domingo, 19 de fevereiro de 2012

Talento cearense em terras italianas

Atriz Lindy Lima, conhecida no teatro local, estreia curta na Itália e dá
 continuidade ao seu trabalho por lá
A descoberta da habilidade em lidar com o palco surgiu durante o curso de Música da Universidade Federal do Ceará, com habilitação em canto. "Durante os quatro anos, fiz disciplinas de teatro e me identifiquei com a atividade", revela Lindy. Foi assim que a estudante de música Lindy Lima, que trabalhava cantando em casamentos, iniciou sua carreira como atriz. O primeiro trabalho, ainda na universidade, foi um musical, chamado "Forrobodó", sobre Chiquinha Gonzaga, em 2006. O remake da famosa opereta lançada em 1912 foi escrito por Carlos Bettencourt e Luis Peixoto e adaptado pelo coral do Curso de Extensão em Música da UFC (CEM), do qual Lindy participava à época.

Outros trabalhos vieram em seguida, na Companhia Teatral Acontece, onde fez "O homem do Sol no Céu da Boca"; em curso com Oscar Roney, que culminou no espetáculo "O Castigo de Santo Antônio" e alguns outros, como "Flor e Nausea" e "A Gata Borralheira". Um de seus últimos trabalhos no Ceará foi uma participação como figurante no filme "As Mães de Chico Xavier", da Estação Luz Filmes.
Em 2010, contudo, Lindy Lima casou e se mudou para Bordighera, na Itália, onde reside seu esposo. "Sou atriz profissional com registro na Carteira de Trabalho, mas como retomar uma carreira em um país que não reconhece o registro brasileiro? Achei que meus dias como atriz tinham chegado ao fim", confessa. Mas a vontade de continuar fazendo teatro levou a atriz a buscar alternativas. Um ano depois de sua chegada, ingressou em uma igreja evangélica da cidade e iniciou um grupo de teatro gospel com outros sete integrantes.

Cinema

A oportunidade de estrear um filme na Itália surgiu por meio da cunhada, que lhe informou sobre a abertura da seleção para atrizes. "Ela conhecia o diretor e me falou que eles estavam precisando de uma atriz", explica. Lindy enviou seu currículo, mas, a princípio, não teve notícias animadoras. "Ele respondeu meu e-mail informando que havia recebido muitas inscrições e que talvez eu não fosse selecionada. Achei que não ia dar certo", acrescenta.

Segundo a atriz, enquanto estava no Ceará chegou a receber muitas negativas em seleções por não possuir uma aparência tipicamente cearense. "Minha feição não é muito comum no Ceará: branca, olhos puxados, loira. Quando me inscrevia para alguns papéis, geralmente me pediam para pintar o cabelo. Ironicamente, na Itália, foi isso que fez a diferença. As outras moças inscritas possuíam uma feição muito comum, pouco marcante", argumenta Lindy. Um mês após a inscrição para a seleção de elenco, Lindy recebeu a notícia de que havia sido aceita.

Montagem
"33 giri" é o nome do curta-metragem de 13 minutos do qual Lindy Lima participa. O filme, cujo protagonista é um jovem com Síndrome de Down, procura testar a capacidade de inferência do espectador. Tendo perdido a mãe recentemente, o jovem procura, a todo custo, recriá-la, dando-lhe vida novamente. O curta foi rodado na própria cidade em que Lindy vive atualmente.

Aliás, as paisagens do lugar são um dos destaques do filme. O roteiro, elaborado com competência, não possui falas, sendo costurado apenas pela trilha sonora. "O fato de não ser falado foi uma vantagem enorme para mim. Estou lá há pouco tempo, então ainda estou aprendendo e meu sotaque estrangeiro é muito forte. Estou me esforçando para falar cada vez melhor, mas isso leva tempo", ressalta.
De passagem pelo Ceará, além de aproveitar o Carnaval para visitar familiares e amigos, a atriz retorna com uma missão importante: distribuir o filme entre contatos que medeiem a inscrição dele em premiações locais, como o Cine Ceará. "Já me sinto bastante realizada, mas ficaria ainda mais se conseguisse ganhar um prêmio na minha terra. Seria maravilhoso", espera Lindy. De acordo com a artista, a parceria com o jovem diretor Riccardo Di Gerlando promete render outros trabalhos.

"Escrevi um curta-metragem em 2008, mas nunca achei que fosse ser rodado. Estou conversando com Riccardo e provavelmente vamos filmá-lo. Mas isso em outra oportunidade, agora nosso foco é a divulgação deste filme e a inscrição dele em festivais e mostras pela Europa e agora pelo Brasil também", finaliza.

MAYARA DE ARAÚJOREPÓRTER

Nenhum comentário:

Postar um comentário