sábado, 30 de abril de 2011

Capital registra 6 mortes por dengue em 2 semanas


 
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Oficina mecânica no bairro Jóquei Clube foi interditada e autuada pela Secretaria Executiva Regional II após agentes encontrarem pelo menos dez focos do mosquito FOTO: KIKO SILVA
 As mortes causadas por dengue - hemorrágica ou por complicações - estão aumentando no Ceará. A situação é mais preocupante em Fortaleza, que nos últimos 15 dias registrou seis mortes, número igual ao dos três primeiros meses deste ano. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgado ontem. Em todo o Ceará, já são 34 mortes em 2011, dos quais 22 no Interior do Estado. Fortaleza teve 1.383 novos casos em duas semanas, uma média de 92 infectados a cada dia. Neste ano, já foram 5.030 na Capital cearense.
A doença é registrada na maioria dos bairros da cidade. É o vizinho, um irmão ou amigo. Se antes era mais difícil adquirir o vírus mais perigoso, hoje é comum os casos de dengue hemorrágica. A proporção este ano é de um caso grave para 30 sem gravidade.
Na epidemia de 1987, por exemplo, a estimativa da Sesa era de um para dois mil. A tendência é a difusão do tipo mais fatal na Capital para os próximos anos de epidemias.
Para o Coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, a situação é preocupante e a população não deve esperar mais que três dias para levar um doente grave ao pronto-socorro. "Não se pode aguardar muito, é uma corrida contra o tempo. Uma febre alta já pode ser sinal de perigo. Tem gente morrendo em menos de 24 horas por choque anafilático, falta de hidratação", explica.
No Ceará, foram notificados 40.960 casos suspeitos de dengue em 184 municípios. Destes, 11.988 foram confirmados em 122 municípios e 10.990 amostras foram negativas.

Cuidados
Questionado do porquê do aumento expressivo das mortes, Manoel Fonseca culpou, em parte, a população que estaria desatenta aos sintomas mais agudos. Um outro vilão seria o próprio vírus que estaria vindo com mais força, mais "turbinado", confundindo os doentes. A doença se camufla com casos de virose, pneumonia e até amidalite. "Uma criança que ficou três dias com febre alta e infecção na garganta e a família não atentou para o fato de ser dengue, achou que era uma simples infecção. O menino chegou ao hospital desidratado e morreu logo", lamenta o coordenador.
Os números da dengue hemorrágica são assustadores. No Ceará, foram notificados 356 casos, destes 150 casos na Capital e 206 casos no Interior. Confirmados, um total de 50 casos, com quatro óbitos de Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) na Capital e 46 casos, com quatro mortes, no Interior. No último boletim, foram notificados 65 casos de dengue com complicação em Fortaleza. Destes, oito óbitos, e 115 casos no Interior com18 óbitos.
A Sesa reforça os cuidados com os sinais de alerta. Informa à população que a fase crítica da doença vai do 3º dia (quando a febre desaparece) até o 5º dia. O paciente precisaria voltar, imediatamente, a um hospital ou unidade de pronto - atendimento caso apresente um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sonolência ou irritabilidade, hemorragias importantes, diminuição da diurese e da temperatura corpórea, desconforto respiratório e queda das plaquetas.
"Temos que dar atenção especial a crianças, idosos e gestantes pela possibilidade de agravamento. Há que se lembrar que a dengue reduz bastante as defesas imunológicas do organismo", alerta Fonseca.
Sobre o aumento das mortes, o titular da Secretaria Municipal de Saúde, Alex Mont´ Alverne, informou que a rede hospitalar está preparada para a grande demanda. "Temos 15 unidades fazendo a hidratação e continuamos com as ações para redução dos focos", explicou.

Vistoria
Diante do descumprimento das notificações emitidas a estabelecimentos que concentram focos do mosquito Aedes aegypti, a Secretaria Executiva Regional (SER) III intensificou as ações através de blitzes que visitarão pontos estratégicos. Ontem, uma oficina no bairro Jóquei Clube foi interditada e autuada pela Prefeitura após agentes encontrarem pelo menos dez focos do mosquito. O proprietário já havia sido notificado cinco vezes desde janeiro.
De pneus a latas de óleo, vários objetos acumulavam água e larvas de mosquitos no momento em que a fiscalização chegou à oficina. Segundo a SER II, o estabelecimento não poderá receber novos clientes até que o dono comprove que o local não representa risco. O proprietário da oficina reconheceu a culpa e comprometeu-se em regularizar a situação até o início da próxima semana.

IVNA GIRÃO E JOÃO MOURAREPÓRTER / ESPECIAL PARA CIDADE

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