Joesley Batista, do Grupo J&F, afirmou que acerto financeiro com parlamentar mineiro foi fechado em troca de apoio aos negócios do empresário ( Foto: AFP ) |
Diário do Nordeste
São Paulo. Na semana em que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e obstrução da Justiça, novos depoimentos de delatores do Grupo J&F e da empreiteira Andrade Gutierrez ampliaram denúncias contra ele. Aécio, alvo de uma ação penal e oito inquéritos na Corte, foi também acusado de pressionar o ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio, a nomear um delegado da Polícia Federal de sua preferência. Os fatos também aumentaram o desgaste do senador mineiro no PSDB e a pressão para que ele fique afastado do processo eleitoral deste ano.
O empresário Joesley Batista afirmou em depoimento à Polícia Federal anteontem ter repassado R$ 110 milhões ao senador durante a campanha do tucano à Presidência da República em 2014 em troca de apoio do mineiro nos negócios do Grupo J&F.
O empresário entregou à Polícia Federal uma planilha em que listou doações, ao lado de notas fiscais e de recibos com informações para comprovar o repasse ao senador. Segundo Joesley, o valor foi dividido entre o PSDB – que teria ficado com R$ 64 milhões – o PTB– com R$ 20 milhões – e o Solidariedade– que teria levado R$ 15 milhões.
Gravações
Além disso, outros R$ 11 milhões foram repassados, segundo Joesley, para as campanhas de políticos que apoiaram o tucano na disputa pela Presidência em 2014. Em outro depoimento, o dono da J&F disse ainda que pagou uma espécie de “mesada” de R$ 50 mil por mês ao senador entre 2015 e 2017. No relato, o empresário disse que a “mesada” foi solicitada pelo senador para custear suas despesas e que o pagamento era feito por meio da Rádio Arco Íris, da qual Aécio era sócio. Os dois depoimentos de Joesley reafirmam as informações prestadas pelos executivos da J&F durante as negociações do acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República em maio do ano passado.
Os executivos gravaram conversas com Aécio, o presidente Michel Temer e outros políticos. O acordo de delação da J&F foi rompido pela Justiça em setembro de 2017 após novos áudios virem à tona que mostravam que Joesley e Ricardo Saud omitiram informações da Justiça.
Repasse
Na terça-feira passada, Sérgio Andrade, acionista da Andrade Gutierrez, afirmou que a empreiteira firmou um contrato R$ 35 milhões com uma empresa de Alexandre Accioly para repassar recursos a Aécio. Accioly é amigo do senador mineiro.
Sérgio Andrade prestou depoimento em inquérito que apura o pagamento de propina ao tucano em troca de ajudas às empreiteiras que participaram da construção da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Ele também afirmou que um acerto foi feito entre a Andrade e a Odebrecht para o pagamento a Aécio.
A defesa de Aécio afirmou que Joesley mente para tentar manter, “de forma desesperada”, seu acordo de colaboração premiada que aguarda há sete meses para ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal. “Os recursos doados às campanhas do PSDB em 2014 somaram R$ 60 milhões e estão devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral”, disse em nota o advogado Alberto Zacharias Toron.
Nenhum comentário:
Postar um comentário