatas são jovens entre 21 e 30 anos. A candidata Brena Vieira completa 21 anos em 2014. Outra, Raquel Matos, de Maracanaú, em uma página nas redes sociais causou surpresa aos amigos com a foto de candidata. Alguns questionavam a postulação.
O PTC solicitou 63 registros de candidatura, dos quais 23 de mulheres. Aline Sousa foi a primeira postulante a ter sua candidatura julgada indeferida pelo TRE nas eleições desse ano. Isso porque nasceu em 1994 e não teria 21 anos quando tomasse posse. A repercussão nas páginas de perfis nas redes sociais de muitas dessas candidatas revela que elas não tinha qualquer interesse em lançar uma candidatura nem fazem campanha como os demais postulantes.
Outras curiosidades são percebidas, como a postulação da deputada Inês Arruda (PMDB), que tenta reeleição para a Assembleia Legislativa. Ela concorre com a própria filha, Lívia Arruda, do PTB, que tenta retornar para a Casa. Caso estranho também é o da irmã do deputado Sergio Aguiar (PROS), Danielle Aguiar. Ela, assim como ele, tentará candidatura para o Legislativo Estadual. No entanto, em sua página no Facebook, faz campanha e pede votos para o irmão.
O PSB lançou cinco candidatos a deputado estadual, sendo duas referentes a mulheres do Interior. Ambas declararam como grau de instrução que sabem ler e escrever. Uma é dona de casa e a outra, aposentada.
O PSDC lançou 23 candidatos; sete são mulheres. A pleiteante Regislene Costa, a exemplo da irmã de Sérgio Aguiar, em sua perfil no Facebook, pede votos para Ely Aguiar, presidente do da sigla e candidato à reeleição. Já o PCdoB lançou 42 candidaturas para deputado estadual, sendo 15 de mulheres. Diferentemente dos partidos analisados, a maioria das candidatas faz campanha na Internet para si.
Entrevistado pelo Diário do Nordeste, o procurador regional eleitoral do Ceará, Rômulo Conrado, diz que alguns partidos não alcançaram o percentual mínimo de participação de mulheres, mas depois substituíram candidaturas masculinas que desistiram, o que fez com que a porcentagem fosse alcançada.
O procurador reconhece que houve a constatação de que várias candidaturas do sexo feminino formularam pedidos sem a documentação necessária. Para Conrado, outros pontos da legislação deveriam ser considerados para efetivação de 30% de candidaturas femininas.
"Certamente há falha na Lei, mas seria importante que houvesse maior participação feminina. Muitos partidos chegam a reclamar da legislação, pois não têm candidatas suficientes", responde. "Para além da legislação vigente, eu penso que temos que repensar a participação da mulher para que ela se torne mais efetiva", completa.

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