sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Ednardo solo e em tributos

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por Felipe Gurgel - Diário do Nordeste
O cantor e compositor Ednardo (CE) retorna a Fortaleza. Ele faz show na inauguração da barraca Tempero do Mar (Praia do Futuro) neste sábado (26), às 21h. Autor de canções que se tornaram clássicos da MPB, a exemplo de "Pavão Mysterioso", "Terral", "Beira-Mar" e "Enquanto Engoma a Calça", Ednardo (72) fez parte da geração de músicos cearenses que se convencionou chamar de "Pessoal do Ceará".

Ele, Fagner, o recém-falecido Belchior, Rodger Rogério, Amelinha, Fausto Nilo, Petrúcio Maia (falecido em 94, faria 70 anos na última segunda), dentre outros, integraram a geração que tornou a música feita no Ceará uma referência para o resto do País nas décadas de 1970 e 80.

Embora o grupo não reconheça o termo "Pessoal do Ceará" exatamente como um movimento artístico, o próprio Ednardo contabiliza seu início de carreira a partir do lançamento do álbum coletivo "Meu corpo, minha embalagem, todo gasto na viagem" (1972). "Terral", "Beira-Mar" e "Ingazeiras" tiveram seus primeiros registros neste disco.


Além do Pessoal do Ceará, a história de Ednardo se encontra com a trajetória da Massafeira Livre. O evento, realizado no final da década de 1970, no Theatro José de Alencar, celebrou a produção cearense em diversas linguagens artísticas diferentes da música. A presença do poeta Patativa do Assaré (1909-2002) sinalizava essa diversidade.

A movimentação culminou no lançamento do álbum duplo "Massafeira" (1980). Ednardo assinava três, das 24 composições da compilação: "Aurora" (parceria com Belchior, inclusive na interpretação), "Brejo" (em parceria com Régis e Rogério Soares) e "O Sol Acordou" (esta ele também interpreta). Ednardo ainda aparece como intérprete em "Frio da Serra", "O Sol é que é o quente", "Último raio de sol" e "Reisado".

O "estouro" de Ednardo data de 41 anos atrás, com a inclusão de "Pavão Mysterioso" (do álbum "O Romance do Pavão Mysterioso", 1974) na trilha da novela global "Saramandaia" (Dias Gomes e Walter Avancine). Com o auge criativo vivido nas décadas de 1970 e 80, a carreira do cearense tomou rumo, nas décadas posteriores, a reboque de reedições e homenagens ao repertório clássico do Pessoal do Ceará.

Homenagem

Dentre essas homenagens, o projeto "Para Fagner e Ednardo" traz a cantora Lidia Maria e o violonista Alex Ramon revisitando o repertório de ambos os compositores do "Pessoal". Nesta sexta (25), a dupla cearense se apresenta no Mahoia Hostel e Café (Meireles), e a temporada segue nos próximos dias 30 (na Culinária da Van, Benfica) e 1º de setembro (também no Mahoia).

Segundo Lidia (29, natural de Fortaleza), em entrevista por telefone, o repertório de Ednardo e seus parceiros lhe emociona desde a adolescência, para além da identidade fortalezense. "Ouvia a partir dos meus 17, 18 anos. E me lembro como isso era forte. De músicas que eu nem sabia o nome, mas que eram músicas bem fortes: 'Ausência' eu ouvi e só soube o nome depois que pesquisei", situa a cantora.

Ela e Alex Ramon trabalham juntos há cinco anos. Ele toca guitarra e faz a direção musical da carreira solo dela. Lidia Maria lançou, há quatro anos, o disco "Alma Leve", e encontrou em Ramon o parceiro ideal para canalizar suas referências do Pessoal do Ceará.

"Esse repertório sempre está presente (também) nos shows autorais. E quando fomos trabalhar na noite de Fortaleza, a gente pensou no projeto, acreditando que havia público pra isso. Imagina você ter a oportunidade de toda semana escutar essas canções", observa.

Encontro

Lídia Maria conta que seu primeiro contato com Ednardo foi pelo Facebook. Depois, os dois já se encontraram pessoalmente, "e ele sempre me recebe com muito carinho. Quando eu tinha uns 20 e poucos anos, fui para um show dele na Praça do Ferreira, assisti em cima do ombro de um amigo meu e ele lembra disso (risos)", recorda a cantora. Ela não soube dizer, durante a entrevista, se vai ao show no Tempero do Mar. "Sou daquelas que compra o ingresso de última hora (risos)", diz.

Ainda dentro da programação do projeto "Para Fagner e Ednardo", a cantora e Alex Ramon lançarão, no próximo dia 31, um clipe, gravado pela Maré Alta Filmes, em que a dupla interpreta "Espumas ao Vento" (conhecida na voz de Fagner, composição de Accioly Neto) e "Enquanto engoma a calça" (parceria de Ednardo com Climério). O vídeo será publicado no YouTube.

Fique por dentro

Filarmônica homenageia o compositor

A Orquestra Filarmônica do Ceará fará um tributo à obra de Fagner, Ednardo e Belchior na próxima quinta (31), às 19h30, no Theatro José de Alencar (TJA). Regida pelo maestro Gladson Carvalho, a formação vai contar ainda com a participação do cantor e compositor Serrão Castro. O espetáculo faz parte do projeto da Filarmônica para rearranjar o repertório de artistas populares, a exemplo do que já foi feito com o cancioneiro de Luiz Gonzaga, Legião Urbana, U2 e Elvis Presley. Na ativa há 19 anos, a orquestra vive, como as filarmônicas pelo mundo inteiro, de doações da iniciativa privada e bilheteria dos espetáculos. Os ingressos custarão R$ 30 (inteira). O José de Alencar está localizado na Rua Liberato Barroso, 525, Centro. Mais informações: (85) 3101.2583

Programação

25/08 - Apresentação do projeto "Para Fagner e Ednardo" 

Com Lídia Maria e Alex Ramon (CE). Nesta sexta (25), às 20h30, no Mahoia Hostel e Café (Vila Bachá, 11, Meireles, esquina com a R. Tenente Benévolo). Couvert: R$ 5. Contato: (85) 98202.6363

26/08 - Show de Ednardo

Com participação das bandas locais Arripia, Joana Limaverde e Transacionais. Neste sábado (26),

A partir das 16h, no Tempero do Mar (Av. Clóvis Arrais Maia, 2771, Praia do Futuro). Ingressos: R$ 120 (inteira). Mesa (para quatro pessoas): R$ 500. Contato: (85) 98508.7991

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