quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

HORA DE PLANTAR: Distribuição de sementes começa segunda-feira na região do Cariri

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VIVIANE PINHEIRO
Governador Cid Gomes dirige trator na solenidade de entrega simbólica do maquinário ontem em Fortaleza
Cerca de 90% das sementes do Programa Hora de Plantar já estão nos 11 armazéns do interior do Estado
Fortaleza. A distribuição de sementes do programa Hora de Plantar 2012 começa na próxima segunda-feira, na região do Cariri. Lançado ontem na sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará, o projeto prevê a distribuição 3,8 toneladas de sementes para agricultores familiares do Estado. Ao todo, 250 mil produtores deverão ser beneficiados através da ação, para a qual foram aplicados R$ 17 milhões.
De acordo com a engenheira agrônoma e orientadora da cédula de agricultura de sequeiro da SDA, Conceição Pontes, após a região do Cariri, as sementes começarão a ser distribuídas, no restante do Estado, conforme o início do período chuvoso em cada região. "Provavelmente, as próximas distribuições vão ser, então, nas serras", indica.

A partir do início das chuvas, complementa, os produtores podem começar a pedir as sementes nos armazéns de suas respectivas regiões. "O agricultor é quem vai sentir a necessidade", frisa. Hoje, afirma, entre 85% e 90% das 3,8 toneladas de sementes já estão nos 11 armazéns que abastecem o Estado. A expectativa é de que todas as sementes sejam entregues até a primeira semana de janeiro.

Segundo o engenheiro agrônomo Marcondes Oliveira, o prognóstico da Funceme também serve como base para definir o início do cultivo. O agricultor é orientado a plantar as sementes somente após a divulgação da previsão de chuvas feita pela Funceme, a qual está prevista para a primeira quinzena de janeiro de 2012.

A SDA também espera, ressalta Conceição, que o sistema de informação ligado à distribuição das sementes possa ser aprimorado e passe a funcionar em tempo real. Atualmente, afirma, muitos Municípios não têm condições técnicas de enviar, de modo instantâneo, as informações sobre quantos quilos de sementes foram distribuídos.

Em todo o Ceará, serão distribuídas sementes de feijão, milho, arroz, sorgo, algodão, mamona, gergelim, girassol e amendoim, além de muda de cajueiro anão, urucum e mandioca. Mais informações sobre o projeto, assim como o manual que detalha a distribuição das sementes, por município, podem ser acessadas na página eletrônica da SDA - http://www.sda.ce.gov.br/.

Tratores
Durante o lançamento do Hora de Plantar 2012, também foi feita a entrega de 104 tratores a associações comunitárias de agricultores de 66 Municípios cearenses. Para a iniciativa, que faz parte do Projeto São José, foram aplicados cerca R$ 5,7 milhões. Segundo informações da SDA, 6.450 famílias deverão ser beneficiadas através da ação.

Para as associações que receberam os veículos, a expectativa é de que os tratores resultem em um aumento da renda e da produção nos próximos anos.

Conforme o representante da Associação de Moradores de Papel e Garrote, de Paramoti, Vicente Rodrigues, a entidade, que até ontem não tinha um veículo do tipo, costumava alugar um trator que viabilizasse a realização das atividades agrícolas, que envolvem principalmente o plantio de milho e feijão. O aluguel, afirma, representava um gasto elevado, custando entre R$ 80 e R$ 90 por hora.

O aluguel de trator também é praticado na comunidade Várzea/Panchavati, no Município de Jucás. Segundo Wilson Teixeira, representante da entidade, o trator que os produtores costumam alugar muitas vezes não está disponível, o que prejudica a produção da comunidade.

Segundo o titular da SDA, Nelson Martins, a Secretaria irá acompanhar a utilização dos tratores, para garantir que os veículos não sejam vendidos e sejam utilizados para o benefício dos produtores. Conforme ele, desde que o Estado passou a distribuir tratores, há cinco anos, 500 veículos já foram distribuídos.

Além do secretário, também participou da entrega dos tratores o governador Cid Gomes, que destacou a necessidade de apoiar os pequenos produtores. "É fundamental incentivar a agricultura familiar", frisou.

Implementos
No último ano, os tratores distribuídos às associações foram entregues sem alguns dos implementos que garantem o pleno funcionamento dos veículos. Em Paramoti, por exemplo, informa o prefeito Marcos Aurélio Santos, o trator enviado a uma associação não continha a máquina debulhadora, precisando este equipamento ser alugado pelos agricultores da localidade.

De acordo com Nelson Martins, a ausência dos suplementos ocorreu porque a empresa que deveria entregar os equipamentos, previstos no processo licitatório, não o fez. "Então, nós desfizemos o contrato e fizemos uma nova licitação", diz. Conforme o secretário, os implementos devem ser entregues até fevereiro de 2012 e os 104 tratores ontem repassados às associações já contam com os implementos.

Mais informações:
Secretaria de Desenvolvimento
Agrário do Ceará
Fortaleza, Avenida Bezerra de Menezes, 1820, São Gerardo,
Telefone: 3101.8002

produtividade
"Em cinco anos, o Estado entregou a associações 500 tratores, que fazem com que o preparo de solo seja bem mais eficiente"
Nelson Martins
Titular da SDA

JOÃO MOURAREPÓRTER

Manutenção do trator sai caro para algumas comunidades
Iguatu. Desde 1995, a partir da implantação do Projeto São José, no Ceará, tratores começaram a chegar ao campo para apoiar as atividades produtivas. O projeto não enfrenta desvio de finalidade, mas o entrave é o mau gerenciamento das máquinas que ficam quebradas com regularidade. A vida útil de um trator é de 10 anos em média e as comunidades que receberam os primeiros equipamentos hoje enfrentam dificuldades para compra de implementos e conserto dos veículos.

A ideia do projeto era que as comunidades conseguissem gerenciar bem essas máquinas e com elas melhorar a renda familiar e fazer fundo de reserva para manutenção dos tratores. Na prática, isso não acontece. Depois de 20 anos de aquisição de um trator, os atuais diretores da Associação de Moradores de Pedregulho, em Orós, enfrentam dificuldades para manter a máquina funcionando. "Está ficando quase inviável porque quebra demais", disse Bonfim Freire dos Santos, do Conselho Fiscal. "Nos últimos dois anos, já gastamos mais de quinze mil reais".

A localidade de Pedregulho fica no entorno do Açude Lima Campos uma área que no passado foi destaque por apresentar elevadas safras de arroz irrigado no verão (julho a dezembro). Além do trator quebrado, os produtores enfrentam alto custo de produção e baixo rendimento na lavoura. Desse modo, o desestímulo é geral.

Alguns fatores contribuem para que as associações comunitárias enfrentem dificuldades para manter os tratores em funcionamento com regularidade: o baixo preço cobrado pela hora de serviço para os sócios, que é de 50% em relação ao custo de mercado; reduzido retorno financeiro em face do baixo valor dos grãos produzidos (arroz, milho e feijão), que mal cobram os custos de produção e falta de gerenciamento. "Recebemos esse trator só o bagaço", lamentou Bonfim Santos. "O nosso sonho era adquirir uma máquina nova, mas o Projeto São José não permite", reclama.

A maioria das associações de produtores rurais enfrenta problema de gerenciamento, e não consegue fazer fundo financeiro para manutenção das máquinas e implementos. Com o decorrer do tempo, os tratores vão ficando estragados e com uso limitado. "Isso é uma questão cultural e depende do nível de organização das associações", observou o gerente regional do Projeto São José, Moacir Torres Bandeira.

A maior dificuldade é a manutenção das máquinas. "Infelizmente, muitas associações não estão organizadas para a formação de uma reserva financeira como prevê o projeto", observa o chefe do escritório da Ematerce em Icó, Francisco Pereira de Alencar, que apontou um caso exitoso. Associação Comunitária de Amaniutuba, em Lavras da Mangabeira, recebeu em 2010 um trator e um reboque e graças ao serviço de transporte e de preparo de terra já tem em caixa mais de R$ 6 mil. "Esse é um exemplo que deve ser seguido", observou.

Atualmente, o custo de aquisição de um trator com implementos agrícolas para o Projeto São José, segundo a Ematerce está orçado em cerca de R$ 80 mil. O equipamento favorece o preparo de solo para o plantio agrícola, beneficiamento de grãos e o transporte da safra e de outros produtos ou bens, beneficiando a comunidade. A cobrança de frete é outra fonte de renda para as associações. Na região Centro-Sul, há alguns exemplos de bom uso dos tratores em comunidades de Malhada Vermelha, em Icó; Croatá e Córrego, em Quixelô e José de Alencar, em Iguatu. A Associação de Moradores do Sítio Varzinha, no Distrito de José de Alencar, é um exemplo de organização e de bom gerenciamento. O trator adquirido há mais de dez anos e os implementos têm manutenção regular graças à correta aplicação dos recursos arrecadados.

MAIS INFORMAÇÕES:
Escritório da Ematerce em Iguatu
Av. Presidente Castelo Branco
S/N, Bairro Cocobó
Região Centro-Sul
Fone: (88) 3581. 9478


HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER

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