Com a cheia do rio Granjeiro, ruas no Crato se transformaram em rios durante a madrugada de ontem. Desespero para a população (FOTO: AMAURY ALENCAR ) |
Mais de 500 prédios alagados, estabelecimentos comerciais invadidos pelas águas e saqueados, casas destruídas, comunidades isoladas na zona rural, árvores e postes derrubados, veículos, eletrodomésticos e móveis levados pelas águas e até uma bomba de gasolina arrastada pela correnteza. A chuva forte, de 162 milímetros, que caiu ontem no Crato, Região do Cariri, também invadiu a cadeia pública e os 80 presos tiveram de ser transferidos. Os homens foram para a Penitenciária Regional Industrial do Cariri, em Juazeiro, e as mulheres para Barbalha.A chuva mais volumosa do ano causou o transbordamento do rio Granjeiro que passa no centro da cidade. As águas invadiram as casas assustando os moradores que viam também os muros sendo derrubados e paredes caindo. Segundo a Defesa Civil, 50 pessoas ficaram desabrigadas, 12 casas desabaram, 400 famílias ficaram sem abastecimento de água e 600 famílias sem energia elétrica. Além disso, cinco pontes foram destruídas.
Embora tenha atendido mais de 100 chamadas desde que o rio começou a transbordar, ainda na madrugada de ontem, o Corpo de Bombeiros informou que só ocorreram prejuízos materiais. Nenhuma morte. O prefeito Samuel Araripe (PSDB) decretou estado de calamidade pública.
As famílias que mais sofreram com a enxurrada foram dos bairros Vila Lôbo, Vila Alta e Parque Granjeiro, por onde passa o rio através de um canal. Vinte famílias estão desabrigadas e foram alojadas em creches e escolas. No bairro Alto da Pedra, duas casas caíram e outra ficou destruída na Travessa Cedro. No bairro Pimenta, residências também ficaram alagadas e com os muros caidos.”Sai pela janela com a ajuda dos outros, perdi a maioria das minhas coisas”, queixava-se a dona de casa Maria Dias.
Comércio
Os comerciantes calcularam um prejuízo de R$ 200 mil já que cerca de 100 estabelecimentos foram invadidos pelas águas. “Nunca tinha visto uma tragédia igual a essa. Amanheci o dia atordoado e preocupado com a situação da loja”, disse o comerciante Ivan Maia, 79, que calcula prejuízos entre R$ 600 mil a R$ 700 mil. Policiais Militares cercaram ontem as ruas do Centro, onde ficam os estabelecimentos comerciais e agências bancárias, para permitir que os funcionários fizessem a limpeza sem que houvesse o risco de novos saques.
Depois que as águas começaram a baixar, ainda na manhã de ontem, vários objetos, alimentos e eletrodomésticos foram recolhidos por pessoas que moram em bairros mais próximos do rio Granjeiro.. “Tem muita coisa na rua. A gente encontra refrigerante, óleo de cozinha, bacias, baldes e até botijão de gás”, informou a dona de casa Maria Lima. (Colaborou Amaury Alencar)
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O canal, por onde passam o rio Granjeiro, sempre transborda quando as chuvas são mais fortes no Crato. Os moradores das ruas próximas ficam com as casas alagadas e sofrem prejuízos com a perda de móveis e eletrodomésticos.
SAIBA MAIS
O tenente-coronel Leandro Nogueira, coordenador executivo da Defesa Civil do estado, informou que o órgão e o Corpo de Bombeiros estão em alerta para auxiliar os municípios que sofrerem inundações. Segundo ele, são 1.670 homens.
As pessoas que moram no Interior que necessitarem do atendimento de equipes da Defesa Civil do Estado podem ligar os números 199 e 193.
Segundo a Funceme, foram registradas chuva no Crato (162mm), Juazeiro do Norte (85mm), Pacoti (73mm), Cariús (66mm), Ipaumirim (65.6mm), Icó (68.3mm) e Orós (61 mm).
Rita Célia Faheina
ritacelia@opovo.com.br
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