Com cinco anos de seca, açudes do Ceará têm apenas 9,3% de reserva de água (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução) |
As condições presentes atualmente no oceano Pacífico equatorial apontam para uma boa estação chuvosa em 2017 no Ceará e no Nordeste, com chuvas na média ou até acima dela. A previsão é do metorologista Alexandre Nascimento, do Climatempo, que prevê também chuvas irregulares nos meses de outubro, novembro e dezembro. "Nos próximos meses a expectativa é de que chova bem mais que nos últimos anos”, diz.
"A condição para que ocorram chuvas acima da média histórica é infinitamente melhor que a dos últimos anos. Nós já vínhamos com chuvas irregulares desde 2012. No último ano, com o super El Niño que se formou, foi o último prego para fechar o caixão. Para o próximo ano, mesmo que a La niña não se forme – oficialmente, [existe] uma condição mais fria do que o normal no Pacífico equatorial, que se desenha favorável ao Nordeste".
O El Niño é o aquecimento anormal do oceano Pacífico equatorial que provoca mudanças na circulação da atmosfera, causando fenômeno como secas e enchentes em várias partes do globo. O La Niña, por sua vez, é o oposto. O fenômeno é responsável pelo esfriamento das águas do oceano Pacífico e, como consequência, as águas do Atlântico sofrem um aquecimento para que haja um equilíbrio na temperatura atmosférica.
“Acredito que [as chuvas] não sejam suficientes para recompor de vez os reservatórios, que estão abaixo da normalidade, mas já começa a sair do abismo hidrológico que entrou nos últimos anos. Praticamente em todo o período [outubro, novembro e dezembro] , a gente deve ter aí grande parte da região com chuvas acima da média”, diz.
Reservatórios
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos 153 açudes do Ceará, 129 estão com volume abaixo de 30%, 92 reservatórios estão com volume abaixo de 10% e 25 estão secos. Quarenta e cinco alcançaram o chamado volume morto, ou seja, atingiram a reserva de água reserva de água mais profunda da represa, que fica abaixo dos canos de captação. Juntando o volume das 12 bacias que abastecem o estado do Ceará, o volume de água armazenado no estado está em 9,3%.
O principal reservatório do Estado, o açude Castanhão, que abastece a Grande Fortaleza, chegou ao pior nível desde que foi construído: 6,47%, o que representa 445,6 milhões de metros cúbicos. O Castanhão não chega a este nível desde 2004, quando 5,5 bilhões de metros cúbicos, dos 6,7 bilhões de capacidade máxima, foram cheios em apenas 40 dias.
A Barragem do Castanhão é o principal complexo hídrico responsável pelo abastecimento humano de Fortaleza e sua Região Metropolitana. Cerca de 3,8 milhões de pessoas dependem das águas do Castanhão. Em 2016, as chuvas no primeiro semestre ficaram 25% abaixo da média histórica no Ceará, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Chuvas
O período de chuvas, no Ceará, pode ser dividido em três fases - pré-estação, estação e pós-estação – e se estendem de dezembro a meados de junho. As chuvas que ocorrem em dezembro e janeiro, chamadas de chuvas de pré-estação, são causadas basicamente por frentes frias que vem do Sul, o que acaba afetando a atmosfera do Nordeste.
O segundo momento das chuvas é aquele que vai mais ou menos de fevereiro a maio. Essa estação de chuva é causada por um sistema chamado de Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), é o sistema meteorológico mais importante na determinação de quão abundante ou deficiente serão as chuvas no Norte do Nordeste do Brasi .
A ZCIT se forma pelo encontro dos ventos úmidos do hemisfério sul e do hemisfério norte e age sobre o Norte e Nordeste durante o verão e o outono. De maneira simplista, pode-se dizer, que a convergência dos ventos faz com que o ar, quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera ocorrendo a formação das nuvens.
Após as chuvas da estação, existe uma última chuva, que ocorre nos meses de maio, junho, e até se esticam um pouco mais. Essas chuvas são chamadas pela meteorologia de chuvas de pós–estação. Elas vêm do leste, do Oceano Atlântico, passando pelos litorais de Pernambuco e Paraíba, e podem atravessar as chapadas do leste do Ceará e chegar ao sertão e até mesmo a Fortaleza. Essas chuvas são causadas pelo que os meteorologistas chamam de “ondas de leste”. De acordo com os meteorologistas, não têm suas causas bem conhecidas e, por essa razão, difíceis de prever com antecedência de mais de algumas semanas.
Verônica PradoDo G1 CE
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