Antes de virar competição, prática surgiu da perseguição do boi quando se desgarrava ( Foto: Elizângela Santos ) |
Brasília/Sucursal. Valeu boi! Foi com a exclamação que repete refrão de uma música popular, que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) votou em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 50/2016 que autoriza a realização de vaquejada e de rodeios em todo o Brasil.
A PEC que ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, foi aprovada em primeira votação e confirmada em segunda, quando recebeu 53 votos, inclusive contando com o voto especial do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que o consignou em ata. Foram apenas nove votos contrários e 2 abstenções. A autoria da Proposta é do senador Otto Alencar (PSD-BA) e a relatoria foi de José Maranhão (PMDB-MA).
A votação refletiu a posição manifestada pelos líderes dos partidos e de outros senadores, todos propugnando pela aprovação da PEC que reverencia a cultura nordestina e retrata uma cadeia de empregos que envolve criadores de animais, produtores das festas e os participantes.
Poucas vozes se manifestaram contra, valendo-se da defesa dos animais, afirmando que eles eram maltratados e lembrando que a PEC era uma resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou a vaquejada e os rodeios um atentado à vida dos animais.
O discurso dos senadores demonstrou respeito pela decisão do Supremo, mas afirmavam que o Plenário do STF tinha se dividido na votação e por isso a instituição da PEC faria justiça ao povo nordestino e à sua cultura. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) antes de votar, disse que "a vaquejada faz das raízes mais profundas da cultura do povo do Nordeste". Disse que ela se origina do trato do boi, do 'desgarramento' do animal e de sua perseguição na mata do semiárido nordestino. Para ele, a decretação do fim da vaquejada, após seis anos de seca, seria uma agressão sem precedentes à alma do povo nordestino, sitiado entre o mar e o sertão.
O senador José Pimentel (PT-CE), foi enfático em seu pronunciamento em favor da permanência das vaquejadas no Brasil. Disse ter presidido várias audiências públicas sobre o tema, nas quais foi formando sua opinião.
"Estamos resguardando nossa cultura nordestina quando votamos sim à PEC do senador Otto Alencar e resguardando um espaço de geração de negócios importante para o Brasil". O petista uniu-se a votos como os de Raimundo Lira (PMDB-PB), que lembrou Câmara Cascudo e Luiz Gonzaga, homens que difundiram a cultura nordestina, desde quando a prática ainda se chamava "Puxada do rabo do boi".
Resultado
53
Votos favoráveis, nove contrários e duas abstenções. Com esse placar, a proposta foi aprovada em 2º turno, após receber aprovação em 1º turno
por Jô Abreu - Repórter
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