É algo difícil de dizer, dada a intensidade com que Elvis Presley
viveu, mas o fato é que se o Rei do Rock "vivo fosse", hoje ele
completaria 80 anos. Não há, por mais força que façamos, como afirmar
que seu nome é "esquecido". A imagem carregada de ousadia, topete e
balanço nos quadris continua muito viva. No entanto, é possível
questionar que o visual fincou-se na memória e no presente dos fãs de
música, mas já o conhecimento de sua obra musical, nem tanto.
Com exceção, diga-se, de clássicos como "Tutti frutti" e "Love me tender", por exemplo. Elvis morreu cedo, com apenas 42 anos, no dia 16 de agosto de 1977.
Elvis Aaron Presley nasceu no dia 8 de janeiro de 1935, na cidade de
Tupelo, estado do Mississipi (EUA). Foi sobrevivente de um parto de
gêmeos: seu irmão, Jessie Garon, nasceu morto.
Elvis teve uma criação conservadora e conviveu com eventos trágicos
desde cedo: quando tinha apenas um ano de idade, sua cidade foi
devastada por um furacão. Em 1948, Elvis e sua família mudaram-se para
Memphis (Tennesse), onde o ídolo faleceria quase 30 anos depois. Vivia
em condições precárias, trabalhou até como motorista de caminhão, mas
paralelamente se desenvolvia musicalmente, explorando vários estilos, do
country à música gospel.
Ídolo
Para o pesquisador e músico Márcio Benevides, autor da monografia "A
construção do ídolo pop: o caso Elvis" (Comunicação Social/UFC), a
imagem do Rei do Rock cristalizou-se também por conta de uma lacuna na
produção musical do cantor, como compositor. "Eu era um elvismaníaco até
pouco tempo. Consumia tudo, pesquisava tudo. Até onde sei não há sequer
um single composto por ele", frisa, enfatizando que Elvis investiu na
interpretação e na performance. Márcio situa Elvis como um dos primeiros
"olimpianos" do mundo da música.
"Ele era talentoso mesmo, não é qualquer um que tenha aquele vozeirão.
Era um tremendo crooner. Até como instrumentista: ele tocava guitarra,
baixo, violão, arriscava na bateria. Mas ele aproveitou mesmo a onda do
sex appeal. Pouco depois do (Frank) Sinatra ele foi o primeiro 'rock
star'. Pelo fato de ser bonitão, fez filmes mesmo sendo um ator tosco;
depois o Roberto Carlos tornou-se um arremedo dele aqui no Brasil",
define.
Sem criar competição entre a música "versus" a imagem do ídolo, o
pesquisador lembra que é um processo "válido" centrar-se na questão
performática e sensual.
"No geral, o ídolo é uma figura que exala muita fascinação. A galera
que curte a Madonna às vezes não sabe listar o nome de 10 músicas, mas
ainda assim é fã", compreende. Em pouco mais de 30 anos de carreira
(1954-77), Elvis Presley foi contratado de três gravadoras
norte-americanas (Sun Records, RCA e Sony/BMG) e sua trajetória moldou o
que significaria ser uma grande estrela da música durante muito tempo.
No entanto, o cantor nunca saiu dos Estados Unidos para fazer turnês na
Europa, por exemplo. Elvis manteve em sua personalidade a rigidez da
criação no Mississipi, embora fosse bastante receptivo ao patamar de
sucesso que alcançou.
Felipe Gurgel
Especial para o Caderno 3
Especial para o Caderno 3
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