quarta-feira, 13 de março de 2013

Biocombustível a partir da tilápia

Limoeiro do Norte Duas usinas de biocombustível serão implantadas nos municípios de Jaguaribara e Morada Nova, no Vale do Jaguaribe, ainda este mês, segundo garante um dos coordenadores do projeto, sob gestão do Dnocs, Joacir Moreira. Em Jaguaribara, o óleo será extraído das vísceras do peixe tilápia, que são descartadas no solo e causam graves impactos ambientais. Em Morada Nova, será produzido biodiesel e etanol, ambas serão instaladas no perímetro irrigado.

Criação de tilápia em cativeiro no Açude Castanhão. Segundo o Dnocs, as vísceras representam 10% do peso do peixe, e deverão ter um destino correto como matéria-prima para a usina a ser instalada ainda neste mês FOTO: RODRIGO CARVALHO

A usina em Jaguaribara já deverá estar em funcionamento ainda este mês, diante da necessidade para resolver os problemas ambientais gerados pelo descarte inadequado das vísceras do peixe. "O grande problema na região são as vísceras que são jogadas no solo e contaminam o lençol freático. Desta forma, a usina utilizará todo esse material descartado para produção do óleo", afirmou Moreira.
A extração do óleo para produção de biocombustível foi resultado de pesquisa realizada pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), vinculada à Secretaria da Ciência Tecnologia e Educação Superior do Estado (Secitece), onde foi criada uma máquina que converte 50% do descarte em gordura. A partir daí, a matéria-prima é transformado em biodiesel. As vísceras representam 10% do peso da tilápia.

A fábrica terá capacidade para produzir 8 mil litros de óleo por dia, onde já possui compra assegurada pelo Governo Federal através da Petrobras.

"São dois pontos importantes que o município ganha com a usina. Primeiro, no caso do biodiesel da víscera de peixe, se agrega valor à produção do pescado em que o material jogado fora passa a ter um valor; e segundo, que se resolve a questão ambiental, já que o material é destinado à produção de óleo", explica Moreira.

A Prefeitura de Jaguaribara já dispõe de um terreno onde se localizará a usina e já sinalizou como positiva a estrutura para a instalação. Até o fim deste mês, deverá ser entregue à comunidade. O trabalho será acompanhado por técnicos do Instituto Federal de Educação Ciência de Tecnologia do Ceará (IFCE), que capacitará as associações de pescadores para utilizar e gerir a pequena usina.

Em Morada Nova, a usina também será entregue, mas não há pressa para sua operação, segundo afirmou Moreira. O intuito é diversificar a cultura diante da inviabilidade de produção de arroz no perímetro. "A produção de arroz demanda muita água e, diante desta seca, há uma necessidade de se diversificar o cultivo com culturas que demandam menos água", explica.

O perímetro irrigado de Morada Nova receberá duas usinas, primeiramente a de biodiesel, seguindo da usina de etanol, já confirmada pelo Dnocs.

De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Sítio Exú e Adjacências, Clodoaldo Galvão, a usina beneficiará 250 hectares de cana de açúcar e 100 hectares de sorgo sacarino, ambos para produção de etanol. "Também será implantada para a produção de biodiesel a mamona e o algodão colorido que, além de ter a fibra mais cara, o caroço é industrializado fazendo o óleo".

De acordo com Clodoaldo, a desvalorização do preço do arroz diante da importação de outros países, os altos custos de produção e a seca deixaram o cultivo muito caro para os pequenos produtores. A produção de biodiesel e etanol aparece como alternativa importante para manter o homem no campo.

"Só em termos nossa produção com compra assegurada pelo governo já estimula. Então tem que agilizar a implantação das usinas", ressalta.

Todo óleo produzido nas usinas destes dois municípios serão comprados pela Petrobras, através da usina localizada na comunidade de Muatama, município de Quixadá, no Sertão Central. O produto terá um valor diferenciado, com preço acima do mercado, para estimular a produção e garantir renda aos produtores.

ELLEN FREITASREPÓRTER

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