Cid se fortaleceu ao mudar secretariado, analisa cientista político

MARA MAIA

Cid e alguns dos secretários exonerados: mudança fortalece politicamente governador

Ao mudar o secretariado da maneira que fez, tirando e realocando do Executivo partidos como o PT e o PCdoB e trocando pessoas “importantes” por “figurantes”, o governador Cid Gomes quase que “zerou” o jogo com as legendas e concentrou em si as negociações para a eleição estadual de 2014. Assim analisa o cientista político Valmir Lopes, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

“De alguma forma o governador zerou em relação aos partidos, trocou pessoas importantes por figurantes. Ele rearranjou o poder, concentrou nele. É provável que, a partir daqui, comece a discutir com os partidos. Nesse sentido ele antecipa muito o processo, para começar a ver como esses partidos vão reagir. O momento é de rearranjo”, afirma Lopes.

O PCdoB, que tinha Arruda Bastos na secretaria da Saúde, ficou com a Secretaria do Esporte, onde o sociólogo Gilvan Paiva ocupou o lugar do deputado licenciado Gony Arruda (PSD), que volta para a Assembleia. Saído da Secretaria das Cidades, o petista Camilo Santana teve a vaga ocupada pelo secretário executivo Carlo Ferrentini, que não tem filiação partidária.

O outro petista que volta para o Legislativo, Francisco Pinheiro, foi substituído na secretaria da Cultura pelo jornalista Paulo Mamede. Um dos fundadores do PT no Ceará, Mamede não é mais filiado a partido, mas é computado pelo governo na cota do deputado federal petista José Guimarães. Já o PMDB e o PDT continuaram com o Conselho do Meio Ambiente e a secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, respectivamente.

Para Lopes, esse fortalecimento político do governador é ainda mais acentuado pela entrada de Ciro Gomes na secretaria da Saúde. “De toda essa mexida, quem sai fortalecido de fato é o governador, que concentra mais poder, traz o reforço do irmão para dentro da máquina. A importância do Ciro é mais política. Ali você terá o fortalecimento dessa figura de decisão”.

Visibilidade
Na visão do cientista político, Mauro Filho e Camilo Santana foram devolvidos à Assembleia para - especialmente o primeiro - ganhar visibilidade entre a população e cacifar a posição de pré-candidatos à sucessão de Cid.

“Eles poderão fazer mais pela sua própria imagem. A visibilidade da Fazenda, por exemplo, é nula. Não dá para colocar (em posição de visibilidade) na véspera da eleição, tem que colocar agora”. (Bruno Pontes - brunopontes@opovo.com.br)

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Sob críticas e com desempenho em áreas estratégicas aquém do esperado, Cid aposta em chacoalhada para aperfeiçoar gestão e buscar resultados que serão determinantes na avaliação final do mandato.