terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um casamento a cada meia hora em Fortaleza

Entre todas as capitais brasileiras, ela só perde para São Paulo, com 65.764, e Rio de Janeiro, com 28.941
Casar nunca esteve tão na moda. Em Fortaleza, então, nem se fala. Prova disso são as Estatísticas do Registro Civil 2011, divulgadas ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam que Fortaleza é a Capital do Nordeste com maior número de casamentos (19.001). Considerando todas as capitais brasileiras, ela só perde para São Paulo (65.764) e Rio de Janeiro (28.941).
A média de casamentos impressiona. Equivale a um casamento a cada meia hora, 52 por dia ou 1.580 por mês. Devido à grande procura, alguns templos religiosos localizados na Capital só têm vagas disponíveis para 2015 FOTO: LUCAS DE MENEZES
A média impressiona. Equivale a um casamento a cada meia hora, 52 por dia ou 1.580 por mês. O número de matrimônios é quase o mesmo dos realizados em todo o ano passado no Estado da Paraíba (19.335). Com o aumento na procura, quem sonha em casar de branco entrando na igreja tem que se adiantar. Alguns templos religiosos só têm vagas disponíveis para 2015.

Bastante precavida, a estudante universitária Luana Ferreira Gomes, 26 anos, já tem data marcada para casar: 2 de agosto de 2014. Como a igreja que escolheu é uma das mais concorridas, a do Líbano, teve de pensar em uma data com bastante antecedência. "Os meus pais e os meus sogros casaram lá, então escolhemos o dia a partir da disponibilidade deles", conta.

Vaga

Em setembro do ano passado, a estudante universitária esteve no Líbano para agendar uma data, mas a igreja só tinha vaga para 2015. A sorte é que houve uma desistência, e ela ficou com a data. Mas os preparativos não param por aí. Para ter a liberdade de escolher o profissional que quiser, a noiva já fechou contrato com praticamente tudo: buffet, banda, cantor da igreja, fotógrafo. Só não com a decoração. O lar já está garantido. Será presente da avó. Por isso, as atenções estão voltadas para a festa.

Cerimonialista há 13 anos, Maythê Oliveira é outra que está com a agenda lotada. São poucas as datas disponíveis que tem para 2013. Em 2014, já possui mais de dez casamentos agendados. Sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados são as datas mais procuradas. Mesmo com o grande número de casamentos registrados em Fortaleza, a cerimonialista destaca que "nunca se deixou de casar". Maythê diz que essa história de que o pessoal não casa mais não existe.

Celecina Veras Sales, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Gênero, Idade e Família (Negif), comenta que as pessoas sempre casaram muito, mas com as facilidades do divórcio o matrimônio se tornou prática mais comum.

"Antes era para a vida toda. Hoje não", frisa. Outra possível motivação é o fato de um casamento oficializado em cartório e uma união estável oferecerem os mesmos direitos. "Não faz diferença se a pessoa é casada ou mora junto", esclarece Celecina.

Divórcios aumentaram 45%
Em um ano, o número de divórcios no Brasil aumentou 45,6%. Foram 243.224 em 2010, enquanto no ano passado chegou a 351.153. É a maior taxa de divórcios registrada desde 1984. A média é de 2,6 divórcios para cada mil habitantes de 15 anos ou mais de idade. Já o Ceará é o terceiro Estado do Nordeste com maior número de divórcios (8.610), atrás da Bahia (16.795) e de Pernambuco (12.921).

Em seguida está a Paraíba (5.243), Maranhão (4.850), Alagoas (4.023), Rio Grande do Norte (3.493), Sergipe (2.786) e Piauí (2.352). Os dados são das Estatísticas do Registro Civil 2011, divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O País caminha para um perfil mais plural, em especial na formação das famílias e da nupcialidade", disse o gerente da pesquisa, Cláudio Dutra Crespo. Os dados do levantamento foram obtidos em cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, varas de Família, foros ou varas cíveis e tabelionato de notas. Eles mostram que a instituição do divórcio, em vez de destruir a família, deu origem a novos arranjos familiares, especialmente entre pessoas mais velhas.

É o que confirma a cerimonialista Maythê Oliveira, há 13 anos no mercado. Ela conta que também faz muitos casamentos de pessoas que não estão casando pela primeira vez. Neste caso, como não podem casar na igreja, tudo é feito no próprio buffet.

LUANA LIMAREPÓRTER

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