Os protestos de ontem foram convocados às vésperas de outras passeatas contra Dilma, que estão previstas para amanhã
FOTO: AGÊNCIA ESTADO
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São Paulo/ Brasília/ Rio de Janeiro. Milhares de pessoas foram às ruas pacificamente em vários estados brasileiros em defesa da democracia e da Petrobras, mergulhada em um megaescândalo de corrupção, enquanto ocorrem convocações de protestos contra a presidente Dilma Rousseff (PT), amanhã.
Estudantes, sindicalistas e camponeses participaram das marchas convocadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e por movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), ambos vinculados ao Partido dos Trabalhadores (PT).
A CUT afirma ter reunido 148 mil manifestantes - 100 mil apenas em São Paulo - no Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores, da Democracia, da Petrobras e pela Reforma Política.
Segundo contagem feita pelo Datafolha, cerca de 41 mil pessoas participaram do ato em São Paulo. Já para a Polícia Militar de São Paulo, teriam sido 12 mil pessoas na manifestação.
Vestindo camisetas vermelhas, a cor do PT, agitando bandeiras e repetindo palavras de ordem, muitos pediram uma reforma política e defenderam a presidente.
Dilma foi reeleita em outubro passado com uma margem de 3% em relação ao segundo candidato, Aécio Neves (PSDB), e enfrenta, neste início de seu segundo mandato, duras críticas devido à crise econômica e à corrupção na petroleira, a maior empresa do País.
"Sou a favor da Dilma, da defesa da democracia, mas também sou contra a corrupção", disse o médico Gerson Tadeu Conti, de 67 anos, que marchou junto com centenas de pessoas em frente à sede da Petrobras em São Paulo, apesar da forte chuva.
Os protestos de ontem foram convocados às vésperas de outras passeatas contra Dilma, previstas para amanhã em todo o Brasil, nas quais alguns grupos pedirão o "impeachment" da presidente petista.
Nas redes sociais, onde foram convocadas estas marchas contra o governo, são muitos os internautas que pedem intervenção militar para dar fim aos mais de 12 anos de governo do PT.
"Não vai ter golpe!", repetiram, ontem, centenas de manifestantes em Brasília, que caminharam ao som de tambores.
"Aqui é a festa da democracia, com alegria e sem ódio. Esse grupo que vai às ruas no domingo quer voltar aos tempos duros. Essa direita golpista não entendeu que Dilma ganhou com 54 milhões de votos. Temos críticas ao governo federal, sim, mas sabemos que vai nos defender", afirmou, durante ato no Rio de Janeiro, um porta-voz dos metalúrgicos, antes de sair em passeata até a sede da Petrobras.
A economia brasileira cresceu pouco nos últimos quatro anos e agora está estagnada, com déficit nas contas públicas e na balança comercial, além de inflação de 7,7% em 12 meses). O governo defende ajuste fiscal para colocar a casa em ordem, mas as medidas desagradam uma parte da esquerda. Às vésperas dos protestos, o real aprofundou sua queda perante o dólar e fechou ontem a R$ 3,266 por US$ 1 (-3,25%). Este é o menor valor do real desde abril de 2003.
Clima tenso
O Brasil vive um clima político de grande incerteza, depois que a Justiça autorizou a investigação de dezenas de políticos - incluindo dois governadores, 12 senadores e 22 deputados de seis partidos - por suspeita de fraudes na Petrobras.
"O Brasil está indo mal, a economia está mal, nós estamos mal. Eu não quero que Dilma saia, mas que haja uma mudança", disse em São Paulo, Irani Amaro da Silva, um lavrador de 54 anos de Pauliceia (estado de São Paulo).
O Palácio do Planalto comemorou, na noite de ontem, o tom pacífico das manifestações promovidas pela CUT. O governo considerou a jornada "na mais perfeita tranquilidade, sem qualquer tipo de confronto". A presidente Dilma foi informada sobre o desenrolar das manifestações durante todo o dia. Segundo auxiliares, estava "satisfeita" e "aliviada"com o resultado.
O número de manifestantes que, em uma primeira análise, foi considerado "expressivo e bem maior do que se esperava".
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