quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Dilma e Foster acertam cronograma de saída

Ao assumir o comando da maior empresa do País, em fevereiro de 2012, com seu estilo austero, Foster era considerada no governo e por especialistas do setor a mulher que traria a Petrobras de volta a um ritmo de crescimento maior
Ao assumir o comando da maior empresa do País, em fevereiro de 2012, com seu estilo austero, Foster era considerada no governo e por especialistas do setor a mulher que traria a Petrobras de volta a um ritmo de crescimento maior
Foto: Ag Brasil
Brasília/Rio. A presidente Dilma Rousseff acertou com Graça Foster um cronograma de saída de toda a diretoria da Petrobras. Ambas se reuniram no Palácio do Planalto, após a Folha de São de Paulo revelar ontem, a decisão de Dilma de trocar o comando da estatal.
A reunião durou cerca de três horas. A dirigente da Petrobras chegou ao Palácio do Planalto assim que Dilma retornou da viagem a Campo Grande (MS), por volta das 14h30. Foster deixou o Planalto pouco depois das 17h.
Graça e os demais integrantes da cúpula da empresa devem ficar no cargo até o fim deste mês. As duas combinaram que a executiva se dedicará nos próximos dias a chegar a um número crível de prejuízo devido à corrupção.
Do céu ao inferno
Em três anos na presidência da Petrobras, Maria das Graças Foster, foi do céu ao inferno. Ao assumir o comando da maior empresa do País, em fevereiro de 2012, com seu estilo austero, era considerada no governo e por especialistas do setor a mulher forte que colocaria a Petrobras de volta a um ritmo de crescimento maior do que o do seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, porém de forma sustentada e segura. Não foi, porém, o que ocorreu, muito por conta do controle de preços dos combustíveis pelo governo. Por fim, ela sucumbiu ao maior escândalo de corrupção da história da estatal, revelado pela Operação Lava-Jato. O esquema de corrupção, que teria começado em 2003, atingiu Graça, diretamente.
A situação de Graça no comando da estatal se complicou ainda mais quando Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente-executiva da Diretoria de Abastecimento, afirmou que a presidente da Petrobras foi informada das irregularidades por e-mail e pessoalmente, desde 2008.

No final de 2014, Graça pôs o cargo à disposição, mas a amiga e presidente Dilma, recusou. Graça começou a trabalhar na Petrobras em 1978 como estagiária, foi Secretaria de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, quando Dilma comandava a pasta, em 2003,e se tornou a primeira mulher do mundo a comandar uma companhia de petróleo. Foi até apontada pela revista Fortune a quarta mulher de negócios mais poderosa.
Quem assume
O problema da presidente Dilma agora é o momento em que anunciará a decisão. De acordo com interlocutores da presidente, há grande pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que a saída seja imediata, mas Dilma ainda reluta pela falta de um nome compatível com o cargo.
"Não está se falando do ministério dos Portos, mas da maior empresa do País", justificou um ministro. Dilma vinha resistindo à ideia de tirar Graça do cargo, mesmo após pedidos da própria Graça. Semana passada, no entanto, em reunião do conselho político, no Palácio da Alvorada, Dilma sinalizou que havia mudado de opinião. Mercadante passou então, a pressionar a saída de Graça, apesar da cautela da presidente, que não quer deixar a estatal acéfala.
Executivos relutam
Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, além do próprio Mercadante, foram incumbidos de buscar no mercado nomes que possam compor o Conselho de Administração. Mas os grandes executivos do país relutam em aceitar qualquer cargo, até a aprovação das contas da empresa por uma consultoria externa.
Dilma não deve designar ministros para o conselho de administração. Fontes do Planalto afirmam que a avaliação de Dilma no momento é que a empresa precisa de nomes do setor privado. A prioridade é dar o distanciamento necessário do governo para que ela resgate a credibilidade perdida em função do escândalo da operação Lava-Jato.

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