quarta-feira, 13 de março de 2013

Dom João de Aviz é brasileiro em cargo mais alto no Vaticano

Dom João Braz de Aviz é considerado um dos candidatos do Brasil para comandar a Igreja Católica na sucessão de Bento XVI.

Desde 2011 prefeito de uma importante congregação no Vaticano, catarinense é cotado para suceder Bento XVI. Pessoas próximas o descrevem como aberto ao diálogo, amigo, determinado e possuidor de grande senso de justiça.

Dom João Braz de Aviz é considerado um dos candidatos do Brasil para comandar a Igreja Católica na sucessão de Bento XVI. Com 65 anos de idade, ele é o quarto brasileiro a ocupar o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, desde 2011. Atualmente é o brasileiro que ocupa o cargo mais alto na estrutura de poder do Vaticano.

Consta que ele trouxe novos ares ao Vaticano ao assumir o posto de prefeito da Congregação, e seu trabalho pastoral é destaque nos círculos do pontificado. Natural de Mafra, Santa Catarina, cursou estudos teológicos na Pontifícia Universidade Gregoriana e foi diplomado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Lateranense, ambas localizadas em Roma, na Itália.

Aviz foi ordenado sacerdote em 1972 e incardinado na diocese de Apucarana, no interior do Paraná. Sua ordenação episcopal foi realizada em maio de 1994 e se tornou bispo auxiliar na arquidiocese de Vitória, capital do Espírito Santo.

Em 1998, o papa João Paulo 2º o nomeou bispo da diocese de Ponta Grossa, Paraná, onde exerceu seu ministério até 2002, até ser nomeado arcebispo para a arquidiocese de Maringá, Paraná. Em 2004, foi nomeado arcebispo de Brasília.

Grande senso de justiça
Dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, no Paraná, conheceu Aviz na década de 1970, quando os dois eram ainda seminaristas e, depois, padres. "Ele sempre foi de relações amigáveis e procurava tratar todos da mesma forma. Além disso, não tem o costume de deixar nada pela metade", frisou Battisti.

Outra característica que chama a atenção é a sua determinação e seu forte sentido de justiça. "Ele é capaz de brigar por 10 centavos. Se 10 centavos são meus, são meus. O que é do outro, é do outro. Ele tem um senso de justiça muito severo com ele e com os outros", explicou.

Por conhecer os dois principais candidatos brasileiros dom Odilo Scherer e dom João Braz de Aviz, Battisti afirma que Scherer tem a vantagem pelo fato de ter trabalhado na Congregação para os Bispos e ter contato com a Cúria Romana há mais de oito anos.

"Pelo conhecimento e experiência de dom Odilo Scherer em relação à Igreja em Roma e contato com o Vaticano, ele leva vantagem. Dom João está há um ano e pouco em Roma e está começando o seu trabalho", explicou Battisti.

Continuidade sem ruptura
Aviz também é considerado aberto ao diálogo, porém firme e com visão de futuro. Como bispo auxiliar de 1994 a 1998 na arquidiocese de Vitória, assumiu o papel decisivo de estar à frente das diversas comissões do 13º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Vitória em 1996.

"Ele teve uma habilidade muito grande em conduzir um processo que não era muito fácil naquele contexto: existiam muitos conflitos internos na Igreja", frisou padre Ivo Ferreira de Amorim, vigário-geral da arquidiocese de Vitória e pároco da Paróquia São José, no bairro de Maruípe, Vitória.

Arcebispo emérito de Brasília, Aviz também é ligado a uma Teologia da Libertação sem muitos excessos. Amorim se recorda quando o candidato papal trabalhava com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na região da Grande Vitória. "Ele viu a Igreja existindo nas pequenas comunidades. Ele pode não ter essa bandeira nas mãos, mas respeita essa teologia."

Os brasileiros podem esperar por uma revitalização da própria Igreja, que perde cada vez mais fiéis para religiões pentecostais. A escolha de Aviz ou de outro brasileiro, na opinião de Amorim, vai trazer mais vigor para a Igreja Católica no Brasil.

"Vejo como motivo de muita esperança. Seria o papa do diálogo, na linha do Concílio Vaticano 2º [realizado entre 1962 e 1965 com o objetivo de reaproximar a Igreja de questões da atualidade e iniciou amplas reformas]. Seria então uma continuidade sem ruptura", conclui Amorim.

Autor: Fernando Caulyt
Revisão: Augusto Valente

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