Considerada uma das mais perigosas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a febre chikungunya já matou 14 pessoas no Ceará neste ano, sendo 12 em Fortaleza e duas no Interior. Os dados são do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Segundo o estudo, o Ceará é o 4º do País em número de óbitos decorrentes da doença, atrás apenas de outros três estados do Nordeste: Pernambuco (54), Paraíba (31) e Rio Grande do Norte (19).
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Secretaria de Saúde (Sesa) do Estado, 26.425 casos de chikungunya já foram confirmados no Ceará em 2016. Em todo o País, foram registrados 134.910 casos, com um total de 138 óbitos. "Ainda não temos como traçar um comparativo, pois a doença entrou no Ceará praticamente neste ano. Entretanto, várias ações já estão sendo tomadas para combater o vetor e frear o avanço", afirma a responsável técnica pelo controle vetorial da dengue, zika e chikungunya da secretaria estadual, Ricristhi Gonçalves.
Segundo a entomologista, por se tratar de uma doença recente, ainda há muitas pessoas suscitáveis à chikungunya no Ceará, o que gera uma preocupação por parte do governo. O próprio ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que pode haver um crescimento dos casos da doença neste ano, mas que a tendência é de estabilidade ao longo de 2017. Para Ricristhi Gonçalves, os resultados podem ser positivos se houver "combate ao mosquito e conscientização da população".
Ações no Estado
Ricristhi Gonçalves destaca que a Sesa está dando toda a assistência para que os municípios cearenses possam combater efetivamente o mosquito transmissor da chikungunya, dengue e zika. Segundo ela, o Governo do Estado já disponibiliza os pulverizadores portáteis para que os agentes de saúde possam fazer o controle do mosquito na fase adulta, além de já ter distribuído 5.700 rolos de tela para que reservatórios de água sejam cobertos. "Os municípios que precisarem podem solicitar os equipamentos. Estamos bem abastecidos", acrescentou.
A Sesa também informou que as visitas porta a porta continuam nos municípios cearenses, e que um comitê estadual está treinando militares para que eles possam participar do combate ao mosquito - como já ocorreu na capital cearense neste ano quando várias equipes do Exército realizaram uma série de visitas a imóveis.
Segundo a Pasta, 120 agentes foram orientados e outros 120 farão a formação em breve. "No próximo dia 30, lançaremos o plano estadual de vigilância e controle epidêmico para o próximo ano e anunciaremos oficialmente todas as ações previstas para 2017", destaca Gonçalves.
Alerta
O Ministério da Saúde também afirmou, nessa quinta-feira, que 855 cidades brasileiras encontram-se em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika, o que representa 37,4% dos locais pesquisados. No Ceará, são 14 municípios em situação de risco atualmente, sendo eles: Missão Velha, Mauriti, Capistrano, Canindé, Baturité, São Luís do Curu, Varjota, Farias Brito, Irauçuba, Aracoiaba, Jaguaretama, Ipaumirim, Coreaú e Marco. Dessas, a situação mais preocupante é a de Missão Velha, que tem um Índice de Infestação Predial (IIP) de 29,6%, diz o LIRAa.
"Existe uma grande preocupação com esses municípios, já que não estamos em período de chuva e, mesmo assim, eles estão apresentando situação de risco. O grande problema é que muitas pessoas, pela falta d'água, acabam armazenando a mesma em diversos locais, muitas vezes sem as devidas precauções", explica Ricristhi Gonçalves.
Além dos 14 municípios em risco, o Estado do Ceará também conta com outras 32 cidades em alerta. A Capital, porém, está em situação satisfatória.
por Áquila Leite - Repórter
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