sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ao mestre Lua, carinho de Dominguinhos


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O sanfoneiro Dominguinhos: turnê dedicada a revisar o
legado de Gonzagão e as parcerias dos dois artistas.
 O músico se apresenta, hoje, em Fortaleza
Homenageando seu padrinho e amigo, Dominguinhos canta histórias e canções, hoje, no Kukukaya
Talvez esta seja a experiência mais próxima que se possa ter da obra de Luiz Gonzaga por ele mesmo. Longe de um caricatural cover. No palco, Dominguinhos, um legítimo guardião de seu legado musical, um afilhado, um parceiro, resgatando com verdade as canções e histórias de Gonzagão.

Ele sobre ao palco do Kukukaya, hoje, a partir das 22 horas. O pernambucano de Garanhuns vem dedicando todo o ano do centenário de Luiz Gonzaga a shows tributos.

Do repertório, registrado em mais de 100 discos 78 rpm e outros quase 80 LPs e CDs, Dominguinhos escolhe, sem muita antecedência, algumas das canções que lhe lembram Gonzaga e as histórias em sua convivência, que começou com o intérprete ainda criança e durou até o fim da vida.

"Toquei muito com ele, andei muito com ele, a gente tinha uma amizade acima da música, quase de pai para filho. Para mim é muito prazeroso fazer um trabalho como este", comenta Dominguinhos, sobre a apresentação.

Ele se apressa em dizer, com orgulho, que a sequência de homenagens se encerrará em Exú, no próximo dia 13 de dezembro, quando Luiz Gonzaga estaria completando 100 anos.

"Esse é um ano muito especial, que termina com o aniversário. Dia 13 é minha vez, o Waldonys toca dia 14 e tenho o prazer de contar com minha filha, Liv Moraes, que vai cantar dia 15 com um time de mulheres que vem de Recife", diz. A cidade presta homenagens ao filho ilustre desde seu aniversário em 2011.

Lembranças
Apadrinhado ainda criança por Luiz Gonzaga, de quem recebeu o nome artístico, diminutivo de seu "José Domingos de Morais", e a primeira sanfona, Dominguinhos leva ao palco, "para desanuviar um pouco", algumas das histórias de suas andanças com Gonzaga. "Para mim, o episódio mais importante com Gonzaga foi de 1956 para 57, durante gravação no Rio de Janeiro. Eu com 16 anos, ele me presentou como herdeiro artístico dele. A imprensa reunida para falar de um trabalho dele e aproveitou para me apresentar como herdeiro. Acho que foi o momento mais marcante da minha vida musical com Luiz Gonzaga", recorda.

Foi ao lado de Luiz Gonzaga que Dominguinhos entrou profissionalmente para a música. Com ele, chegou a fazer turnês como motorista, divulgador dos shows e atração de abertura. "Acompanhei Gonzaga desde os 13 anos no Rio de Janeiro. Fui para o Rio de Janeiro para procurar ajuda com meu pai e mais dois irmão. Ele nos recebeu e deu logo uma sanfona para a gente. E ajudou. Ai não sai mais da companhia dele", narra.

Do estilo versátil, que inova agregando ao toque da sanfona outras referências e sonoridades da música brasileira, Dominguinhos não nega e nem perde a parte que pertence ao mestre Gonzagão. "No começo, todo dia estava conversando com ele, ouvindo cantar, ensaiar. Ficamos juntos até quando deu", diz.

Despedida
Entre sua própria carreira - que rendeu mais de 40 discos e parcerias com grandes da música brasileira, inclusive Gonzaguinha - e os reencontos com Luiz Gonzaga, Dominguinhos lembra ainda de dois dos momentos mais marcantes.

"Nós fizemos várias coisas juntos. Acho que o mais marcante foi o da despedida dele em 1984", aponta, sobre participação no show "Danado de Bom", especial gravado para a Rede Globo que marcou a despedida dos palcos.

Outro grande momento, completa Dominguinhos, foi estar ao lado do mestre durante os nove dias que passou em Araripe, cidade próxima a Exú, no sertão caririense, em 1975, quando esta completara 100 anos. "O Araripe tinha completado 100 anos e teve uma festa para comemorar também a chegada da energia elétrica. Todos os Gonzagas foram para lá. Foram nove dias de festas. Uma novena", lembra. Na programação desta sexta-feira no Kukukaya, além de Dominguinhos, haverá apresentações do grupo pé de serra "Os Maneiros" e "Bob Araújo".

SAIBA MAIS
Histórias do mestre Lua
Narrativas da convivência de Dominguinhos com Luiz Gonzaga foram registrados neste ano no documentário "Dominguinhos Canta e Conta Gonzaga", dirigido por Wagner Malagrine e Mauricio Machado. O artista interpreta músicas de Gonzagão e conta algumas de suas histórias em entrevistas mediadas pelo pesquisador musical Paulinho Rosa. O filme deve ser lançado em dezembro, durante as comemorações do centenário. Gravado em locais chaves na história dos dois artistas, o filme utiliza locações como o Hotel Tavares Correa, em Garanhuns, onde os dois se encontraram pela primeira vez, além de cenas em Exú, terra natal de Luiz Gonzaga e m São Paulo, onde Dominguinhos mora atualmente.

Mais informações:
Show de Dominguinhos em homenagem a Luiz Gonzaga. Hoje, às22 horas, no Kukukaya (Av. Pontes Vieira, 55) Ingresso: R$ 25. Contato: (85) 3227.5661

FÁBIO MARQUESREPÓRTER

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