O primeiro pontífice jesuíta é conhecido pelos hábitos simples e por declarações contra o casamento gay
O nome do argentino Bergoglio surpreendeu, pois não estava na lista de mais cotados
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São
Paulo Francisco é como passa a ser chamado o cardeal argentino Jorge
Mario Bergoglio, 76 anos, arcebispo de Buenos Aires, escolhido ontem o
novo papa. É o primeiro pontífice latino-americano da história. Também é
a primeira vez que o cargo é entregue a um membro da Companhia de
Jesus.
Ele obteve ao menos 77 votos dos 115 cardeais com direito a
voto que participaram desde terça-feira do conclave, na Capela Sistina,
no Vaticano. Filho de italianos e torcedor do San Lorenzo, Bergoglio
foi eleito no segundo dia de conclave, após um total de cinco votações.
Em
seu primeiro pronunciamento, o papa disse que os cardeais o encontraram
no fim do mundo. “Vocês devem saber que o dever do conclave era dar um
bispo para Roma. E parece que os cardeais foram encontrá-lo no fim do
mundo. Obrigado pelas boas-vindas”. O novo papa pediu que fizessem uma
oração pelo agora papa emérito Bento XVI. Depois, disse que ia fazer a
bênção, mas antes pediu que os fiéis orassem por bênçãos a ele.
Conforme
a tradição, o resultado foi anunciado por meio da emissão de uma fumaça
artificialmente colorida de branco, pela chaminé da Capela Sistina. Nas
quatro vezes anteriores, quando os escrutínios terminaram sem um
consenso, a fumaça expelida era de coloração preta.
O resultado
foi confirmado pelo som dos sinos da Basílica de São Pedro, às 19h06 (às
15h06, no horário de Brasília). Francisco sucede Bento XVI, que
renunciou em 11 de fevereiro, em uma atitude inédita em 600 anos.
Conservadorismo
Na
Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha
contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso
defensor da ajuda aos pobres.
O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado. Embora se mostre preocupado com a população de baixa renda, não é adepto da Teologia da Libertação, corrente prestigiada na Igreja brasileira que, com base em ideias marxistas, defende que o clero atue prioritariamente servindo os mais pobres.
O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado. Embora se mostre preocupado com a população de baixa renda, não é adepto da Teologia da Libertação, corrente prestigiada na Igreja brasileira que, com base em ideias marxistas, defende que o clero atue prioritariamente servindo os mais pobres.
O conservadorismo do
novo papa é conhecido por declarações contra o aborto e a eutanásia.
Além disso, embora ressalte que os homossexuais merecem respeito, ele é
contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela legislação argentina, o então arcebispo de Buenos Aires, que também disse que a adoção de uma criança por um casal gay é uma forma de discriminação ao jovem, entrou em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A presidente disse que a posição da Igreja evocava a época medieval.
Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela legislação argentina, o então arcebispo de Buenos Aires, que também disse que a adoção de uma criança por um casal gay é uma forma de discriminação ao jovem, entrou em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A presidente disse que a posição da Igreja evocava a época medieval.
Histórico
O
jesuíta nasceu na capital argentina e, depois de cursar o seminário,
entrou para a Companhia de Jesus aos 19 anos, em 1958. Foi ordenado
padre pelos jesuítas um ano depois, quando estudava teologia e filosofia
na Faculdade de San Miguel.
De 1973 a 1979, Bergoglio foi
provinciano pela Argentina e a partir de 1980, reitor da faculdade de
San Miguel, cargo que ocupou por seis anos. O papa obteve o título de
doutor na Alemanha.
Em 1992, foi nomeado bispo e elevado a
arcebispo em 1997, passando a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires. O
argentino ingressou no Colégio de Cardeais em 2001. Foi considerado
“papável” desde o conclave que elegeu o alemão Bento XVI para suceder o
polonês João Paulo II, em 2005. Na ocasião, foi o segundo mais votado. O
argentino é próximo ao movimento Comunhão e Libertação assim como o
cardeal italiano Angelo Scola.
Argentina espera papado diferente
Fiel argentina que passa férias no CE conhece o cardeal Jorge Bergoglio há 14 anos foto: waleska santiago
Sensível
e respeitado. É assim que a administradora argentina, Glayds Greco,
definiu o papa Francisco. Para ela, que conhece o cardeal Jorge Mario
Bergoglio há 14 anos, o papado dele será diferente de todos os outros
devido ao seu grande contato com os fiéis, simplicidade e também o
trabalho por melhorias nas condições sociais para todos.
“Ele é
bem tradicional. Inclusive não apoia o casamento gay. Mas, mesmo assim,
ele quebrou muitos protocolos ao viver junto com a comunidade e sempre
andava de ônibus ou metrô”, comentou a argentina que esta visitando os
seus parentes que moram em Fortaleza.
Segundo Glayds em seus sermões o Bergoglio é bastante claro e consegue passar todos seus pensamentos para os fiéis. Dessa forma, ele acabou conquistando um grande número de adeptos em Buenos Aires.
Segundo Glayds em seus sermões o Bergoglio é bastante claro e consegue passar todos seus pensamentos para os fiéis. Dessa forma, ele acabou conquistando um grande número de adeptos em Buenos Aires.
“Ele tem uma
sensibilidade grande que nos ajuda a compreender com facilidade tudo o
que ele diz. Isso faz a gente se sentir muito bem”, explicou.
Ela acredita que isso aconteça principalmente porque Francisco era um jesuíta e isso o diferencia um pouco de todos os outros cardeais que poderiam ser eleitos o novo papa.
Ela acredita que isso aconteça principalmente porque Francisco era um jesuíta e isso o diferencia um pouco de todos os outros cardeais que poderiam ser eleitos o novo papa.
Para a administradora o carisma e
sensibilidade do novo papa vão trazer novos adeptos para a igreja.
Principalmente após um papado em que o pontífice não era muito ligado ao
fiéis. “Acredito que ele ficará mais ligado as pessoas do que todos os
outros papas”, frisou.
Outro destaque da vida do argentino,
ressaltou a administradora, é a sua luta por melhores condições de vida
aos menos favorecidos. Porém, infelizmente, o poder público não estava
ao lado dele para tentar mudar toda a situação daquele país.
Em
relação a tradicionalidade do pontífice a argentina pensa que isso seja
algo que pode ser modificado com o passar do tempo. “Na Bíblia diz que
devemos sempre nos atualizar com o passar do tempo. Devido a forma como
santo padre sempre trabalhou acredito que ele vai fazer isso”, afirmou
Glayds.
Além disso, ela também destacou as quebras de protocolo que Jorge Mario Bergoglio realizou na argentina e poderá fazer enquanto estiver no vaticano.
Além disso, ela também destacou as quebras de protocolo que Jorge Mario Bergoglio realizou na argentina e poderá fazer enquanto estiver no vaticano.
Até agora, a argentina ainda esta espantada
com a escolha de um conterrâneo para ser o santo padre. Ela disse que
quando seus familiares contaram, por telefone, a novidade ela não
acreditou e pensou que tudo não passava de uma brincadeira. Glayds tem
certeza que esse papado será muito importante para todos não só na
Argentina como também em toda a America Latina.
Thiago RochaRepórter
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