quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Morre a atriz Beatriz Segall aos 92 anos

A atriz estava internada desde o começo de agosto ( Foto: Divulgação/TV Globo )
por Estadão Conteúdo
Morreu nesta quarta-feira, 5, aos 92 anos, a atriz Beatriz Segall, conhecida por viver a icônica vilã Odete Roitman na novela Vale Tudo, de 1988, na Rede Globo. A informação foi confirmada pela assessoria da atriz ao jornal O Estado de S. Paulo. 

Beatriz estava internada já há algumas semanas no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com problemas respiratórios e veio a óbito por volta de meio dia.  A causa da morte ainda não foi divulgada.

O velório será realizado na própria instituição a partir das 19 horas, na quinta-feira, 6, em seguida, no mesmo dia, o corpo da atriz deve ser cremado em Cotia, na Grande São Paulo.
Odete Roitman
Beatriz Segall brilhou em todas as mídias - no cinema estreou em 1950, com A Beleza do Diabo, de Romain Lesage. Não filmou muito, mas participou de filmes importantes - Cléo e Daniel, À Flor da Pele Pixote, a Lei do Mais Fraco, Romance, Desmundo.

Na TV, embora tenha participado de novelas de grande sucesso - Dancin’ Days, Água Viva, Pai Herói, Sol de Verão, Barriga de Aluguel, etc. - o grande papel foi como Odete Roitman, que virou emblema de autoritarismo e corrupção em Vale Tudo, novela de Gilberto Braga (com Aguinaldo Silva e Leonor Bassères) na Globo, em 1988, há 30 anos.

Consagrada como vilã, sua personagem inspirou o mistério que, nem depois de solucionado - Quem matou Odete Roitman? -, deixou de inspirar humoristas e autores. 

No teatro, entre muitíssimas personagens, em montagens que fizeram história - Os Inimigos, Marta Saré, O Inimigo do Povo, A Longa Noite de Cristal, O Interrogatório etc -, foi uma extraordinária intérprete de Edward Albee em Três Mulheres Altas contracenando com Natália Thimberg e Marisa Orth na versão de 1995. Em 2009. recebeu do então governador José Serra a comenda da Ordem do Ipiranga.

Vida 

Nascida, em 1926, numa família de classe média, o pai dirigia uma prestigiada escola no Rio e ela teve educação esmerada, segundo os padrões dos anos 1940 - piano francês e bordado. Amava o teatro, mas quando anunciou à família que queria ser atriz, o pai quase teve uma síncope. Meninas de boa família não subiam ao palco, naquele tempo em que atrizes tiravam carteirinhas de prostitutas para exercer a profissão. Mas, nos 50, quando recebeu uma bolsa para estudar francês e literatura em Paris, não renunciou a nada. 

No Brasil mesmo, já havia iniciado um curso de teatro com a grande Henriette Morineau. A temporada na França foi gloriosa - prosseguiu esses estudos, enamorou-se do filho - Maurício - do pintor Lazar Segall. Casaram-se em 1954 e tiveram três filhos - Sérgio, Mário e Paulo. O primeiro tornou-se um importante cineasta, assinando como Sérgio Toledo. Foi premiado em Berlim, em 1987, com Vera. Durante dez anos Beatriz permaneceu devotada à família, aos filhos. Em 1964, o ano do golpe militar, retomou a carreira, substituindo Madame Morineau na montagem de Andorra no Oficina, de José Celso Martinez Correia. Não parou mais. O marido pertencia à ALN, tendo sido preso e torturado. Beatriz teve de ser o arrimo da família nesse período difícil.

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