por João Lima Neto - Diário do Nordeste
O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Martins, afirmou, ontem, em coletiva de imprensa, que pelo histórico do Ceará não há movimentos naturais que possam alterar as condições de chuvas para o resto do semestre, na pós-estação chuvosa. "Nós não temos nenhuma expectativa de mudança de estações extremas que possam realmente aliviar a crise hídrica que estamos vivenciado agora", explica o gestor.
Segundo Martins, é necessário monitorar as condições dos oceanos. "Temos que manter o olhar nos modelos que estão prevendo a evolução dessas condições oceânicas para o próximo ano". Ainda conforme o gestor, é muito cedo para se falar de previsões para o próximo ano. "Precisamos aguardar setembro e outubro, quando esses modelos estão formados", disse.
A precipitação observada durante a quadra chuvosa de fevereiro a maio deste ano, no Estado do Ceará, ficou em torno da média histórica, conforme a Funceme. O volume médio, para o período, observado no Estado como um todo, totalizou 554,5 mm, o que correspondeu a categoria em torno da média, que se situa entre os limites 505,6 mm (inferior) e 695,8 mm (superior). De acordo com o órgão, os açudes também foram beneficiados com a quadra chuvosa. No início do ano, a capacidade era de 6,4% e atualmente está em 12,4% dos 18 bilhões m³.
Conforme o secretário adjunto da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Ramon Gomes, houve uma recuperação dos reservatórios, mas ainda pequena. Em particular, na região mais estratégica que é a do açude Castanhão. "Nós estamos procurando água em todo os locais. Nos últimos meses, estamos pesquisando tudo referente a águas subterrâneas. Já estamos usando os aquíferos das Dunas e Barreiras e obtendo aportes razoáveis. Toda água que está caindo no Estado está sendo armazenada. De 2014 até hoje, a gente conseguiu reduzir o consumo em 20%, mas ainda precisamos reduzir isso ainda mais", explana o gestor.
Quadro melhor
Com um desvio percentual de apenas -7,7%, durante os meses de fevereiro a maio, o Ceará, em 2017, apresentou um quadro pluviométrico melhor do que nos anos de 2016 (45,5%), 2015 (-30,3%), 2014 (-23,4%), 2013 (-39,3%) e 2012 (-49,6%). Nos últimos 10 anos, os períodos de fevereiro a maio menos favorecidos ocorreram em 2010 (-49,7%). Um longo período seco, de cinco anos consecutivos, ocorreu entre 2012 e 2016. Os anos de 2008 e 2009 apresentaram quadras chuvosas acima da média, e o ano de 2011 em torno da média.
Em virtude desse padrão de distribuição espacial das chuvas, o aporte de água nos reservatórios estratégicos, dentre eles Orós, Castanhão e Banabuiú, foi reduzido, ficando o nível desses açudes ainda muito crítico.
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