quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sertanejo na alma


"Tenho uma identificação muito grande com o Nordeste"
Mais do que qualquer coisa, amar é construir pontes entre pessoas, sentimentos e intenções para transformá-los em algo maior. E foi partindo dessa ideia que o Padre Fábio de Melo foi montando seu novo disco. Lançado em CD e DVD, No Meu Interior Tem Deus (Sony Music) é uma ponte entre as canções religiosas e a música sertaneja. Fã do estilo interiorano, ele desde cedo ouvia as duplas mais famosas do estilo e agora quis trazer o que aprendeu com eles para sua música.
“Gosto de fazer uma ponte entre a evangelização com a música do povo, ressaltar valores antigos que acabam sendo esquecidos”, explica Padre Fábio, por telefone, sem esconder a satisfação pelo novo disco. Em grande parte, essa alegria se deve à participação luxuosa do sanfoneiro Dominguinhos, que canta e toca em A Vida do Viajante (Hervê Cordovil/ Luiz Gonzaga). “É uma honra muito grande. Quando ele aceitou o convite, até pensei ‘já posso morrer’”, comenta ele que também queria ter cantado com Almir Sater. “Mas o Almir leva uma vida mais reclusa no interior e nem conseguimos fazer o contato. Ele tem a vida que eu ainda quero ter”.

No Meu Interior Tem Deus foi gravado ao vivo no Teatro Abril, em setembro deste ano. Cercado por uma banda de 18 músicos, entre violas caipiras, violões e cordas, o disco tem direção musical do pianista Bozzo Barretti, que fez parte do Capital Inicial de 1987 a 1992. No repertório, estão 26 canções (no CD são 16) que misturam sucessos antigos do Padre Fábio, como Sou um Zé da Silva, e clássicos do sertanejo, como Disparada (Geraldo Vandré/ Theo de Barros), Lamento Sertanejo (Gilberto Gil/ Dominguinhos) e Vide, vida marvada (Rolando Boldrin).

Meio chateado, Padre Fábio confessa que ainda enfrenta resistência dentro da Igreja por tentar aproximar a música religiosa de outros estilos. “Não tenho a pretensão de achar que música religiosa é feita só por gente religiosa. Se eu pensar assim, a música religiosa pode ficar muito limitada. Prefiro procurar as coisas no céu e o céu nas coisas”, explica ele que levou essa proposta em conta na hora de selecionar as faixas do novo disco. “Existe nessas canções uma beleza que nos comove. São histórias que são contadas e não trazem nenhuma frase que venha a agredir minhas convicções”. Ainda assim, ele admite que Lamento Sertanejo é a letra “mais mentirosa” do disco. “Eu gosto de cama mole e sei comer sem torresmo”, brinca comentando parte da letra.

Para o Padre Fábio, ter gravado No Meu Interior tem Deus também foi uma forma de homenagear o nordeste brasileiro. “Tenho uma identificação muito grande com o Nordeste, principalmente com a cultura. É um povo muito maculado pela mídia”. E completa: “O Sul se orgulha tanto de produzir dinheiro, mas não podemos esquecer a produção cultural do Nordeste”. E ele ainda aproveita pra jogar um elogio numa dupla muito querida no Ceará. “Um dia eu tava com o Renato Aragão e comentei sobre o trabalho do Ítalo e Reno. Eles são ótimos mesmo. Aliás, o forró e o samba são os ritmos mais brasileiros”, encerra.

SERVIÇO
No Meu interior Tem Deus
O que: novo disco do padre Fábio de Melo / Sony Music/ 14 faixas Preço médio: R$22,90 (CD) e R$29,90 (DVD)
Saiba mais

> Padre Fábio nunca estudou música, mas gosta de ficar atento ao que está tocando. Entre os cuidados que tem com a voz, ele procura ter um repouso regular e bebe muita água.
 
> Segundo ele, o que ajuda muito na hora de botar voz nas canções é que ele canta da mesma forma que fala. “Pode prestar atenção. É igual”, diz o Padre.
 
> Entre os artistas religiosos que ele mais gosta estão Suely Façanha e Nicodemos Costa, e outros da comunidade Shalom.

PROMOÇÃO: Acompanhe o twitter @opovoonline. A partir das 13h de hoje, será sorteado um kit com o novo CD e DVD do Padre Fábio de Melo.

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