sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Reisado dos Caretas é atração no Ano Novo

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FOTO: DIVULGAÇÃO
Os caretas representam o retorno dos Reis Magos após a visita ao Menino Jesus. As apresentações vão até o dia 6 de janeiro, pela zona rural
Senador Pompeu O Ano Novo está chegando e, com ele, os grupos de folguedo invadem os terreiros fechando o ciclo natalino, com a visita dos Reis Magos à manjedoura do Menino Jesus. Neste Município, conhecido como "Terra da Cultura", o Reisado de Boi de Caretas do São Joaquim, como é conhecido o grupo cultural do povoado, deu início à jornada festiva. Até o próximo dia 6 de janeiro, passará pelas comunidades de Candoca, Cajazeiras e Oiticica, em Senador Pompeu, e ainda, nos sítios Riacho e Santa Rita, em Pedra Branca. O folguedo se encerra no quinto dia de janeiro no Sítio Riacho, em Pedra Branca.
Segundo o produtor cultural Fran Paulo da Silva, o reisado da comunidade de São Joaquim de Cima, é remanescente de grupos tradicionais que existiram na região no final do século XIX e início do século XX. Assim como outros grupos tradicionais da região, incorporaram diversos elementos de diferentes festas e épocas, ao longo do tempo e assimiladas por gerações de brincantes. Assim como acontece em ouros reisados, a brincadeira representa o retorno dos Reis Magos da visita ao Menino Jesus. Por esse motivo, todos (os caretas) usam máscaras para não serem reconhecidos pelo Rei Herodes, o qual queria saber o local no nascimento do Menino Deus, para matá-lo.

E assim tem sido a festa. Acompanhados da burrinha e do boi, por serem os animais que estavam no local do nascimento de Jesus, é escolhido um terreiro para a brincadeira.

São Joaquim de Cima foi a primeira comunidade a receber os brincantes. Eles escolheram o terreiro do Zé Demar, membro do grupo, filho do mestre João André do Nascimento. Enquanto a lua e as estrelas surgiam no céu, os vizinhos iam chegando com cadeiras para acompanhar a dança, sentados. Gente de todas as idades, uns chegavam de moto, outros de pau-de-arara. "O certo é que, em menos de meia hora, o terreiro fica lotado. A comunidade vivencia suas tradições culturais de forma espontânea e democrática", acrescentou Fran Paulo.

Conforme mestre João André, líder do reisado, a apresentação traz alegria para a comunidade, e também socialização e de fortalecimento da identidade cultural. "É bom para vivenciar a tradição local de forma intensa e envolvente", disse. Outra mestra da cultura regional, dona Angelita, fez questão de participar.

A empolgação foi tanta que, ao fim, várias pessoas se reuniram para a dança de São Gonçalo, mais uma tradição da comunidade. Mas nada disso seria possível se o grupo de agricultores não fosse unido. Hoje, é um dos mais antigos e tradicionais de Senador Pompeu.

Sagrado e profano
Para muitos admiradores e participantes, o ato de brincar no reisado dá prazer e devoção, envolvendo o sagrado e profano em um só espaço. Trata-se de momento mágico, que encanta e diverte, com música, dança, poesia, drama. Tudo isso, bem característico dos caboclos mestres, na execução de coreografias pelos caretas em torno das figuras, na teatralização da morte do boi, na investigação de qual careta foi responsável pela morte do boi e sua punição.

O reisado de São Joaquim recebeu da Secretaria da Cultura do Estado o título Patrimônio Vivo da Cultura do Estado do Ceará. Foi premiado pelo terceiro ano consecutivo, pelo edital Ceará Natal de Luz. Além das apresentações, acontecem oficinas com as crianças do Projeto Pontinho de Cultura Cultivando Vida e Arte no Semiárido e jovens do grupo artístico Arautos do Bonfim, realizado pelo Instituto Casarão e Uzina Produções.

Mais informações:
Instituto Casarão

(88) 9916. 5994

Senador Pompeu

Site: http://www.institutocasarao.blogspot.com/

ALEX PIMENTELCOLABORADOR

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