sexta-feira, 21 de junho de 2013

Governista chama colega deputado de ´cafajeste´


Deputados aliados não gostaram da afirmação de Heitor Férrer sobre as prioridades do Governo Cid Gomes

O deputado Heitor Férrer (PDT) voltou a atacar as prioridades do Governo Cid Gomes, e reclamou, por exemplo, da aplicação de pelo menos R$ 250 milhões no Acquário Ceará em detrimento de obras de construção de açudes. Alguns governistas, no entanto, criticaram a atitude do pedetista, inclusive, salientando que o Governo não pode aplicar os recursos destinados ao equipamento em outras áreas. O deputado Lula Morais chamou de "cafajeste" quem faz tal tipo de discurso. Heitor não estava no plenário naquele momento.

O deputado Heitor Férrer foi criticado pelo deputado Lula Morais por ter feito críticas às prioridades do governador Cid Gomes no Ceará Foto: JOSÉ LEOMAR

Para Férrer o que falta ao Governo é dar à população as condições necessárias para que viva com dignidade. Ele ressaltou que uma senhora, em entrevista à televisão, afirmou que estava na manifestação ocorrida em Fortaleza, porque há oito meses estava na fila de espera para a cirurgia em seu punho. Segundo o deputado, a população de Novo Oriente se prontificou a fazer manifestação porque não permite que a água de seu açude vá para Crateús.

"Por que o pessoal do Crateús não tem um açude também? Porque as políticas públicas do governador Cid Gomes não priorizaram os açudes no Estado. Ele acha mais importante a criação de uma casa de peixe do que açude para as pessoas", disse. Para ele, o povo tem que ir mesmo para as ruas, mas sem queimar o Palácio da Abolição ou apedrejar o patrimônio público. "O fato é que o povo está usando a sua voz e batendo o pé nas ruas para dizer ´basta´ de inversão de prioridades", reclamou.

Orçado

O pedetista ressaltou ainda que a transferência hídrica e suprimento de água foi orçado pelo governador do Ceará em R$ 384 milhões e que somente R$ 24 milhões foram aplicados, ou seja, menos de 7%. Para acumulação hídrica foi programado R$ 55 milhões e aplicado somente R$ 9 milhões. "Ele programou R$ 712 milhões para a seca e só executou pouco mais de R$ 78 milhões. A casa de peixes, que é o Acquário, houve autorização legislativa para que ele pudesse gastar R$ 250 milhões. Então, o povo tem que ir para a rua mesmo e dizer que quer água não para peixe, mas para Crateús".

Para Férrer, faltou ao governador a prioridade de se gastar R$ 250 milhões para a população ao invés de "se gastar com casa de peixe. E com peixe importado". "Esses dados que eu estou dando para a população cearense é que faz com que o povo reaja". Roberto Mesquita (PV) chamou as casas legislativas de "puxadinho" do Poder Executivo e afirmou que atitudes de gestores como essa também estaria cansando a população, visto que os parlamentares só estão preocupados em fazer aquilo que o gestor manda.

Heitor Férrer disse que o governador Cid Gomes buscou empréstimo interno e externo para o saneamento básico de até R$ 10 milhões e somente aplicou R$ 64 mil. "O que falta é pedir dinheiro para as prioridades e ele fracassou". O parlamentar salientou que, em todo Estado, apenas três municípios não estão em estado de emergência e que até no entorno do açude Castanhão, os municípios estão desabastecidos porque não há adutoras.

Demanda

O líder do Governo, deputado José Sarto (PSB), disse que o governador faz questão de receber qualquer demanda desse ou de outros movimentos populares. Ele disse ainda que a respeito das manifestações contra a transposição de água do açude Flor do Campo para Crateús, há questões técnicas envolvidas, como o tempo para se construir uma adutora que levasse a água.

"Para o período de seca, o Governo tem liberado as burocracias, com o objetivo de acelerar o processo de abastecimento de água". Sarto informou também que secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Nelson Martins, está trabalhando para resolver a demanda.

João Jaime (PSDB) chamou a proposta de construção de cisternas de enxurrada de "picaretagem", visto que os 50 mil litros de água do equipamento, segundo ele, não irrigariam nada. Ele discorreu ainda sobre licitações e pregões com vitória de empresas que seriam "apadrinhadas" por políticos no Interior do Estado. Já Roberto Mesquita (PV) afirmou que recursos e planejamento para tratar do problema até existem, mas falta gestão.

Cafajeste

O deputado Lula Morais criticou o pronunciamento de Heitor Férrer, afirmando que alguns parlamentares querem, segundo ele, redirecionar recursos de obras como as do Acquário. "Todos nós sabemos a origem desses recursos e sabemos que eles não podem ser aplicados em outra coisa. Reverberar isso é apelar para ignorância de quem não sabe como as coisas funcionam", retrucou Lula, chamando de "demagogo" e "cafajeste" quem assim se posiciona.

Heitor Férrer não gostou das criticas de Lula Morais e rebateu dizendo não usar seu "espaço político pra enganar ninguém. Acredito no que eu falo e respeito quem acredita no que fala. Defendemos posições porque acreditamos nelas. O que não é correto nem honesto é levar a sociedade informações, que no meu modo de ver, são enganadoras", acrescentando: "se dizem que é demagogia da minha parte, vou continuar assim". 

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