Vice-governadora Izolda Cela quer que o Governo se aproxime das
lideranças da área da segurança pública e diz que a gestão não fará
milagres
FOTO: JOSÉ LEOMAR
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A vice-governadora Izolda Cela, em entrevista ao Diário do Nordeste,
informou que, durante o primeiro mês de mandato, além de ter acompanhado
algumas reuniões do governador Camilo Santana, movimentou-se a fim de
articular a formatação do programa "Abraça Ceará", proposta ainda a ser
desenhada pela atual gestão. Educadora, Izolda entende que a Educação,
aliada a outros mecanismos, como Assistência Social e Saúde, com o
passar dos anos, deve minorar os índices de violência do Estado.
No entanto, Izolda Cela garante que a atual administração não "vai
fazer milagres", mas enfrentará o problema, defendendo, para assegurar
avanços na Segurança Pública, estabelecer maior diálogo com todos os
setores da área que se encontravam em conflito com a gestão passada. A
vice-governadora preferiu não entrar em detalhes sobre o funcionamento
do programa Abraça Ceará e afirmou que Camilo Santana vai comunicar, em
breve, como será efetivado o projeto, que foi uma das promessas da
última campanha eleitoral.
"A ideia do governador é, nessas primeiras áreas de ação, envolver
algumas das maiores cidades do Interior do Estado. Ele vai ter um
momento de comunicar isso, quando divulgar o eixo Ceará Pacífico. A
organização desse trabalho teve parâmetro nos sete Cearás: Ceará
Pacífico, Saudável, do Conhecimento, Sustentável, de Oportunidades,
Acolhedor e Democrático", destacou.
Segundo Izolda Cela, para minimizar os problemas da violência, além dos
investimentos necessários em Educação, como expansão das escolas em
tempo integral, é importante garantir a participação da população por
meio de instituições e movimentos sociais. Para ela, haverá uma maior
articulação e participação das pessoas com o fortalecimento de políticas
públicas em bairros e áreas mais sensíveis de Fortaleza, assim como em
municípios do Interior.
Limites
"A Educação tem papel importante nisso. A escola é uma âncora muito
valiosa, sempre com aquele cuidado. Não é que a escola seja a salvação
no mundo, não é bem assim. Porque a gente sabe dos limites e do
potencial que a escola tem. Uma das coisas que eu e o secretário
Maurício (da Educação) temos muitíssimo claro é que a escola pode
exercer com mais força ainda o seu papel social de influenciar mais
fortemente a comunidade onde ela está", declara.
Outro desafio, acrescenta a vice-governadora do Estado, é expandir o
tempo integral para jovens do ensino médio, ressaltando, porém, que não
somente o tempo dedicado à escola será capaz de retirar os jovens das
ruas. Ela defende ser necessário investir em um projeto pedagógico mais
qualificado, fortalecendo o papel dos professores para que os alunos se
dediquem à escola.
"Isso não é poesia, nem sonho ou ideia só de palavras chavões. Isso é
uma realidade. Nós podemos, na escola, contribuir para que os jovens
tenham essa formação mais integral. A sociedade precisa disso. Tem que
haver o compromisso com essa formação mais integral", apontou.
A vice-governadora alega receber "com muito pesar" a informação de que o
Ceará está entre os três estados do Brasil onde mais se matam
adolescentes e afirmou que essa situação foi se construindo ao longo dos
anos, de forma silenciosa para a sociedade em geral. Para ela, a
segurança cidadã é o maior desafio para a atual gestão e não deve ser
enfrentada somente pelas forças de segurança.
"Isso só se muda com Educação, com Saúde, com Assistência para dar
conta daqueles que estão em situação muito vulnerável. Porque tem uma
parte grande desses jovens que não está na escola, não está nos serviço
de saúde ou nos programas de assistência e nós temos que ter uma busca
ativa desses meninos", defendeu.
Conforme aponta Izolda, é preciso encontrar um canal de comunicação com
os jovens. Ela lembra que há uma correlação entre o censo penitenciário
e a baixa escolaridade no Estado, o que acaba por demonstrar que grande
parte dos que não concluíram o ensino fundamental ou estão morrendo ou
estão nos presídios do Ceará.
Prefeituras
Uma das ideias propostas por ela, e que pode ser implantada em algumas
prefeituras do Estado, visa inserir alunos do sexto ao nono ano em
escolas em tempo integral, o que já vem sendo feito em Sobral e em
Fortaleza, ressalta Izolda.
"Em Sobral, eles começaram, mas os recursos não são muito fáceis,
porque a conta do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
Básica) para isso ainda não é generosa. O município tem que se rebolar
para conseguir complementar os gastos", destaca a vice-governadora,
complementando que alguns municípios não aderiram à proposta por
pendências com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Izolda não soube precisar, porém, em quanto tempo o Governo do Estado
espera obter os resultados dessas investidas a serem feitas contra a
violência no Estado, ressaltando que isso é algo que está sendo
discutido, mas deverá ser um dos elementos do Plano de Segurança Cidadã
no Estado.
"É uma ação desafiadora porque depende de integração e isso não é
fácil. A burocracia, os tempos, tudo isso tende a puxar cada setorial
para sua agenda e às vezes não há coordenação do que precisa acontecer
ao mesmo tempo. Não é uma coisa fácil, mas temos que tentar e aprender a
sermos eficientes nisso", pontua Izolda Cela, que reafirma a urgência
em ampliar o diálogo entre a atual gestão estadual e líderes políticos
da Segurança Pública, que apresentaram dificuldades do Governo passado.
Miguel Martins
Repórter
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