A transmissão de cargo de ministro da Educação para Cid
Gomes ocorreu ontem, em Brasília, na presença de lideranças nacionais e
aliados cearenses
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
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O lema "Brasil, pátria educadora", lançado na última quinta-feira por
Dilma Rousseff em seu discurso de posse para o segundo mandato à frente
da Presidência da República, foi o mote do discurso do novo ministro da
Educação, Cid Gomes, ex-governador do Ceará, que em sua posse prometeu
"melhores escolas, valorização dos professores, profissionais mais
felizes e qualidade na educação".
A cerimônia de transmissão de cargo para Cid Gomes foi um dos eventos
mais concorridos na Esplanada dos Ministérios, ontem, onde outros novos
ministros foram oficializados em outras pastas. Entre as autoridades que
prestigiaram a posse do ministro cearense, estavam o novo ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, a ministra de Direitos Humanos, Ideli
Salvatti, a ministra do Desenvolvimento Social, Teresa Campello, e o
ministro da Saúde, Arthur Chioro.
"Estou preocupado, acho que neste momento o Ceará está acéfalo", disse
Cid Gomes, em tom descontraído, ao destacar a presença do governador do
Estado, Camilo Santana, do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, do
presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Zezinho Albuquerque, de
vários deputados estaduais, federais, além dos senadores Inácio Arruda
(PCdoB) e José Pimentel (PT) e representantes dos setores organizados da
sociedade civil cearense.
A transmissão de cargo foi um momento que gerou emoção não apenas para
Cid Gomes, mas também para o ex-ministro da Educação Henrique Paim, a
começar por uma falha no sistema de som que obrigou o auditório lotado a
cantar o Hino Nacional sem acompanhamento musical, o que levou Paim às
lágrimas. O ex-ministro também se emocionou ao falar de seus 11 anos no
Ministério da Educação e fazer um balanço de todos os avanços
conseguidos pela Pasta sob o seu comando
Democratização
Henrique Paim destacou que os últimos 11 anos fecham um ciclo em sua
vida pessoal e na educação brasileira, que, segundo o ex-gestor, desde o
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem vivendo um
período de democratização. Paim ressaltou a parceria que manteve durante
sua permanência no Ministério com o ex-governador do Ceará Cid Gomes.
"Antes, a sigla do Ministério era MEC, porque ele também cuidava da
Cultura. Eu brincava agora que a sigla continua sendo MEC, porque virou
Ministério da Educação do Ceará". Paim salientou que os projetos
desenvolvidos nos últimos oito anos no Estado são referência nacional e
que a educação cearense é exemplo para o País. "Quero ressaltar:
educação não é privilégio, é direito", pontuou.
Ao falar de suas prioridades à frente do Ministério da Educação, Cid
Gomes reafirmou sua intenção de reformular o ensino médio. "A educação
no Brasil é a prioridade das prioridades. O país teve grande êxito com
suas políticas sociais e de segurança alimentar, garantindo que o Brasil
saísse do mapa da fome e a inclusão de brasileiros em melhores
condições de vida. Agora o novo desafio é o da inclusão pelo saber",
afirmou o ex-governador Cid Gomes.
Ainda de acordo com o novo ministro da Educação, o conhecimento e a
educação são "o caminho certeiro para o desenvolvimento humano. O povo
brasileiro fez do Brasil um dos países mais ricos do mundo, mas, ao
mesmo tempo, somos um dos países com as maiores desigualdades do
planeta. Somente através da educação será possível superar este quadro
injusto", avaliou o ministro.
Projetos
Cid Gomes afirmou que toda a sociedade brasileira tem que saber a
importância da valorização da educação para o desenvolvimento do País.
"Todo o esforço do Estado será insuficiente se não contar com o
compartilhamento da sociedade na discussão da pátria educadora",
declarou Cid. O ministro ainda informou que se empenhará pessoalmente
para aumentar o atendimento às crianças de zero a três anos de idade
através de creches. "Vamos universalizar o atendimento de crianças de
quatro a cinco anos à pré-escola".
"Vou desenvolver ainda mais o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade
Certa. Este programa nasceu no Ceará, na minha cidade de Sobral, quando
fui prefeito. Depois se estendeu para todo o Estado quando fui
governador. O êxito que lá tivemos fez com que o PAIC fosse transformado
em uma política nacional", complementou.
O ministro da Educação disse ainda ter como grande meta melhorar a
qualidade do ensino fundamental. "Para o ensino médio temos um desafio
especial, que é além de criar o acesso, reformar o seu currículo,
compreendendo as características regionais de cada Estado, cada
município brasileiro", alega. Cid afirmou que, para ter sucesso, será
precisará do apoio de todos os professores, mestres, universidades e de
todo o corpo técnico do MEC.
Conforme Cid Gomes, por determinação da presidente Dilma, já está
definida a ampliação do número de escolas de tempo integral em todo o
país. "Vamos atuar para garantir que sejam ofertadas 12 milhões de vagas
no Pronatec nos próximos quatro anos", garantiu.
Cid também informou que visitará todas as regiões do país, todas as
universidades e institutos federais para conversar com os professores,
reitores e estudantes em buscas de suas experiências exitosas. O
ministro reafirmou seu compromisso com a inclusão educacional garantida
pela política de cotas.
Camilo aponta desafios do Ceará
Apesar de avaliar que a indicação de Cid Gomes para o Ministério da
Educação foi um acerto da presidente Dilma Rousseff e reconhecer que a
educação no Ceará tem programas que são modelo para todo o país, o novo
governador do Estado, Camilo Santana, afirma que ainda há muitos
desafios para serem vencidos na educação cearense.
"Tenho certeza que Cid trará toda a sua experiência para o Ministério
da Educação. Desde que ele foi prefeito de Sobral e depois governador,
com o PAIC ele teve um resultado fantástico, bem como a implantação das
escolas profissionalizantes, que o Estado não tinha nenhuma e hoje são
110. Esta experiência o credencia para este desafio", disse Camilo
Santana.
Sobre a educação no Ceará, o governador recém-empossado citou os
percalços a serem vencidos no Estado. "Não é que a educação do Ceará vá
muito bem. Acho que temos grandes desafios a vencer, principalmente
quanto ao ensino médio. Eu tenho o privilégio de ter como minha
vice-governadora a ex-secretária de Educação (Izolda Cela), que foi sete
anos secretária do Cid e responsável pelos avanços no Ceará", destacou.
"Hoje nós temos desafios que vão além da educação. A segurança pública é
um desafio nacional, mas é uma preocupação que vou tratar pessoalmente.
Esta é uma das minhas prioridades, diminuir os índices de violência no
Estado, e vou tentar garantir a segurança hídrica no Ceará", afirmou
Camilo, lembrando que o Estado passa por um período de estiagem que se
prolonga há mais de três anos e que é preciso concluir as grandes obras
de infraestrutura hídrica do Estado.
Refinaria
Acerca do possível prejuízo que as denúncias de corrupção na Petrobras
podem trazer à Refinaria Premium II, no Ceará, Camilo Santana afirmou
que, de acordo com a presidente Dilma Rousseff, os problemas enfrentados
pela Estatal não afetarão as obras no Ceará.
"Na minha conversa com a presidente Dilma ela afirmou que não mudou em
nada o compromisso do Governo Federal com a instalação da refinaria.
Tanto que o Brasil precisa ter refinarias, para refinar o petróleo,
principalmente para refinar o petróleo do pré-sal", garante.
O petista justifica que a demora no início das obras foi motivada por
exigências da petrolífera. "Terrenos, licenciamentos, conflitos com
áreas indígenas, ampliação da infraestrutura do Porto de Pecém,
investimentos em infraestrutura. Investimos mais de um bilhão de reais
para ampliar a infraestrutura, tudo para atender à demanda da refinaria.
Portanto, a palavra da presidente é que nada mudará em relação à
refinaria do Estado", alega.
O governador diz esperar que as denúncias envolvendo a estatal sejam
investigadas. "Para que as pessoas sejam punidas, aquelas que estejam
envolvidas em qualquer tipo de desvio. E que a Petrobras continue sendo
um grande patrimônio brasileiro e que nós brasileiros não possamos
permitir que a Petrobras deixe de ser esta grande empresa de todos os
brasileiros".
Nomeação de ministro gera expectativa em aliados
A indicação do ministro Cid Gomes para a pasta da Educação repercutiu
não apenas no meio político, mas também na área acadêmica. Para o reitor
da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jesualdo Farias, foi muito
importante que a presidente Dilma Rousseff tenha escolhido a educação
como "a prioridade das prioridades" do novo governo. Ele diz acreditar
que a indicação do ex-governador do Ceará para o Ministério aponta para o
fortalecimento de ações da área.
"Ele é uma escolha pessoal da presidente, da sua cota pessoal. Isto
sinaliza de forma muito visível que ele entra como um ministro
fortalecido já de início", opina o reitor da UFC.
O deputado federal Leônidas Cristino (PROS) afirmou que a escolha da
presidente Dilma pelo nome de Cid foi feita com base em sua experiência
reconhecida como gestor que priorizou a educação. "Como prefeito de
Sobral e como governador, ele fez uma administração transformadora
focada na área educacional, tanto que o PAIC virou um programa de nível
nacional", ressaltou.
Já o deputado federal Domingos Neto (PROS) avalia que o lema "Brasil,
pátria educadora" é um alento para os jovens de todo o País, não só na
área de educação, mas em outros setores. "Precisamos projetar nossa
juventude para as oportunidades que vão chegar. Existem grandes desafios
a serem vencidos e a presidente Dilma mostrou que quer vencer estes
desafios ao escolher o ministro Cid Gomes para enfrentá-los", disse.
"Nós temos o mapa da violência, que tem colocado recorrentemente entre a
juventude os maiores índices de mortes no nosso país. Estes jovens que
estão morrendo têm idade, cor e local. São as periferias das grandes
cidades. Estes fazem parte do grande número de jovens que estão fora das
escolas", acrescenta.
Escolas técnicas
O senador e próximo secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Inácio
Arruda (PCdoB), citou avanços obtidos pela gestão Cid Gomes na área da
Educação. "Vamos ter para o Ministério da Educação um dos melhores
quadros da política brasileira, que tem ao mesmo tempo a capacidade de
ver o conjunto, a floresta, digamos assim, sem perder o foco na árvore. O
Cid tem esta capacidade. Governou durante oito anos sua cidade, pegou
ela no chão e deixou como uma das melhores cidades nordestinas, do
Ceará. Encontrou o Estado sem nenhuma escola técnica profissional e
deixa o Ceará com 110, quase 50 mil estudantes".
O prefeito Roberto Cláudio opina que Cid Gomes é o nome ideal para
executar o lema do Governo Federal: Brasil, pátria educadora. "O Cid é
um grande empreendedor e tem vinculada à sua vida pública a Educação.
Transformou Sobral, pequeno município do interior do nordeste, em
referência de qualidade em educação pública brasileira".
Rose Silveira
Repórter
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