por Renato Bezerra / Vanessa Madeira - Diário do Nordeste
O aumento aproximado de 8,15% do volume médio de água consumido na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), entre agosto e setembro deste ano, foi o suficiente para emitir o alerta na Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e nos demais órgãos do Grupo de Contingência do Estado quanto à necessidade de economizar. Isso porque o volume médio de 11,8 metros cúbicos (m³) de água por família gasto no último mês de setembro aparece na contramão de uma redução que vinha ocorrendo, ano a ano, desde 2014. Os dados foram apresentados em coletiva realizada, na tarde de ontem, na sede da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Os números ainda estão em estudo, segundo a Cagece, para determinar as causas desse aumento em setembro, mas diante dessa variação, a meta atual indica que esse consumo retorne a uma média de 10,8 m³ de água por mês, ou seja, que cada residência gaste até 10,8 mil litros de água no período de um mês, o que dará, segundo a Cagece, condições de manter o abastecimento de Fortaleza e Região Metropolitana sem dificuldades.
"Queremos conversar com a população, para que a gente continue pensando em um uso mais responsável da água, evitando ao máximo o desperdício, vazamentos, para que a gente traga esse número para a realidade do primeiro semestre", disse o presidente da Cagece, Neuri Freitas.
De janeiro de 2016 a setembro do mesmo ano, a economia de água foi de 5,4 milhões de m³ e no mesmo período deste ano chegou a aproximadamente 12 milhões de m³. O total garantiu a população, segundo Freitas, quase dois meses a mais de abastecimento à população.
De 2014 a setembro de 2017, essa redução chega a aproximadamente 18%, recuo esse que já foi maior, perto dos 20%, segundo o presidente da Cagece. "Os aumentos estão gerando essa diferença", diz. Embora descarte uma alteração na Tarifa de Contingência, o gestor esclarece que, prosseguindo o aumento no consumo, o volume de água captado no açude Gavião, atualmente de 8 m³ por segundo, pode não ser o suficiente para o abastecimento.
"Estamos captando menos água mas ainda atendemos à população de forma satisfatória. Para continuarmos assim, é preciso que as pessoas mantenham o ritmo de consumo dentro de 10,8 m³ por família ao mês", afirma.
A economia de água agora, segundo esclarece o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, se trata de uma medida preventiva para evitar um possível racionamento de água no segundo semestre de 2018, caso as chuvas do próximo ano fiquem abaixo da média esperada.
"Não quer dizer que amanhã vai faltar água se o consumo continuar nesse patamar, mas temos que trabalhar sem perder de vista que o próximo ano pode ser de seca. Temos água até meados do próximo ano. Nossa meta é atravessarmos 2018 e chegarmos em 2019 com águas da transposição do Rio São Francisco ou sem, mesmo que as chuvas sejam irregulares. Estamos olhando um ano na frente", diz.
Positiva
Apesar do resultado negativo no mês de setembro, Teixeira avalia como positiva a economia obtida com a aplicação da Tarifa de Contingência, atualmente em 20%, informando não haver, até então, o planejamento de nenhuma outra medida de redução do consumo de água. "É uma decisão que cabe ao governador, mas não conversamos sobre qualquer outro instrumento que venha a ser aplicado".
A reserva do Estado, segundo ressalta o presidente da Cogerh, João Lúcio de Farias, é suficiente para terminar 2017 de forma tranquila, com perspectivas até agosto ou setembro do próximo ano, devendo os reservatórios passarem por avaliação e novo planejamento de gestão do uso das águas após a próxima quadra chuvosa.
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