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| Ivan sonha passar para Medicina, na UFC (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará) |
Antônio Ivan Araújo, de 18 anos, conseguiu ficar entre os 250 vestibulandos brasileiros que atingiram a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014. O jovem, que sonha cursar Medicina
na Universidade Federal do Ceará (UFC), preparou-se para a
prova escrevendo redações diariamente, durante uma carga horária de 10
horas, com aulas, laboratórios e estudos em casa. A mãe emociona-se por
ver o êxito do filho e sonha junto com ele.
O tema da redação do último Enem não agradou a todos. Para Ivan, não foi difícil escrever sobre publicidade infantil.
Ele conta que tentou ser criativo. A dificuldade era sua caligrafia.
Seus professores reclamavam que não conseguiam entender sua letra. “No
começo, eu achava que era implicância de professor, até o dia que a
minha professora usou uma lupa para enxergar o que eu tinha escrito.
Quando eu fui
passar a redação a limpo, quase desenhei as letras”,
conta.
Não é a primeira vez que Ivan tenta ser
aprovado para o curso de Medicina na UFC. Sua primeira tentativa foi em
2013, quando terminou o Ensino Médio, mas sua nota não foi suficiente.
Conseguiu passar para o segundo curso mais concorrido do Ceará, Engenharia Civil,
mas desistiu de cursar para se preparar novamente e tentar o curso dos
sonhos mais uma vez. “Como foi por pouco que eu não entrei, pensei ‘não
estou tão longe, vale a pena tentar de novo'”, afirma.
Em nome dos estudos, abdicou da diversão durante o ano passado. “Eu só
saía às vezes, pra ir ao cinema com alguns amigos, mas o que eu sentia
mais falta era de ler livros que não fossem sobre as matérias que caíam
no vestibular. Quando eu não estava estudando, estava lendo jornal”,
relata. O estudante sonha em ser médico desde os doze anos de idade e já
sabe até que áreas poderá se especializar. “Gosto muito de cardiologia, mas eu acho que se ficar com medo da pressão de salvar vidas, vou querer trabalhar com algo estético, vou ser cirurgião plástico“.
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| Para atingir a nota máxima, Ivan fazia uma redação por dia (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará) |
Durante 2014, a rotina de Ivan
dividia-se entre aulas e horas extras de estudo. Pela manhã, tinha as
aulas preparatórias no cursinho do colégio Master, voltava à casa para
almoçar e logo retornava ao colégio para passar a tarde estudando e
escrevendo redações. Durante a noite, quando chegava em casa, o
candidato ainda tinha fôlego para continuar estudando. No começo, Ivan
fazia uma redação por semana e quando outubro chegou, mês que antecedeu o
Enem, o estudante passou a escrever uma ou mais redações por dia.
Seu segredo era escrever diferentes textos sobre o mesmo tema. “Eu
pegava temas amplos. Por exemplo, ‘lixo’. Aí, eu ía pesquisar na
internet várias coisas sobre o lixo e fazer redações diferentes”,
revela.
A mãe é a principal incentivadora. Dona
Nair é dona de casa e emociona-se ao ver “os filhos encaminhados”. Ela
conta que por motivos de saúde, temeu por não estar presente para ver o
êxito do filho. “Eu falava que, pelo menos, eu iria poder morrer feliz,
vendo todos os meus filhos no caminho certo”, conta chorando de
felicidade. Era ela quem não deixava Ivan desistir quando o cansaço dos
estudos batia à porta. “Eu acordava ele ir para aula e quando ele não
aguentava mais estudar, eu ficava insistindo. Dizia ‘vá, meu filho,
volte pro colégio para estudar'”.
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| Dona Nair, orgulhosa do filho, tem certeza de que vai ver Ivan se tornar um médico (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará) |
Confiante, Ivan tem certeza de que vai
conseguir realizar seu sonho. Não há nenhum outro curso como “plano B”,
apenas outras universidades que pode cursar, caso não consiga entrar na
UFC. Além da redação, o rapaz também acertou quase todas as questões de
matemática e foi bem nas outras três provas. Para ele, ficar entre os
250 candidatos que atingiram mil pontos é uma grande vitória. Dona Nair,
que não esconde o orgulho, diz que sempre soube do potencial do filho.
Por Renata Monte



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