terça-feira, 5 de maio de 2015

Desenvolvimento será foco da nova gestão do BNB

A nomeação do engenheiro civil e economista cearense Marcos Costa Holanda para o cargo de presidente do Banco do Nordeste foi publicada no Diário Oficial da União de ontem
A nomeação do engenheiro civil e economista cearense Marcos Costa Holanda para o cargo de presidente do Banco do Nordeste foi publicada no Diário Oficial da União de ontem
FOTO: JULIANA VASQUEZ
Maior instituição de fomento da região, o Banco do Nordeste (BNB) tem novo presidente, o quinto dos últimos quatro anos e o segundo da nova administração da presidente Dilma Rousseff. O engenheiro civil e economista cearense, Marcos Costa Holanda, é o novo titular do BNB, em substituição ao filósofo e bacharel em Letras, o piauiense Nelson Antônio de Souza.

A nomeação de Holanda à frente do BNB foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), de ontem, e ocorre em meio a alterações substanciais na política econômica brasileira, em um cenário de taxas de juros crescentes, contingenciamento de recursos federais e aperto no crédito bancário.


Crédito garantido

"Vamos fazer alguns ajustes no que está aí, mas nada de querer inventar a roda", respondeu Holanda, para o Diário do Nordeste, na tarde de ontem, enquanto ainda busca se inteirar da atual política de gestão impressa na instituição. Natural da área acadêmica, professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), e com profundos conhecimentos econômicos, notadamente nas áreas de câmbio, balanças de pagamentos e finanças públicas e internacionais, Holanda declarou que o foco de sua gestão será a promoção do fomento e o desenvolvimento regional.

"Não acredito que haverá rigidez de crédito, precisamos manter em equilíbrio (com o mercado) as taxas de juros, para tornar o banco competitivo e ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento da região", antecipou, diante dos últimos números divulgados pelo Banco Central (BC) na semana passada.

No último levantamento realizado pelo BC, o BNB figura com as taxas mais atrativas do mercado em produtos para pessoa física (desconto de cheques) e pessoa jurídica (cheque especial). Nesses casos, a taxa praticada pela instituição é de 2,24% e 2,62% ao mês, respectivamente.

A instituição também aparece em segundo, quarto e sétimo lugares com as taxas de juros dos produtos conta garantida (1,39%), capital de giro com prazo superior a 365 dias (1,57%), e capital de giro com prazo até 365 dias (1,72%), todos voltados à pessoa jurídica.

Em descontos de cheques para pessoas jurídicas, o BNB aparece em sexto lugar com taxa de 2,28%, ao mês.

Comercial

Marcos Holanda disse que não se oporá ao novo modelo de gestão de crédito, com grande foco no segmento comercial, implementado nesta última gestão. "Vamos apoiar todas as iniciativas positivas. A parte comercial também deve ser desenvolvida, desde que seus rendimentos sejam direcionados para o desenvolvimento regional", ressaltou o economista.

Sem antecipar detalhes do modelo de gestão que pretende imprimir, ele disse apenas que procurará fazer uma administração voltada para o fomento das empresas, mas de forma que os resultados contemplem, prioritariamente, os segmentos mais pobres da sociedade.

"Para mim, presidir o Banco do Nordeste será um grande desafio. Como nordestino, me sinto honrado e muito satisfeito em presidir o BNB", exclamou Holanda. Administração que, segundo ele, será feita de maneira muito transparente e aberta. Para tanto, buscará parcerias com os Estados, municípios, com representantes do setor empresarial, entidades de classes e de trabalhadores, seguimentos com quem pretende conversar para conhecer de perto as demandas e as reais necessidades.

"Pretendemos conversar com todos os segmentos. Buscaremos parcerias com todas as correntes (políticas e econômicas e governamentais)", antecipou o economista. Antes, terá uma reunião, ainda sem data, com seu novo chefe direto, o ministro da Fazenda, Joaquim Levi. Reconhecido por adotar uma postura crítica e eminentemente técnica e analítica da economia, mas de grande repercussão política, Holanda destacou-se na cena pública estadual após fundar e presidir o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), na administração do ex-governador Lúcio Alcântara.

Atual pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de professor titular da UFC, Holanda colaborou como assessor econômico da campanha ao governo do Estado, do senador Eunício Oliveira, a quem se atribui a sua indicação à presidência do BNB.

Posse

Ainda segundo Holanda, ele só deverá assumir oficialmente a presidência da instituição na próxima semana. Antes precisa ser desligado das funções de professor da UFC. A diretoria do banco informou, por meio de nota, que estão sendo providenciados os trâmites legais de Cessão de Marcos Holanda, da UFC para o ministério da Fazenda, a quem a presidência dos bancos federais está subordinada.

Da mesma forma, a diretoria do BNB cuida da solenidade de assinatura do Termo de Posse e da solenidade propriamente dita, que acontecerá formalmente depois. Até lá, o comando do Banco fica nas mãos do atual diretor de Controle e Riscos da instituição, Manuel Lucena dos Santos, que assume interinamente o cargo de presidente da instituição, conforme escolha do Conselho Administrativo.

O que eles pensam

Conhecimento pode ser o diferencial

"Acredito que o professor Marcos Holanda é um nome muito bom para o BNB, ele vai dar uma tônica mais técnica para a administração do banco. Ele é um nome bastante conhecido na academia cearense e trabalha com a área de desenvolvimento econômico, por isso, pode fortalecer esse papel no banco, que é, aliás, a essência da instituição".

Henrique Marinho
Economista e professor da Unifor

"A gente já tinha um relacionamento muito bom com o BNB, tanto que lançamos um cartão, em parceria com o banco. Esperamos que essa parceria continue e acreditamos na capacidade do novo presidente. Ele é cearense, então, temos a certeza de que ele conhece bem o nosso Estado e, consequentemente, as nossas necessidades".

Severino Ramalho Neto
Presidente da CDL Fortaleza

"Estamos com uma expectativa muito grande e esperamos que ele mantenha a política do presidente anterior, que foi, talvez, a pessoa que mais tenha contribuído e sido sensível com a agricultura. Só posso dar as boas vindas e esperar que ele apresente as políticas de atuação voltadas não só para o nosso setor, mas para todos os outros".

Flávio Saboya
Presidente da Faec

Fique por dentro

Perfil técnico e experiência na área econômica

Marcos Holanda é formado em Engenharia Civil pela UFC (1983), graduado em Economia pela Universidade de Fortaleza (1984), com mestrado em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (1987) e doutorado em Economia pela Universidade de Illinois (1993). É atualmente pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de professor titular da UFC. Foi fundador e primeiro diretor-geral do Ipece. Sua experiência na área de Economia tem ênfase em balanço de pagamentos, finanças internacionais e finanças públicas.

Carlos Eugênio
Repórter

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