Entrevista com Francisco Pimentel - Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (Regional/CE)
Há diferenças entre o câncer de mama em mulheres e homens?
Apesar de algumas semelhanças, esse tipo de câncer no homem tem diferenças comparado ao da mulher. Não há uma clara compreensão de sua evolução. Os casos com expressão de receptores hormonais são comuns nos homens e não aumentam com a idade (ao contrário das mulheres). Subtipos moleculares agressivos representam menos de 10% dos casos, comparado a cerca 30 a 40% no sexo feminino. No homem, o carcinoma lobular (segundo tipo histológico na mulher) é muito incomum devido à falta de desenvolvimento adequado da glândula.
Quais os principais sintomas e fatores de risco?
O nódulo na mama é o principal achado clínico, podendo, em alguns casos, ocorrer retração e secreção espontânea do mamilo, abaulamento e dor, em casos avançados. São fatores de risco: idade, exposição a radiação prévia, história familiar, mutação conhecida (especialmente BRCA2) e a síndrome de Klinefelter. Algumas drogas que alteram o ambiente hormonal foram relacionadas, no passado, ao risco de câncer de mama, como a finasterida. Mas não parecem elevar o risco para câncer, apesar de aumentar o risco para ginecomastia.
Há dados quanto à incidência?
O câncer de mama masculino não é uma doença frequente. Sua incidência é de 1 para 100 casos de câncer de mama na mulher. Nos EUA, por exemplo, há cerca de 2600 casos/ano, cerca de 1% de todos os casos. A média da idade no diagnóstico é maior no homem (acima de 65 anos). Há poucos estudos para melhor caracterizar a biologia da doença.
Entre os casos diagnosticados, qual a incidência de cura?
Assim como nas mulheres, a possibilidade de cura está relacionada com o diagnóstico precoce. Comparados por estágio da doença, o prognóstico é semelhante ao da mulher. Segundo o Inca, 57% dos casos estão nos estágios III e IV nos quais as chances de cura são menores. Em condições ideais, há um número crescente de sobreviventes nos países desenvolvidos.
Quais os tipos de câncer de mama masculino mais comuns?
São aqueles que expressam receptores hormonais (os luminais), com exceção dos lobulares que não são comuns. Os subtipos mais agressivos representam (HER2 e Triplo Negativo) menos de 10% dos casos.
Como é feito o tratamento?
É fundamental ser atendido pelo mastologista. A investigação diagnóstica e o tratamento do câncer de mama masculino são semelhantes ao do feminino. A cirurgia está indicada, em geral, para todos os casos: consiste na retirada do tumor com margens de segurança, o que representa, frequentemente, uma mastectomia, pelo reduzido volume da mama masculina. A avaliação do status axilar é vital para fins terapêuticos e de informação, sendo possível a realização da biópsia do linfonodo sentinela, que consiste no primeiro gânglio que recebe a drenagem mamária. O tratamento é complementado, antes ou após a cirurgia, pela quimioterapia, radioterapia, terapias alvo e hormonioterapia.
Diário do Nordeste
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