Será que a expectativa da população em relação ao atendimento de energia elétrica e telefonia foi alcançada? |
O ano de 1998 foi marcante para o consumidor brasileiro. Naquele período, ainda durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a população assistiu à venda de estatais atuantes em diversos segmentos da economia e viu transformarem-se as relações com os prestadores de serviços essenciais, como energia elétrica e telefonia. No caso do Ceará, em abril de 1998, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) foi a leilão e passou à mão da iniciativa privada, assim como a Teleceará, pertencente ao sistema Telebrás, em julho.
Cerca de 13 anos já se passaram desde então, e será que as expectativas da população de que as empresas atendessem à crescente demanda e levassem os serviços, com qualidade, para localidades onde ainda não existiam, principalmente na zona rural, foram alcançadas?
Avanços
É fato que muito se avançou desde o fim dos anos 90. Se naquele tempo, a Coelce, por exemplo, atendia a cerca de 1,77 milhão de clientes, hoje esse número já chega a quase 3 milhões. Praticamente, todo o Estado está eletrificado. Cerca de 98% dos lares já podem contar com os benefícios da energia elétrica, número que foi impulsionado com o programa Luz para Todos, iniciativa do Governo Federal para levar energia aonde não tinha no País, especialmente no campo.
Na telefonia, a realidade também é semelhante. Na fixa, por exemplo, de acordo com informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não existem mais as chamadas "localidades mudas", ou seja, regiões que não tinham como comunicar-se devido à falta de aparelhos telefônicos no Estado.
Segundo a Agência, todas as localidades com entre 100 e 300 habitantes contam, pelo menos, com um telefone público. Onde possui população maior, além do orelhão, é disponibilizado ainda o acesso individual.
Na telefonia móvel, essa "universalização" ainda não é bem uma realidade. Mas no caso do Ceará, todos os municípios contam com a cobertura de pelo menos uma das quatro empresas autorizadas a operar em território cearense: Claro, OI, TIM e Vivo.
Melhorias necessárias
Apesar dos visíveis avanços, ainda há muito a se melhorar na prestação de serviços telefônicos e de energia ao consumidor brasileiro, principalmente em termos de qualidade e de preços das tarifas.
O Brasil, para se ter uma ideia, é o País com a terceira conta de energia mais cara do mundo, perdendo apenas para a Alemanha e a Áustria, ainda que, ironicamente, seja a nação com um dos menores custo na geração.
"Assim como na telefonia fixa, na energia existe um monopólio na prestação do serviço, sem falar da tarifa elevada. Os consumidores que precisam de telefone não têm uma assinatura mais barata, sem falar das muitas reclamações nos órgãos de defesa do consumidor com relação à má prestação do serviço. Ainda ocorrem apagões na energia, também não tivemos a compensação por conta do erro no cálculo da tarifa; além disso, o ressarcimento em casos de apagões não é adequado", opina a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci.
Sem benefícios
Com relação ao telefone celular, a especialista lembra que, apesar da concorrência, a população ainda paga uma conta muito elevada.
No entendimento de Inês Dolci, as privatizações, que vendiam uma ideia de vantagem ao cidadão, na prática, não beneficiou. "Houve avanço, pois quem não tinha, tem, mas a custo muito elevado. Inclusive há linhas ociosas, mas é tão caro que a pessoa tem que correr para o pré-pago. Existe um embate muito grande entre consumidor e empresa, mas o jogo, claramente, parece ser mais voltado para as empresas", aponta.
DIEGO BORGES
REPÓRTER
Cerca de 13 anos já se passaram desde então, e será que as expectativas da população de que as empresas atendessem à crescente demanda e levassem os serviços, com qualidade, para localidades onde ainda não existiam, principalmente na zona rural, foram alcançadas?
Avanços
É fato que muito se avançou desde o fim dos anos 90. Se naquele tempo, a Coelce, por exemplo, atendia a cerca de 1,77 milhão de clientes, hoje esse número já chega a quase 3 milhões. Praticamente, todo o Estado está eletrificado. Cerca de 98% dos lares já podem contar com os benefícios da energia elétrica, número que foi impulsionado com o programa Luz para Todos, iniciativa do Governo Federal para levar energia aonde não tinha no País, especialmente no campo.
Na telefonia, a realidade também é semelhante. Na fixa, por exemplo, de acordo com informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não existem mais as chamadas "localidades mudas", ou seja, regiões que não tinham como comunicar-se devido à falta de aparelhos telefônicos no Estado.
Segundo a Agência, todas as localidades com entre 100 e 300 habitantes contam, pelo menos, com um telefone público. Onde possui população maior, além do orelhão, é disponibilizado ainda o acesso individual.
Na telefonia móvel, essa "universalização" ainda não é bem uma realidade. Mas no caso do Ceará, todos os municípios contam com a cobertura de pelo menos uma das quatro empresas autorizadas a operar em território cearense: Claro, OI, TIM e Vivo.
Melhorias necessárias
Apesar dos visíveis avanços, ainda há muito a se melhorar na prestação de serviços telefônicos e de energia ao consumidor brasileiro, principalmente em termos de qualidade e de preços das tarifas.
O Brasil, para se ter uma ideia, é o País com a terceira conta de energia mais cara do mundo, perdendo apenas para a Alemanha e a Áustria, ainda que, ironicamente, seja a nação com um dos menores custo na geração.
"Assim como na telefonia fixa, na energia existe um monopólio na prestação do serviço, sem falar da tarifa elevada. Os consumidores que precisam de telefone não têm uma assinatura mais barata, sem falar das muitas reclamações nos órgãos de defesa do consumidor com relação à má prestação do serviço. Ainda ocorrem apagões na energia, também não tivemos a compensação por conta do erro no cálculo da tarifa; além disso, o ressarcimento em casos de apagões não é adequado", opina a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci.
Sem benefícios
Com relação ao telefone celular, a especialista lembra que, apesar da concorrência, a população ainda paga uma conta muito elevada.
No entendimento de Inês Dolci, as privatizações, que vendiam uma ideia de vantagem ao cidadão, na prática, não beneficiou. "Houve avanço, pois quem não tinha, tem, mas a custo muito elevado. Inclusive há linhas ociosas, mas é tão caro que a pessoa tem que correr para o pré-pago. Existe um embate muito grande entre consumidor e empresa, mas o jogo, claramente, parece ser mais voltado para as empresas", aponta.
DIEGO BORGES
REPÓRTER
Nenhum comentário:
Postar um comentário