sexta-feira, 21 de junho de 2019

Nathizael diz que não aceitou ser vice de Sávio Gurgel

Nathizael diz que não aceitou ser vice de Sávio Gurgel  foto Acervo pessoal
Após sair rumores da suposta formação de uma composição para disputa eleitoral de 2020, com Sávio Gurgel(PDT) e Nathizael Gonçalves(PSD), pré-candidatos a prefeito e vice respectivamente, coube ao parlamentar dizer que não era verdade, já que em momento algum durante a conversa envolvendo Leleo, Raimundinho Cordeiro, Sávio e ele, ficou definida essa união, que foi sim, sugerida por Sávio, que até chegou em um certo momento da conversa até cogitar que poderia ser vice de Nathizael.

O vereador Nathizael Gonçalves(PSD), disse que tem se esforçado no sentido de construir uma unidade e que conseguiu nos últimos dias reunir lideranças politicas que caminharam juntos nas ultimas campanhas, como Liro Paz(PSB), Guida Maia(PCdoB), Edivanir Fernandes(Didi do Agaci)(PP) e Adriana Ribeiro(PMB), para que estes possam formar um bloco para as eleições municipais do próximo ano.

Segundo o parlamentar a ideia é que estes possam ir para o Progressistas, mesmo partido que ele deverá se filiar quando for aberta a janela partidária.

Para tal, Nathizael aconselhou que Guida Maia, Didi do Agaci e Liro Paz, iniciem um trabalho de divulgação de suas pretensões para concorrerem ao cargo de prefeito, e que ele fará o mesmo, mas que o ex-prefeito Raimundinho Cordeiro(PSD), continua com seu nome a disposição e que assim todos possam estarem em pé de igualdade, e com isso aquele nome que esteja melhor na aceitação popular, seja o candidato de todo o grupo.

Nesta composição, ele não descarta a vinda de Sávio Gurgel, assegurando não ter nenhuma rejeição,  assim como de todos que queiram somar no grupo. Segundo ele, Sávio teria dado a entender durante a conversa que poderia receber o apoio de Weber Araújo(PRB), atual prefeito, caso não foi possível ser apoiado daquele grupo, e inclusive reafirmou que sua pretensão seria compor com Nathizael, que preferiu silenciar, deixando claro que não aceitou, e que ficou surpreso o vazamento do que teria sido conversado, e de forma distorcida, já que havia o entendimento que como nada teria sido acertado, não deveria ser tornado público.       

O vereador disse que necessita ouvir muita gente, pois existe um grupo politico formado por vereadores que votaram nele para presidente da Câmara Municipal de Russas,  e que ele só seria candidato se fosse de todo o grupo, nunca isoladamente, sendo necessário ainda ouvir Marcos Estácio(PSD) e Zé de Fátima(SD) que manifestam o desejo de serem candidatos a vice-prefeito. 

Sua meta é unir, aliados do Raimundinho que estiveram com ele nos últimos pleitos e na campanha do deputado Nelinho Freitas, e ainda aqueles que lhe acompanham no parlamento russano e até novas lideranças.   

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Pacarrete: Diretamente de Russas um cearense em Xangai

Ator João Miguel, atriz Marcélia Cartaxo e diretor Allan Deberton nas filmagens de
Ator João Miguel, atriz Marcélia Cartaxo e diretor Allan Deberton nas filmagens de "Pacarrete", longa de Allan Deberton (Russas) (Foto: Luiz Alves / divulgação)
Por Bruna Forte-O Povo
Maria Araújo Lima nasceu em Russas, a 165 km de Fortaleza, nos idos de 1912. Corpo afeito ao movimento, a cearense gozou seus 92 anos de vida como uma enfant terrible: abusou das cores e formas em suas vestimentas, tinha o ar afrancesado de quem já aportou em muitos destinos e sonhava ser bailarina profissional e abrir uma escola de dança no interior. Pacarrete (do francês "pâquerette", "margarida"), como ficou conhecida a figura vanguardista, bordou-se no imaginário do cineasta e realizador audiovisual Allan Deberton desde a infância dele. Sua trajetória de resistência é retratada no longa-metragem Pacarrete (2019), filme recém-selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Xangai. Dentre 3.964 filmes inscritos de 112 países, a produção cearense entrou na lista de 15 longas de ficção que concorrem ao grande prêmio do festival, o Golden Goblet Award. O evento acontece entre 15 e 24 de junho na China.

Dirigido por Allan Deberton, Pacarrete foi roteirizado em parceria com os também realizadores André Araújo, Samuel Brasileiro e Natália Maia. Primeiro longa de Allan — premiado por curtas como Doce de Coco e O Melhor Amigo —, o filme está maturando há cerca de 10 anos. "Quando eu era criança, indo e voltando da escola, percebia quando apontavam na rua para uma senhora com roupas diferentes, um tanto exageradas, que gritava e parecia reclamar alguma injustiça. Lembro desta senhora que julgavam como louca, mas que adorava música clássica, era muito inteligente e adorava conversar. Soube que cantava, que era bailarina clássica e militante da cultura. Era disso que ela reclamava: a cultura que parecia não chegar no interior", relembra Allan. Em 2007, no início da faculdade de Cinema em Niterói (RJ), o conterrâneo de Pacarrete começou a pesquisa que resultou no longa a ser lançado em Xangai.

A premiada atriz paraibana Marcélia Cartaxo (A Hora da Estrela) interpreta Pacarrete na obra. "É um projeto antigo movido a afetos. Quando fiz meu primeiro curta, Doce de Coco (2010), estando a Marcélia Cartaxo em Russas, gravando comigo, falei para ela sobre a Pacarrete e perguntei se ela faria a personagem. Sonhamos com isso juntos desde então", compartilha o diretor. Para viver a personagem que dança na ponta dos pés, Marcélia preparou-se ao longo de cinco meses. "Começamos a filmar o longa em Fortaleza e depois seguimos para Russas, onde foi filmado 95% do filme. Rodamos durante quatro semanas com uma equipe envolvida de quase 100 pessoas. Pacarrete ficou pronto no início de maio", continua o diretor.

Sobre a seleção para o prestigiado Festival Internacional de Cinema de Xangai, um dos maiores da Ásia, Allan demonstra compromisso com a cena cearense. "O Festival de Xangai é um dos mais importantes do mundo e um dos poucos credenciados Classe A pela FIAPF (Federação Internacional de Associações de Produtores Cinematográficos), a mesma entidade que supervisiona e atesta a qualidade de festivais como Cannes, Berlin, Veneza, San Sebastian, entre outros. Para o Ceará, imagino que isto representa orgulho e realização. Junto com outras produções de cinema produzidos no estado, como Infernino, de Guto Parente e Pedro Diógenes, Greta, de Amando Praça, e Soldados da Borracha, de Wolney Oliveira, só para citar os mais recentes, que foram lançados em grandes festivais, a seleção de Pacarrete representa a excelente fase de nosso cinema, maduro e diverso — e universal — pois nossas histórias estão conseguindo chegar longe. Nosso cinema está pulsando forte ao descompasso que caem os investimentos da cultura no Brasil e no Ceará", acredita. O juri do festival conta com renomadas personalidades, como o diretor italiano Paolo Genovese e a atriz chinesa Zhao Tao.

"Eu sabia que Pacarrete seria meu primeiro longa, pois era a minha grande motivação como cineasta. Queria pôr na tela uma história importante pra mim, sobre a verdade da minha cidade — e a minha própria, como pessoa. É tão difícil fazer cinema que a gente precisa amar o projeto, lutar por ele. Ao mesmo tempo, eu queria me sentir melhor preparado, maduro, queria fazer o filme quando tivesse realmente competência para tal, no sentido de dar o melhor de mim pra contar esta história. E deixei o tempo passar, fazendo curtas, maturando esta ideia, estudando. Uma vez tive medo do filme não acontecer e desta história não ser contada. Tive medo de Pacarrete ser esquecida... Foi então que juntamos uma grande equipe, o que me deixou muito feliz em todo o processo — obrigado pela confiança — e fizemos o filme, tornamos ele possível. Acho que as pessoas se modificaram como eu me modifiquei. Continuo querendo contar histórias sobre resistência humana, sobre insatisfações, sobre mover-se. Espero que a plateia se modifique também", finaliza o diretor.

Além de Pacarrete, outro filme brasileiro compete ao Golden Goblet Awards — é o longa-metragem gaúcho RAIA 4 (2019), do realizador Emiliano Cunha.