O papa Francisco também pediu, ontem, que uma "monstruosidade" e
um "pecado" como o Holocausto não voltem a se repetir. O apelo fez parte
do último dia da visita do pontífice pelo Oriente Médio, que incluiu
Israel e Palestina
Foto: reuters
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Cidade do Vaticano. O papa Francisco comparou ontem o
abuso sexual de crianças por padres a uma "missa satânica" e disse que
terá tolerância zero para qualquer um na Igreja Católica que cometeu
abuso infantil, incluindo bispos.
Falando a jornalistas a bordo do avião na volta de uma viagem ao
Oriente Médio, o papa também anunciou que terá o seu primeiro encontro
com um grupo de vítimas de abuso no Vaticano no início do próximo mês.
Questionado se irá se posicionar contra os bispos que foram acusados de
abuso sexual, ele disse que não haverá privilégios, acrescentando que
três bispos estavam atualmente sob investigação. "O abuso sexual é um
crime tão feio... Porque um padre que faz isso trai o corpo do Senhor. É
como uma missa satânica", disse o pontífice usando linguagem mais dura
sobre uma crise que abalou a Igreja durante mais de uma década. "Temos
que ir em frente com a tolerância zero", disse. Ele afirmou que fará uma
reunião com cerca de oito vítimas de abuso sexual no Vaticano no início
do mês que vem. O encontro deve ter a presença do cardeal Sean Patrick
O'Malley, de Boston, que é chefe de uma comissão criada para estudar
formas de lidar com a crise.
Francisco, que falou a jornalistas por quase uma hora, disse que as
vítimas, várias da Europa, participarão da missa da manhã e, em seguida,
haverá o encontro com o pontífice. Será a primeira vez que Francisco
receberá vítimas de abuso desde que foi eleito papa, em março de 2013.
Aceno a Israel
O papa Francisco pediu, ontem, que uma "monstruosidade" e um "pecado" como o Holocausto não voltem a se repetir.
O apelo fez parte do último dia da visita do pontífice pelo Oriente Médio.
Mais cedo, em Jerusalém, ele havia visitado o túmulo de Theodor Herzl
(1860-1904), pai do sionismo, sendo o primeiro papa a fazê-lo na
história.
A homenagem foi interpretada, em Israel, como uma reparação à recusa do
papa Pio X (1835-1914) de apoiar o movimento pela criação de um Estado
judeu quando encontrou-se com Herzl, em 1904.
A demonstração de apoio por parte de Francisco serviu de contraponto a
suas ações na véspera, quando também fora o primeiro papa a voar
diretamente à Cisjordânia e a chamar o território de "Estado da
Palestina", entidade que Israel não reconhece.
O pontífice quebrou ainda o protocolo anteontem e, a caminho de uma
missa nos territórios palestinos, rezou diante do muro que separa Belém
de Jerusalém, um ícone da ocupação israelense da Cisjordânia. Outra ação
marcante durante a viagem, iniciada no sábado (24) na Jordânia, foi
convidar os presidentes de Israel, Shimon Peres, e da Autoridade
Palestina, Mahmoud Abbas, para uma reunião no Vaticano. Ambos aceitaram.
Fôlego
Francisco cumpriu ontem uma agitada agenda que incluiu, em poucas horas, diversas reuniões.
Ele esteve com autoridades islâmicas nas imediações da mesquita de
Al-Aqsa e, depois, com líderes judaicos diante do Muro das Lamentações.
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