domingo, 22 de janeiro de 2012

Que tal ser voluntário e fazer o bem?

A assistente social coordenadora da ONG Moradia e Cidadania e funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal, Sônia Olimpo, trabalha como voluntária há 19 anos na instituição e confessa se sentir feliz em seu trabalho que beneficias pessoas
A assistente social coordenadora da ONG Moradia e Cidadania e funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal, Sônia Olimpo, trabalha como voluntária há 19 anos na instituição e confessa se sentir feliz em seu trabalho que beneficias pessoas
O Ibope aponta 35 milhões de voluntários no Brasil, destes 54% exercem a atividade com frequência
A fisioterapeuta Patrícia Foggia, há um ano e cinco meses, trabalha como voluntária na Organização Não Governamental (ONG) Moradia e Cidadania, em Fortaleza. Segundo ela, sua rotina diária, que se resumia em atender mais de dez pacientes à domicílio, ir para igreja e cuidar dos filhos e marido, passou a ter um sentido e significado maior: o da solidariedade.
Na ONG que atende cerca de 1.020 pessoas de todas as idades no bairro Sapiranga, Patrícia atende, em um turno durante três dias da semana, os mais variados casos, desde pacientes que se recuperam de ferimentos a bala até fraturas leves.

Para Patrícia, o trabalho voluntário virou coisa séria a ponto dela ter que recusar trabalho remunerado para cuidar dos pacientes gratuitamente. "A minha remuneração aqui é a gratidão, o sorriso e a mudança de vida dos meus pacientes. Quando você é voluntário, aprende muito mais que ensina. Se eu pudesse não sairia daqui nunca mais".

A fisioterapeuta faz parte do grupo de cerca de 35 milhões de pessoas que fazem ou já fizeram algum trabalho voluntário no País. É o que aponta a pesquisa da Rede Brasil Voluntário, realizada no segundo semestre do ano passado pelo Ibope Inteligência. No total, foram entrevistadas, em duas etapas, 2.002 pessoas em oito capitais brasileiras, incluindo Fortaleza.

A pesquisa foi encomendada com o objetivo de analisar o atual cenário do voluntariado no Brasil, após dez anos da mobilização do Ano Internacional do Voluntário (2001). Em 2011, em todo o mundo, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), foi comemorada década do serviço voluntário.

Além de fazer parte desse grupo que ajuda o próximo pelo prazer de fazer o bem, Patrícia Foggio também se encaixa entre os 67% dos entrevistados que prestam serviço voluntário e também trabalha fora de casa. Segundo a pesquisa, 51% dos entrevistados cumprem a jornada integral, ou seja, trabalham manhã e tarde e somente 14% atuam fora meio período. Outros 6% trabalham em casa, 7% só estudam e apenas 3% não trabalham.

O Ibope aponta também que destes, cerca de 15 milhões de pessoas, exercem alguma atividade voluntária no momento e 14% (aproximadamente de 20 milhões) não. Segundo o estudo, o serviço voluntário é exercido, em média, há cinco anos. Os mais jovens, de 16 a 29 anos, exercem o voluntariado há menos tempo, 3,2 anos, e os de 30 a 49 anos há mais tempo, 5,4 anos.

Dos voluntários que, atualmente, exercem alguma atividade, 54% fazem com uma frequência definida e 46% realizam sem uma frequência definida. Em média, os voluntários dedicam 4,6 horas ao serviço.

Satisfeitos
A maioria dos voluntários (77%) declarou estar totalmente satisfeita com o serviço que faz, destaque para os resultados daqueles com mais de 50 anos (83% totalmente satisfeitos) e das classes sociais D e E (86%). Em relação à motivação para o exercício do trabalho voluntário, 67% apontam que o fazem para "ser solidário e ajudar os outros", 32% para "fazer a diferença e melhorar o mundo" e 32% por motivações religiosas.

Dos voluntários entrevistados, 87% declararam que estão totalmente motivados em continuar exercendo o trabalho de voluntário. Além disso, os entrevistados foram divididos por sexo e também por classe social. Diante disso, o levantamento identificou que 53% dos voluntários são mulheres e 47% homens, com uma média de idade de 39 anos. Dividem-se entre casados (47%) e solteiros (42%).

Cerca de 62% dos voluntários têm em média 2,5 filhos. Em relação à classe social, 43% é da C, seguida pela classe A que apresenta 40% e por último as classes De E com 17%. Dentre os voluntários, 38% têm Ensino Médio completo ou superior incompleto e 20% têm Ensino Superior completo.

Perfil
67% dos voluntários trabalham fora de casa, sendo que 51% no período integral e somente 14% atuam meio período. Outros 2% trabalham fora e em casa.

Idade e sexo
53% dos entrevistados, que dizem fazer serviço voluntário, são do sexo feminino. Além disso, 22% dos prestadores de serviço têm entre 30 e 39 anos de idade.

FIQUE POR DENTRO

Lei do voluntário completa 14 anos no Brasil
Considera-se serviço voluntário, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física à entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos e de assistência social, inclusive mutualidade.

O serviço voluntário não gera vínculo empregatício nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.. Será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, publica ou privada, e o voluntário dele devendo constar o objeto e as condições do seu serviço. O prestador poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar durante o trabalho.

Moradia e Cidadania para os excluídos sociais em Fortaleza
Em Fortaleza, a ONG Moradia e Cidadania atua em 17 bairros carentes. A maior unidade da instituição funciona no bairro Sapiranga

O autônomo Flávio Cavalcante de Oliveira, morador do bairro Sapiranga, em Fortaleza, há cerca de um ano está desempregado. Segundo ele, quando o desespero já batia na sua porta um colega o levou para conhecer a Organização Não Governamental Moradia e Cidadania, que fica localizada no mesmo bairro.

Flávio conta que ao chegar na instituição logo se inscreveu em um curso que sempre sonhou em fazer, mas nunca teve dinheiro para pagar: o de cabeleireiro. "Aqui, nossa comunidade é muito carente e foi por meio desse trabalho voluntário que consegui ver a esperança de conquistar um emprego", ressalta.

Solidariedade
A Organização Não Governamental Moradia e Cidadania (ONG) teve origem no Comitê da Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa Econômica federal, formado em 1993. É responsável por iniciativas como: educação, geração de trabalho e renda e apoio às ações de combate à fome e à miséria para comunidades de baixa renda.

Com a constatação de que o caráter de personalidade jurídica ajudaria a levar os projetos adiante, permitindo a ampliação de suas atividades, o movimento acabou se transformando em uma Organização Não Governamental, com abrangência nacional. Aqui em Fortaleza, ela atua em 17 unidades diferentes, atendendo um total de 2.500 pessoas carentes. A maior delas funciona no bairro Sapiranga e abrange oito comunidades, oferecendo auxílio na área da saúde, cursos de capacitação, orientação psicológica, entre outros.

Segundo a assistente social, coordenadora da ONG e funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal, Sônia Olimpo, que trabalha como voluntária há 19 anos na unidade, cada funcionário do banco doa mensalmente um ticket alimentação para a instituição e as demais doações são feitas por voluntários. Atualmente, na unidade da Sapiranga existem oito profissionais da saúde trabalhando gratuitamente como voluntários: um neurologista, um psicólogo, um fisioterapeuta, uma fonoaudiólogo e três dentistas. Porém, há uma carência de profissionais de outras áreas como ginecologista, clínico geral, pediatra, além de outros dentistas.

Ela explica que cerca de 1.022 pessoas de todas as idades são atendidas mensalmente somando as capacitações e atendimentos diário. "Eu me sinto feliz por estar desenvolvendo um trabalho que beneficia pessoas tão carentes de amor, oportunidades e respeito. O trabalho voluntário transforma vidas e desde criança me sinto chamada para ajudar o próximo", diz.

A coordenadora voluntária ressalta que a instituição oferece curso de corte e costura, cabeleireiro, manicure, pedicure, depilação, informática e artesanato. Segundo ela, é recompensador escutar o relato de mulheres que nunca tinham trabalhado fora de casa e depois de fazer o curso afirmam ter conseguido pagar a faculdade do filho com o dinheiro do próprio trabalho ou simplesmente colocar telhas novas na casa onde mora. "Levamos as mulheres que fazem artesanato para vender suas peças dentro da agência, assim facilitamos o início de uma bela profissão: a de artesã", ressalta

Maria Gorete da Silva, 51 anos, aperfeiçoou sua técnica de artesanato na instituição, diante disso, conseguiu dinheiro suficiente para comprar seu próprio carro. Hoje, ela é instrutora voluntária e passa o que aprendeu para outras mulheres. "A satisfação de ser voluntária é grande e quando notamos que a aluna tem o verdadeiro interesse em aprender é melhor ainda. Cada uma dessa mulheres entrou nessa instituição sem emprego e sai daqui com uma profissão".

Mais informações:

Endereço: Rua São João 1764, bairro Sapiranga.
Telefones: (85) 3472. 7299 / 3472.7072 ou através do site: www.moradiaecidadania.org.br

KARLA CAMILA
REPÓRTER

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