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Os fiéis foram rezar por chuvas no leito do açude São Matheus,
que abastecia o Município até ficar completamente seco, devido à
estiagem prolongada, que já dura três anos
Foto: A. Carlos Alves
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Canindé. A fé move montanhas, une pessoas e,
dependendo da intensidade, pode até fazer chover. Pensando e rezando,
que moradores católicos do bairro da Palestina, na região urbana de
Canindé, e recriam a velha tradição e rogam aos céus pedindo água para
acabar com a seca dos rios, recuperar o volume dos reservatórios e
garantir o abastecimento da cidade, em um terço com a participação de
moradores do bairro em solo rachado do reservatório outrora responsável
pelo abastecimento da cidade.
"Minha avó sempre fazia isso e me ensinou, na época da estiagem, a
rezar para pedir chuvas. Sempre deu certo", disse Sérgio Mariano, agente
comunitário que idealizou o terço na tarde de ontem.
Flávia, residente no distrito de Bonito, a 20 quilômetros do Centro de
Canindé, também foi ao açude São Matheus pedir ajuda divina. Ela rezou
baixinho durante toda a procissão, que começou ao lado do sangradouro e
encerrou na galeria do reservatório". Ao mesmo tempo, integrantes do
Terço, usavam rosários e imagens de São Francisco nas mãos, para pedir a
Deus a bênção em forma de chuva.
"Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos
aqui para louvar e agradecer?", cantou um dos coordenadores do terço, o
aposentado Francisco Assis Santos, de 71 anos. "Esta é uma tradição
antiga do Nordeste. Estamos preocupados com a falta de água e, então,
estamos rezando sempre que podemos", disse ele, ao lado de Maria
Machado, de 67 anos.
Poucos minutos antes de começar o ritual, Sérgio Mariano lembrou da
seca na nascente do Rio Canindé. "É um rio tão importante. Queira Deus
que nada aconteça de mal e que as águas venham logo".
O açude São Matheus foi concluído em 1957 e secou pela primeira vez no
dia 22 de novembro de 1997. Foi preciso muita reza para que ele voltasse
a sangrar. Na tentativa de amenizar a angústia da escassez de água, os
sertanejos oraram pela chuva.
"Clamamos nesse momento pela ajuda de Deus e protestamos pela ajuda do
Governo. É um cenário devastador de miséria". Apesar da pouca água,
mesmo em meio à lama e ao solo ressecado, o agricultor Sebastião Silva
dos Santos ainda continua indo ao reservatório pescar. "O importante é
que tem alguns peixes ainda. Melhor pegar logo. Venho quase todo dia,
porque logo eles vão morrer todos. Aqui só tem lama. É melhor pescar
para gente comer alguma coisa do que deixar que eles morram
assim'',disse.
O olhar de triste de dona Edileida Pinto Maciel, de 52 anos, denunciava
o que ela nunca tinha visto na sua vida: o açude São Matheus
agonizando. "É um sentimento de muita tristeza. Estou aqui para rezar e
pedir muito a Deus e São Francisco que as chuvas cheguem logo para
acabar com tudo isso'', falou.
Antonio Carlos Alves
Colaborador
Colaborador

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