terça-feira, 16 de maio de 2017

Atores cearenses ocupam novos espaços na teledramaturgia nacional

Arilson Lucas no papel do índio Cauré, de Novo Mundo. A televisão
Arilson Lucas no papel do índio Cauré, de Novo Mundo. A televisão "abriu portas para outros trabalhos" FOTO DIVULGAÇÃO
Artistas cearenses conquistando olhares País afora não são novidade. Mas se antes o destaque vinha principalmente por papéis humorísticos, mais e mais atores e atrizes do Estado têm aparecido em papéis dramáticos nas telenovelas da Rede Globo nos últimos anos. Atualmente há artistas vindos do Ceará em três dos cinco folhetins produzidos pela emissora. Séfora Rangel e Claudio Jaborandy estão em Malhação - Viva a Diferença, Arilson Lucas em Novo Mundo e Silvero Pereira e Karla Karenina compõem o elenco de A Força do Querer.

“A TV dá essa visibilidade que o teatro não dá. Há uma valorização maior do trabalho do ator quando ele entra para a televisão”, pondera Arilson, que entrou para a trama das seis como o índio Cauré. Desde 2008 morando no Rio de Janeiro, Arilson conta que, “por conta dos grupos de teatro serem tão fechados” na capital carioca, ele optou por investir na carreira de produtor. E foi fazendo trabalho de produção executiva de montagens que ele foi descoberto pela autora de Novo Mundo, Thereza Falcão. “ Na história, o Cauré surge meio que para bater de frente com o personagem do Chay Suede na questão da união das tribos”, conta, destacando a possibilidade de poder integrar o arco do protagonista da trama.

Com mais de 20 anos de experiência nos palcos, o ator afirma que esse tempo recente de exposição nas telas já “abriu portas para novos trabalhos”. Ele, inclusive, foi convidado a integrar o musical Iracema dos Lábios de Mel, projeto que está sendo montado no Estado pelo diretor e dramaturgo Ilclemar Nunes. Além disso, ele participará de um docudrama da TV Assembleia sobre o padre ibiapina.

“Eu sempre ficava pensando por que o carioca tem que fazer um nordestino. Brasil não é só Rio e São Paulo e é um orgulho ver todos os meus companheiros na TV fazendo um trabalho tão lindo”, celebra Séfora, que compôs o elenco da novela A Regra do Jogo e da série Dupla Identidade, entre outros tantos trabalhos. Apesar de ter nascido em Pernambuco, a artista se diz fortalezense, afinal, foi por aqui que iniciou sua trajetória profissional. Há pouco mais de dez anos vivendo no Rio, ela teve de adaptar as técnicas de atuação que aprendera no curso de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar. “Eu vim para o Rio começar do zero. Nos meus primeiros trabalhos na TV, eu não sabia lidar com as câmeras, eu não sabia me mexer. Na televisão, a gente leva, claro, nossa matéria-prima que é o trabalho do ator, mas tem uma parte técnica que é indiscutível”, conta, celebrando a possibilidade de atuar nessa temporada de Malhação, que está sendo desenvolvida pelo cineasta Cao Hamburger.

Repercussão

Dando vida ao personagem Nonato, alter ego da artista transformista Elis Miranda, Silverio Pereira pondera que todo o processo de gravar uma novela leva o ator a se redescobrir. “É um projeto tão longo, de sete meses. Você chega no set, tem um ensaio rápido e já grava. Não há tanto tempo de preparação como no cinema e no teatro. Na TV, você tem que se doar muito para que tudo aconteça bem”, conta. Segundo o artista, sua atuação na novela tem proporcionado as mais variadas repercussões. “É a possibilidade estar em vários lugares ao mesmo tempo”, conta, apontando que uma cena marcante exibida na última semana — em que sua personagem apanha do irmão — foi vista em página sobre novelas do Facebook mais de um milhão de vezes.
Para Silvero, que pesquisa e desenvolve projetos voltados ao universo trans com o Coletivo As Travestidas, poder levar para as novelas temas tão delicados tem sido uma grande realização. “A TV é como um ente familiar. A discussão de um tema na novela acaba entrando na casa das pessoas”, conta, dizendo-se feliz pela repercussão positiva que tem chegado até ele. “Tem gente que me procura nas redes sociais pedindo para eu explicar (sobre o transformismo). Há um esforço de tentar entender até de quem não tem informação sobre”, celebra.

Ele afirma que o sotaque não foi uma questão na composição do seu personagem e sinaliza que as novelas estão mais abertas a incluir diferentes vozes, inclusive com uma forte influência do linguajar nortista em A Força do Querer. “Tem cearense na novela das cinco, das seis e das nove. Fazendo ao mesmo tempo. Estamos num ótimo momento”, completa.

RENATO ABÊ

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