terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Casal argentino atravessa o Brasil e faz pausa no CE


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A chegada a Fortaleza ocorreu após 8.200 mil quilômetros de estrada. Objetivo é passar pelos países sul-americanos
Imagine percorrer o litoral de diversos países a bordo de um pequeno carro antigo. O comerciante Luis Casamento, 32, e a estudante Catalina Rossi, 21, ambos argentinos, resolveram ir além da imaginação e viver essa verdadeira aventura. O casal de namorados está na capital cearense há uma semana, depois de meses na estrada percorrendo o Brasil. Uma experiência marcante para os dois, resultando em muitas histórias para contar.
A bordo de um velho, porém potente, Citroën 3CV, os dois argentinos já passaram por diversos estados brasileiros e constataram as diferenças sociais e culturais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País FOTO: MARÍLIA CAMELO

Os dois se conheceram há um ano e logo depois descobriram o mesmo interesse pela aventura. Depois de apenas 2 meses de preparativos, cairam na estrada em um Citroën modelo 3CV, de 1975, comprado especialmente para a viagem. Segundo Luis, uma escolha que ocorreu não apenas pelo baixo valor, em torno de R$ 4 mil, mas em virtude da fácil manutenção e da força do carro. Apesar do risco, o possante, até o momento, não apresentou sérios problemas. "Nunca ficamos no prego. É um carro bem rústico, forte e resistente, com uma mecânica simples. Não saímos da argentina com muito dinheiro então precisávamos de um que fosse fácil e barato para consertar", explica.
Lembranças
Além disso, acrescenta ele, pelo espírito aventureiro, um carro antigo se torna melhor por andar mais devagar, permitindo, assim, mais tempo para aproveitar os locais por onde passam. Em sua lataria, lembranças escritas a mão de cada local visitado. E onde ele está, o charmoso carrinho azul claro, batizado de "La Rana Renee", chama atenção das pessoas. Estacionado na Praia de Iracema durante a entrevista concedida ao Diário do Nordeste, diversos foram os curiosos que observavam e até pediam para tirar foto. Segundo Luis, ato comum desde que a viagem teve início. "Todos pedem pra ver, entrar, tirar fotos".

O jovem casal deixou a pequena colônia de Caroya, uma cidade de apenas 20 mil habitantes da província de Córdoba, no dia 25 de agosto deste ano. Até a capital cearense, foram cerca de 8.200 mil quilômetros de estrada percorridos, e em cada cidade parada, uma característica diferente a ressaltar. A dupla já passou por Curitiba, costa litorânea de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, e Ceará.

No Estado, a primeira parada se deu na Praia de Canoa Quebrada. Em Fortaleza, Luis afirma ter gostado das fortes ondas do mar e considerou a cidade bastante limpa e ordenada. "Mesmo sendo uma grande cidade, não vemos isso em outras do mesmo porte, como Recife e Salvador", exemplifica. Conforme ressalta Catalina, a estadia nos lugares sempre acaba passando do esperado, em virtude de gostar do que acabam vendo. "Em Natal éramos pra ficar uma semana e ficamos três. Se ficamos cômodos onde paramos dá gosto ficar mais", acrescenta Luiz.

A culinária chamou atenção para os aventureiros, que alegaram terem ganhado uns quilinhos a mais em virtude da viagem, e se disseram apaixonados pela feijoada. Aqui no Ceará, provaram pela primeira vez o Açaí, a tapioca, e o tradicional caranguejo. "Além disso, aqui tem muita fruta, café, leite, queijo, e lá não tem", acrescenta Catalina. O casal ressalta, ainda, as diferenças entre as cidades, considerando ter, praticamente, dois Brasis em um só. "No sul é um país, e no norte são outros. As diferenças são grandes, na comida, nos costumes, nas pessoas. O que existe em comum é que em todos os lugares que passamos todos foram muito amáveis conosco", diz ele.

Saindo de Fortaleza, o casal segue para Belém, Manaus, Venezuela e Colômbia, regressando para a Argentina pelo litoral pacífico. Dessa aventura, declaram eles, o que mais tiram de lição é o valor da amizade. "Esse é o maior presente que a gente ganha, é o mais importante".

Burocracia
Infelizmente nem tudo são flores na viagem de Luiz e Catalina. Conforme o casal, o prazo de 180 dias de permanência no País dado a turistas estrangeiros venceu no sábado, 15. No entanto, os jovens foram à sede da Polícia Federal na Capital na sexta-feira (14) e não conseguiram atendimento. Segundo explicam, a justificativa dada no local foi a de que estava ocorrendo uma reunião, e por isso, o número de senhas foi reduzido. Conforme eles, agora, por estarem em situação ilegal, a Policia Federal se recusa a conceder a documentação. "Não tenho interesse em ficar assim. Aqui no Brasil muitos lugares pedem documentação. Nem dinheiro a gente pode tirar no banco. Não sei o que vamos fazer", lamenta.

Tentamos contato com a assessoria de comunicação da PF, mas os celulares constavam desligados e o fixo não atendia.

RENATO BEZERRAESPECIAL PARA CIDADE

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