Número de pessoas no mundo que vivem com algum tipo de demência pode chegar a 135 milhões em 2050 - Reprodução/Pixabay |
RIO - Pesquisadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte, nos EUA, abriram um caminho de novas e promissoras perspectivas na busca por uma cura para o mal de Alzheimer. Eles descobriram uma potencial causa da doença, que poderia ser contornada com tratamento. As revelações, descritas num estudo publicado pela “Journal of Neuroscience”, estão sendo alardeadas pela imprensa internacional como um grande passo rumo a uma terapia eficiente para a doença que afeta milhões de pessoas pelo mundo.
Os estudos do grupo sobre o Alzheimer em camundongos evidenciaram um novo processo que contribui para o desenvolvimento da doença. Eles observaram que, numa pessoa com a enfermidade, células do sistema imunológico que normalmente protegem o cérebro acabam consumindo um nutriente essencial chamado arginina. Ao bloquear este processo com um remédio, eles foram capazes de impedir a formação de “placas” no cérebro que são características do Alzheimer, e também interromperam a perda de memória nos ratos.
A professora de neurologia da Universidade Duke e principal autora do novo estudo, Carol Colton, disse que a pesquisa de Alzheimer havia sido dominada por uma tentativa de compreender o papel da amiloide - a proteína que se acumula no cérebro para formar placas -, mas que o foco em arginina e no sistema imunológico poderia render novas descobertas.
“Vemos este estudo como um que está abrindo as portas para pensar sobre a doença de Alzheimer de uma maneira completamente diferente, para quebrar o impasse de ideiasr”, disse ela.
PUBLICIDADE
A arginina é um aminoácido e um nutriente essencial para vários processos corporais, incluindo a divisão celular, a cicatrização e as respostas imunitárias. Ela pode ser encontrada nos alimentos, incluindo produtos lácteos, carne, nozes e grão de bico. No entanto, não adianta sair esvaziando as prateleiras de supermercados: a equipe da Duke explicou que seu estudo não sugere que ingerir mais arginina teria um impacto sobre o risco de Alzheimer. A barreira sangue-cérebro regula a quantidade do aminoácido que pode entrar no cérebro, e a resposta imune que decompõe a arginina permaneceria a mesma, mesmo se confrontada com níveis mais elevados do nutriente.
Embora nenhuma técnica que é testada em um animal possa garantir o funcionamento da mesma forma em humanos, as descobertas são particularmente encorajadoras, porque, até agora, o papel exato do sistema imunológico e da arginina na doença de Alzheimer era completamente desconhecido. A droga que era utilizada para bloquear a resposta imunitária do corpo à arginina - conhecida como difluorometilornitina (DFMO) - já está sendo investigada em ensaios de droga para certos tipos de câncer e pode ser adequada para o teste como uma potencial terapia de Alzheimer.
O número de pessoas no mundo que vivem com algum tipo de demência pode chegar a 135 milhões em 2050. Somente no Brasil, a doença devastadora afeta mais de 1 milhão e 100 mil de pessoas. No entanto, após uma série de falhas caras para levar drogas eficazes para o mercado, as empresas farmacêuticas estão cada vez mais cortando o financiamento da investigação.
POR O GLOBO COM SITES INTERNACIONAIS
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.
Nenhum comentário:
Postar um comentário