Muitos moradores saem de casa, usando guarda-chuva para se proteger do sol, como a aposentada Francisca Ribeiro ( Foto: Honório Barbosa ) |
por Honório Barbosa - Diário do Nordeste
O sol forte, o céu limpo, falta de nuvens, de vento e de chuvas favorecem o aumento da temperatura nesta época do ano. Se os moradores da área litorânea estão reclamando do calor intenso, para quem mora no sertão, a sensação térmica é insuportável, pois há menos vento. Essa é a queixa geral do cearense. As elevadas temperaturas deixam os moradores enfadados e a reclamação ocorre principalmente na rua.
Ontem, no entanto, houve uma ligeira mudança no tempo. O céu permaneceu nublado e houve registro de chuva em pelo menos dez municípios, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). As cinco maiores foram em Redenção (12mm), Pacajus (9,6mm), Santana do Cariri (5mm), Barbalha (3,5mm) e Araripe (3,4mm). Para os próximos dois dias, a Funceme prevê tempo com nebulosidade variável e ocorrência de chuvas isoladas em todas as regiões, com predomínio na faixa litorânea, Sul e Maciço do Baturité.
A onda de calor que deu trégua nessa terça-feira, em decorrência do tempo nublado, deve voltar com intensidade no decorrer da semana. Há seis dias, a Funceme registrou, em estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Ceará, elevadas temperaturas do ar em Jaguaribe (39,6ºC); Crateús (39,4ºC), Sobral (38,5ºC), Iguatu (38,4ºC) e Tauá (38ºC).
Durante os últimos dias, principalmente em municípios das regiões do Cariri, Sertão Central e Inhamuns, precipitações começaram a molhar a terra e dar esperança ao povo cearense. Entre dezembro e janeiro, as precipitações que caem no Estado são provocadas pelos fenômenos Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) e Cavados de Altos Níveis (CAN). No sul do Estado, durante este período, sistemas meteorológicos que chegam ao Nordeste também trazem chuvas. Nesta época, os acumulados não chegam a ser grandes. As normais para dezembro e janeiro são, respectivamente, 31,6mm e 98,7mm. Até o momento, os maiores acumulados foram em Itapipoca (110,8mm), no dia 16; e Altaneira (24mm), no dia 18.
Explicação
"As chuvas, neste período, geralmente não são muito volumosas. Em janeiro se tem as precipitações mais significativas do período porque os sistemas mencionados (VCAN e CAN) são mais atuantes naquele mês em especial", detalha o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, meteorologista Raul Fritz.
O calor intenso deixa até a água do chuveiro e das torneiras mais quente. "Tive que colocar baldes sobre pias e no banheiro porque ninguém aguenta tomar banho com a água que sai da encanação", disse a aposentada Francisca Caldas. "Aqui em Iguatu, o calor só diminui quando chega o 'Aracati'(vento forte que sopra do mar para o sertão nessa época do ano, à noite)".
Entre quem trabalha ao ar livre, como pedreiros e auxiliares, pintores, vendedores de rua, varredores e mototaxistas, a reclamação ainda é maior. "O jeito é tentar se proteger e beber muita água para se hidratar", disse o mestre de obras Paulo Gomes.
"O calor está matando", disse o vendedor de água mineral, Alcides Lopes. "Ninguém está suportando e até para dormir está ruim, só vai com ventilador". As vendas de água mineral aumentaram 40% e de água de coco cerca de 30%, em pelo menos cinco pontos de comercialização no Centro desta cidade.
Para Raul Fritz, esse quadro de sensação térmica desagradável deve permanecer até o fim do mês. "Quando chove, ocorre uma diminuição da temperatura, essa sensação térmica alivia".
Muitos moradores saem de casa, usando guarda-chuva para se proteger do sol, como a aposentada Francisca Ribeiro. A maioria evita ir às compras no período da tarde, por isso a movimentação maior no comércio é pela manhã nas cidades do Interior.
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